CAPITULO QUATRO

1324 Words
— Eu tenho um dos seguros de sequestro mais altos da Europa, o meu pai sempre se preocupou em como negociaria se alguém o fizesse. Eles fizeram isso por dinheiro. Ela responde com naturalidade e com uma postura muito ereta, olhando diretamente para meu pai. A sua confiança é sedutora, ela não tem medo dele, nem de nenhum de nós que estamos nesta mesa. — Você acha que foi para pedir resgate? O meu pai parece chateado com a sua imprudência, porque poucas mulheres falariam com ele dessa maneira, ou melhor, nenhuma. — Então por que eles atacariam o seu pai? Acho que não, eles poderiam ter pegado você e não machucado ele. Ele pergunta a ela, com a cabeça inclinada para um lado e o seu tom condescendente claramente ofendendo ela. — Dinheiro e poder, todos os homens querem o mesmo. Ela responde. — Você acha que temos que dizer que ele está vivo ou morto? Ela faz uma pergunta muito importante. A resposta para a qual pode colocar as coisas em movimento. — Ainda não decidimos o que é melhor. Diz Marco. — Se dissermos que ele está morto, eles o substituirão. O que será difícil de desfazer. Mas se dissermos que ele está vivo, eles saberão que ele é fraco e podem desencadear outro ataque ou uma luta pelo poder para tentar forçar a sua queda. Melodie olha para meu irmão como se ele fosse um chiclete na sola dos seus sapatos de grife. — Vamos dizer que ele está vivo. Todos devem saber o que vem a seguir. Diz ela a meu pai, que deixa cair o garfo. Melodie esqueceu que este é o mundo dos homens. — A gente resolve isso, menina, o seu único trabalho é rezar por ele, ficar bonita e calar a boca . Ele corrige ela, colocando-a no lugar dela. Não precisa meter esse narizinho perfeito onde não deve. Pelo modo como a linguagem corporal de Melodie mudou, sei que ela está ofendida. Ela está prestes a lançar um ataque em grande escala, então eu me intrometo. — Melodie só se preocupa, pai, eles são muito próximos. Luigi não tem filhos. E acho que ela sabe mais do que você pensa. Ela não está tentando interferir, ela só quer manter os interesses da sua família da melhor maneira. Eu olho para ela, esperando que ela entenda que não é hora de pressionar o meu velho, que ele não vai permitir que uma mulher diga a ele como fazer as coisas no seu negócio. — Vito. Ele me diz e percebo que está prestes a desabafar. — Acho melhor que Melodie continue os seus cuidados, parece que vocês se dão muito bem. Sei que posso confiar em você para mantê-la segura. Serviço de babá. Para o infe*rno com a minha vida! No meio do nosso maior carregamento de drogas, ela quer que eu vá às compras e durma com ela? — É nossa prioridade, não podemos deixar ela se envolver em coisas que não são da conta dela. Com esse tipo de seguro de sequestro, poderíamos ter outras pessoas tentando colocar as mãos sujas nela. Os cartéis gostam de sequestrar as garotas ricas da máfia. É certo. Melodie deixa cair os seus talheres e olha para mim com veneno nos seus olhos. — Estou cansada e gostaria de dormir, se não se importa. O fato de ela não ter comido e de ter se retirado da mesa já é um insulto ao meu pai. Ele fica horrorizado, mas concorda. Também peço licença para levá-la ao quarto de hóspedes do mesmo lado da casa onde estou. MELODIE Esses homens pensam como todo mundo lá em casa, não acham que sou capaz. Para eles, a mulher serve apenas para cozinhar e criar os filhos, mas meu pai me ensinou que sou igual a ele em tudo. Na nossa casa existe respeito, coisa que falta bastante nesta. A m*aldita audácia daquele velho de falar comigo e de mim como se eu não existisse. Uf. Apesar de estar exausta e só ter tirado uma soneca no hospital, não consigo dormir. Eu me viro algumas vezes e, quando fecho os olhos, tudo o que vejo é o homem que veio me buscar. Vincenzo não está errado, eu poderia arriscar ainda mais aqui. Especialmente se a notícia se espalhar sobre o valor da minha apólice de salvamento. O quarto parece muito quente, depois muito fria. Nada que eu faça me acalma, então desisto da ideia de dormir. Algumas horas olhando para o teto serão suficientes para refletir sobre o quanto Vincenzo me deixou com raiva. Eu também não preciso de uma babá, um enorme guarda-costas m*al-humorado. Não preciso do Vito me seguindo como um cachorrinho, de jeito nenhum. É ridículo. Sou uma mulher adulta. — Fo*da-se. Murmuro baixinho, levantando-me. Preciso de um banho, ainda estou fedendo a sujeira de avião. E como não tenho bagagem, dou uma olhada no quarto para ver se encontro algo limpo para vestir até poder comprar alguma coisa para mim. Este quarto obviamente pertenceu a uma mulher uma vez, as gavetas forradas com perfume de lavanda. Há uma escova de cabelo e alguns cosméticos velhos na cômoda. Há um pijama de seda, um roupão fofo e um único vestido de verão que a minha nonna teria usado. Isso vai servir. Vestido de verão e tênis são uma combinação ousada, mas quem se importa. No banheiro, estou pensando se devo mergulhar numa banheira quente ou lavar todas as minhas dores no impressionante chuveiro. O meu corpo está cansado e acho que um pouco de água quente vai ajudar a aliviar um pouco da tensão que carrego. Resolvo tomar um banho quente, então encho a banheira com pés de garra e preparo um banho de espuma, parece cenário de um daqueles filmes antigos. Old Hollywood, toda a casa parece algo daqueles filmes de gângsteres dos anos 1970. E eu adoro isso, é tão diferente das casas da Sicília, onde a ostentação e o brilho estão acima do antigo encanto. Eu tiro as roupas que estou usando desde que entramos no jato e deslizo sob a água quente e as bolhas, meu corpo relaxando instantaneamente. O banheiro inteira está cheia de vapor suave e cheiro de petúnias. Eu fecho os meus olhos e descanso a minha cabeça na borda da banheira. Enquanto estou deitada, a realidade da minha situação lentamente se estabelece. Estou sozinha, em outro país, com um grupo de homens que não me respeitam. O meu pai está gravemente ferido e o nosso status como clã está ameaçado. Não importa se dizem que ele está vivo ou morto, estamos numa posição de vulnerabilidade. É uma chatice, não importa como você olha para a situação. Estou flutuando nos meus pensamentos, me perguntando a quem posso pedir ajuda. Mas isso realmente ajuda. — Ah, Mer*da. A voz de Vito me assusta e me sento na banheira. — Sinto muito. Os seus olhos se arregalam e ele se vira para mim. Mostro a ele meus sei*os cobertos de bolhas. — Volto mais tarde. Ele me diz e praticamente sai correndo do banheiro. Entro na água, de tal forma que até a minha cabeça fica coberta e demoro alguns segundos para morrer de vergonha num lugar onde ele não pode me ver. Por que ele invadiu o banheiro? Eu rapidamente lavo o meu cabelo e corpo, seco com uma toalha e coloco o meu vestido de verão vintage com os meus tênis. Não é sexy, não é prático, nem é bonito, mas pelo menos é limpo. Não há secador de cabelo, então eu me seco com a toalha, escovo e passo os dedos pelo cabelo para desfazer as ondas. Estou prestes a sair do quarto quando Vito aparece na porta e diz: - Eu realmente sinto muito pelo que aconteceu. Não estamos acostumados a ter uma mulher na casa. — Aceite as minhas desculpas. — Ok, o que você queria? Eu pergunto.
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