A Crush

2772 Words
No dia seguinte, Lisa acordou com um dos seus gatos, lambendo o seu rosto. Ainda sonolenta, a garota olhou para a tela do seu celular, dando um pulo da cama, ao ver que estava atrasada. A jovem correu para o banheiro, tomando um rápido banho. A tailandesa vestiu a primeira roupa que viu pela frente, enquanto os seus gatos a seguiam, miando com fome. Lisa então, pegou um pequeno saco com ração, colocando na tigela de cada um dos bichanos. - Se comportem, mamãe vai trabalhar, e volta a noite. - Disse a tailandesa, mandando beijinhos para os pets. A jovem pegou as chaves, saindo de casa. Lisa morava de aluguel, em um pequeno apartamento residencial, em um bairro simples de Seul. A garota sempre tinha que andar dois quarteirões, até chegar na parada de ônibus. Mas como ela estava atrasada, ela téria que andar um pouco mais, até chegar no metrô. Naquelas ocasiões era sempre melhor ir de trem, pois era muito mais rápido que o ônibus. Lisa passou o cartão, praticamente voando pela catraca. Ao entrar na locomotiva, a jovem viu que todas as cadeiras estavam ocupadas. A tailandesa então, ficou em pé, escorada em uma das estruturas de ferro. Lisa digitava em seu celular, perguntando as suas amigas, se o velho Yang já havia chegado. Mensagem Lili: Tô atrasada, o YG já chegou? Mensagem Chae: Ainda não, mas corre antes que ele chegue. Mensagem Nini: Você dormiu demais outra vez, né? Mensagem Lili: Sim. Mensagem Chae: Esquece o que eu disse, o Yang acabou de chegar. Nesse momento o trem parou, fazendo Lisa se desequilibrar. Enquanto isso, no mercado. Rosé e Jennie, já estavam nós seus caixas, prontas para o trabalho. - Você quer apostar quanto, que o Yang vai descontar o salário da Lisa novamente, por causa do atraso? - Disse Jennie, enquanto retocava a sua maquiagem. - Isso é injusto, vai ser a terceira vez em um mês. - Disse Rosé, triste pela a sua colega de trabalho. A loira olhou para a entrada do estabelecimento, vendo o seu patrão de tocaia, esperando pela tailandesa. Minutos depois, Lisa adentrou o local, levando uma bronca, assim que passou pela porta. - Manoban, tá atrasada! Vou descontar do seu salário! Agora vai logo trabalhar, antes que eu te demita! - Disse o senhor Yang, esbravejando. Todos que estavam presentes no mercado, ouviram os gritos do homem. Envergonhada, Lisa baixou a cabeça, indo para a sala dos funcionários, se preparar para mais um dia difícil de trabalho. - Velhote idiota... - Disse a tailandesa, enquanto vestia o seu uniforme. A jovem guardou os seus pertences no armário, seguindo para o seu caixa. - Sinto muito pela bronca. - Disse Rosé, sussurrando para a tailandesa. - Tudo bem, eu já estou acostumada. - Disse Lisa, soltando um longo suspiro. Ao olhar melhor para a amiga, Rosé pode observar, que havia um hematoma, na testa da tailandesa. - Oque foi isso? - Disse a loira, apertando o local. - Aí! - Choramingou Lisa, baixinho. - Caiu no metrô outra vez, eu tenho certeza. - Disse Jennie, dando uma rápida olhada. - Você caiu de novo, Lili? - Perguntou Rosé. - Sim. - Disse Lisa, com os olhos marejados, se sentindo boba. - Eu já disse, que é para você, não ficar mexendo no celular, enquanto está no trem em movimento. - Disse Rosé, balançando a cabeça. - Não me critique, o meu dia já está r**m. - Disse Lisa, usando a sua franja, para esconder o g**o, em sua testa. De longe, o patrão das garotas percebeu que as funcionárias estavam conversando. Ele então, lançou sobre elas um olhar assustador. - Trabalhem! - Gritou ele. Rapidamente as jovens voltaram as suas atenções, para os caixas eletrônicos. O horário da manhã era o pior, pois não haviam quase nem um cliente. Era tedioso ter que ficar no caixa, sem atender ninguém. Nesse momento, Lisa e Rosé, cantarolanvam uma música engraçada, de um comercial famoso de frango frito. - "Frango apimentado, nós queremos o melhor..." - Eu juro que eu vou bater nas duas! - Disse Jennie, irritada. Já fazia uns 30 minutos, que as duas mais novas, cantavam a mesma coisa. Aquilo já estava tirando a paciência da mais velha. Rosé e Lisa, se olharam, dando uma pequena risada, continuando com a cantoria. - "Frango apimentado, nós queremos o melhor..." Jennie já estava se preparando, para arremessar a caixa registradora, na cabeça das duas garotas, quando um dos funcionários do mercado, se aproximou do trio. - Oi Lisa, eu acho melhor você colocar isso na sua testa, vai proteger o machucado. - Disse o rapaz, entregando um band aid, para a tailandesa. - Obrigada. - Disse Lisa. O rapaz sorriu para a garota, voltando a empilhar as latas de ervilha. Lisa pegou o pequeno curativo, o colocando em sua testa. Ao olhar para o lado, a tailandesa viu que as suas amigas a encarava. - Oque foi? - Perguntou ela, confusa. - Desde quando você e o gato da reposição são amigos? - Perguntou Jennie, curiosa. - Eu e o BamBam, não somos amigos. Nós só trocamos algumas palavras ontem a noite, na parada de ônibus. - Disse Lisa, dando de ombros. Rosé e Jennie então, se olharam mais uma vez. - Oque vocês conversaram? - Perguntou as duas, ao mesmo tempo. - Não foi nada demais. - Disse Lisa, sabendo que as duas garotas queriam fofocar. A tailandesa pensou em falar sobre o ocorrido, com o homem estranho, mas achou melhor não deixar as suas amigas preocupadas. Rosé e Jennie, continuaram a encarar a mais nova. - Eu estou falando a verdade. - Disse Lisa. - Sei. - Disse Jennie, erguendo uma das sobrancelhas. Lisa olhou ao seu redor, conferindo para que ninguém escutasse, oque ela iria falar naquele momento. - Vocês sabem que eu sou lésbica. - Disse a jovem, sussurrando. Rosé e Jennie, eram as únicas pessoas, que sabiam sobre aquele assunto, pois a tailandesa tinha receio que aquilo, chegasse aos ouvidos do seu patrão, que era uma pessoa extremamente preconceituosa. - Nós sabemos, mas é que nós duas nunca vimos você namorando nem uma garota. - Disse Rosé, tentando não ofender a amiga. - Vocês sabem que é muito difícil para mim, me aproximar das pessoas. - Disse Lisa, sem graça. - Tudo bem, não precisa se sentir constrangida. - Disse Rosé, dando um tapinha no ombro da amiga. Lisa se sentia m*l, toda vez que as suas amigas, colocavam a sua sexualidade em dúvida. A tailandesa não gostava nada daquilo. Era como se ela tivesse a obrigação de provar algo. As horas se passaram, e a única coisa que poderia melhorar o dia da jovem, era ver a sua crush. Lisa esperou ansiosa, mas algo estranho aconteceu. - Oque deu nela? - Perguntou Jennie, ao ver a tailandesa triste, com os olhos fixos no celular. - Já passou das 11:30. - Disse Rosé. - E daí? - Perguntou Jennie, confusa. - A crush da Lili está atrasada. - Disse Rosé. - Nossa, é mesmo. A esse hora já era para ela está aqui, comprando as mesmas coisas. Será que ela decidiu frequentar outro mercado? - Perguntou Jennie. - Não sei, mas se for isso, a Lili vai ficar muito triste. - Disse Rosé, preocupada com a tailandesa. Lisa permaneceu com os olhos no relógio do seu celular, mas nada da tal garota aparecer. Na hora do almoço, a tailandesa estava tão triste, que nem tocou no sanduíche de atum que havia trazido. Aquele dia estava entrando para a lista da jovem, como um dos piores que ela já havia vivido, desde que havia começado a trabalhar no mercado. Já estava ficando de noite, e Lisa não via a hora de largar, e ir para casa, reclamar daquele dia de trabalho, para os seus gatos. Naquele momento, o movimento também se encontrava fraco. Enquanto não havia clientes, as garotas tentavam se distrairem. Jennie trocava mensagens com o seu namorado, Rosé separava as moedas do seu caixa, e Lisa mascava um chiclete, enquanto olhava para o teto. Nesse exato momento, Rosé avistou uma figura conhecida, adentrar o estabelecimento. - Lisa! - Disse a loira, dando um soco no ombro da tailandesa. - Oque foi!? - Disse a tailandesa, sem entender o golpe que havia levado. - Olha. - Disse Rosé, sussurrando. A loira apontava para uma garota de cabelos pretos, que olhava para a prateleira de ervilhas. - Ela veio! - Disse Lisa, sentindo o seu coração disparar. - Vai lá, aproveita que não tem quase nem um cliente, e fala com ela. - Disse Rosé, encorajando a sua amiga. - Nem pensar, se o Yang me ver fora do caixa, ele irá descontar do meu salario novamente. - Disse Lisa. - O Yang saiu para fazer um depósito, tenho certeza que ele irá demorar. Vamos lá, fale com a sua crush. - Disse Rosé. - E oque eu devo falar? Ela vai me achar estranha. - Disse Lisa, franzino a testa. Rosé revirou os olhos, já sem paciência. - Vai logo! - Disse a loira, puxando a tailandesa da sua cadeira. Rosé deu um empurrãozinho na sua amiga, que parecia não saber oque fazer. Lisa caminhava a passos curtos, em direção a sua crush, que acabara de entrar na sessão de ramen. A tailandesa deu uma espiada, vendo que a outra garota, parecia está distraída, enquanto escolhia o produto. Lisa não entendia o porquê da outra, ter vindo aquele horário, já que ela havia passado praticamente três meses, vindo exatamente as 11:30. A tailandesa olhava discretamente para a cliente misteriosa, admirando a sua beleza. A outra garota tinha lindos cabelos pretos, que caíam como um véu, sobre os seus ombros. A pele da jovem era pálida, contrastando com o vermelho vivo, dos seus lábios de coração. A morena se vestia de um jeito despojado, usando um moletom cinza, que era uns dois números maior que ela, e uma calça igualmente larga. Lisa queria ver a outra garota de mais perto. Ela então, decidiu se aproximar dela discretamente. A tailandesa estava tão encantada, que acabou não vendo, uma placa com o aviso de chão molhado. A jovem pisou no azulejo, sentindo os seus pés patinarem. Ela ainda tentou se equilibrar, mas acabou caindo, deslizando em direção a sua crush. Lisa parou exatamente nós pés da outra garota, que olhava para ela sem reação. A tailandesa pode sentir o seu rosto arder de vergonha. A jovem então, se colocou de pé rapidamente. - Você está bem? - Perguntou a cliente. A morena fitava a funcionária, que tinha um curativo sobre a testa. Ela estava preocupada, pois o tombo da outra havia sido feio. - Me perdoe pelo incômodo, eu não queria atrapalhar a sua compra... - Dizia Lisa, enquanto se curvava, pedindo desculpas para a outra garota. - Tudo bem, não precisa pedir desculpas. - Disse a cliente, tentando acalmar a jovem. - Perdão... mil perdões. - Disse Lisa, continuando a se curvar, enquanto se retirava do local. Enquanto isso, Jennie havia parado de trocar mensagens com o seu namorado, quando notou que Lisa não se encontrava em seu caixa. - Aonde está a Lili? - Perguntou ela. - Foi falar com a crush dela. - Disse Rosé. - Como assim!? - Perguntou Jennie, confusa. - As duas estão agora, na sessão de ramen. - Disse Rosé, erguendo uma das sobrancelhas. Naquele exato momento, as jovens puderam avistar a tailandesa retornando, com uma expressão de constrangimento em seu rosto. - Então? - Disse Rosé, olhando para a amiga. - Não quero tocar nesse assunto. - Disse Lisa, se sentando em seu caixa. - Eu acho que ela levou um fora. - Disse Jennie, sussurrando para Rosé. - Eu também acho. - Disse a loira, sussurrando de volta. Lisa ainda estava se recuperando da vergonha que havia passado, quando avistou a sua crush, se aproximando do seu caixa. A tailandesa sentiu o seu rosto arder novamente, enquanto a morena colocava os produtos sobre o balcão. Com as mãos meio trêmulas, a funcionária começou a passar o leitor de preço. - Deu oito e setenta. - Disse Lisa, olhando para baixo. A cliente deu uma nota de dez, Lisa então deu o troco, entregando a sacola com os produtos. A tailandesa olhou rapidamente para a outra garota, vendo um leve sorriso em seus lábios. Lisa sábia que ela provavelmente estava se segurando para não rir, do ocorrido de minutos atrás. A tailandesa estava tão envergonhada com todo o ocorrido, que nem desejou uma boa noite para a cliente. A morena então, se retirou do local, levando as suas compras. - Que clima estranho foi esse? - Disse Rosé, confusa. - Sem perguntas por favor, eu só quero ficar em silêncio, quietinha no meu lugar. - Disse Lisa, soltando um longo suspiro. A tailandesa só queria que as horas passassem, para que ela pudesse ir para casa, chorar em companhia dos seus gatos. Algum tempo depois, o expediente da garota havia chegado ao fim. A jovem foi até o vestiário tirar o uniforme, e pegar os seus pertences. Rosé e Jennie, acompanhavam a amiga, quando foram abordadas por BamBam, na saída do mercado. - Lisa, me desculpa pelo oque aconteceu. - Disse o rapaz, que parecia está sem graça. - Você está se desculpando pelo oque? - Perguntou a jovem, confusa. - Pelo chão molhado. - Disse BamBam. - Então, foi você? - Perguntou Lisa. - Sim, eu estava colocando os produtos na prateleira, quando eu derrubei uma embalagem, de molho de tomate. Eu então, limpei o local, mas deveria ter avisado aos outros funcionários. - Disse o rapaz, se sentindo culpado. - Tudo bem, você colocou a placa, eu que não prestei atenção. - Disse Lisa, dando de ombros. - Eu vi quando você caiu, e acabou indo parar nós pés daquela cliente. Sinto muito pelo constrangimento. - Disse o rapaz, unindo as mãos. Rosé e Jennie se olharam, entendo finalmente, oque havia acontecido na sessão de ramen. Lisa sentiu o seu rosto corar outra vez. A garota não sábia que mais alguém havia presenciado aquela cena. A tailandesa baixou a cabeça, se retirando do estabelecimento. A garota apenas queria sair daquela situação embaraçosa. As amigas da jovem, correram atrás da tailandesa, tentando a alcançar. - Lisa, espera! - Disse Rosé, se aproximando da garota. - Não quero ouvir piadinhas. - Disse a tailandesa, que andava a passos largos. - Nós não vamos fazer piadas, não é mesmo Jennie? - Disse Rosé, olhando para a outra garota, que estava se esforçando para não rir. - Fale por você. - Disse Jennie, começando a rir. Ao ver uma das suas amigas, rindo da sua situação, Lisa acelerou os seus passos, bufando, como um gato raivoso. - Jennie! - Disse Rosé, dando um tapinha no ombro da garota. - Desculpa, é que eu não resisti. - Disse a mais velha, ainda em gargalhadas. Enquanto isso, Lisa caminhava em direção a estação de trem, pois estava sem paciência para esperar o ônibus. A garota seguia o seu caminho, sendo seguida pelas suas amigas. - Espera! - Dizia as duas, que tentavam acompanhar o ritmo da garota. As jovens caminhavam por um longo caminho, que passava ao lado de um grande rio. O canal já havia sido cenário de uma tragédia, quando anos atrás, um idoso acabou se afogando no local. O trajeto era m*l iluminado, e deserto. Poucas pessoas passavam por alí a noite. Por isso que as garotas só pegavam o trem, quando estavam juntas. Ao chegar na estação, Lisa passou feito um raio pela catraca, indo em direção a plataforma. Não demorou muito para que o trem, chegasse ao local. A tailandesa então, adentrou a locomotiva indo embora, sem esperar pelas suas colegas. Pela janela, Lisa pode ver as suas amigas, que olhavam aflitas para o trem que partia. A tailandesa se sentiu m*l, por te agido daquele forma. Mas ela estava tão chateada, que não conseguia raciocinar direito. A jovem se sentou, em um dos acentos, soltando um longo suspiro. A tailandesa só queria chegar em casa, e tentar esquecer aquele dia terrível. A vantagem de pegar o trem, era que Lisa demorava menos para chegar em casa. Após sair da estação, a jovem andou por algumas longas quadras, chegando finalmente ao prédio, aonde ela morava. Ao abrir a porta do pequeno apartamento, a garota foi recebida pelos seus gatos. A tailandesa jogou a sua mochila no chão, se deitando no sofá da sala. A jovem então, começou a chorar baixinho, enquanto os felinos miavam, como se estivessem preocupados com a sua dona.
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