EPISÓDIO 6

1051 Words
Eu não estava pensando. Por favor, era só para saber se você queria passar pelo hospital e depois comprar umas roupas, entre outras coisas. Ele diz olhando para a minha roupa. — Todas as coisas da Estella sumiram, menos algumas que o meu pai guardou. Ele continua olhando meu vestido — Tínhamos uma irmã... — Oh, isso era dela, talvez eu devesse tirá-lo. Ele parece triste quando olha para mim novamente. — Posso tirar. Digo a ele. — Só não tinha nada comigo. Eu tenho uma sensação estranha agora, os seus olhos parecem procurar os meus. — Não, tudo bem, você fica tão linda quanto ela com ele. O sorriso breve e triste dele é o suficiente para eu saber que isso não é algo que ele queria falar. — Vamos ver o seu pai e depois te levo para fazer compras. Antes que o meu pai te veja com esse vestido. Eu o sigo para fora do quarto, por uma porta lateral, para um jardim imponente de onde uma escada íngreme desce para a garagem abaixo da casa. Típico de bandidos. Está cheio de carros esportivos que eles nunca dirigem e SUVs pretos que usam para tudo. Vito abre a porta do Mercedes em que havíamos chegado e me espera entrar, como um verdadeiro cavalheiro. Mas eu sei que não é. Nenhum é. Eu vivo num mundo de monstros e assassinos e Vito não é exceção. Quando estamos quase chegando no hospital o telefone dele toca. Ele atenda a ligação diretamente nele e não por bluetooth. Ele obviamente não quer que eu ouça, por eu ser uma mulher e tudo. — Eu não posso. Ele rosna para quem quer que seja. — Estou cuidando de alguém em nome do meu pai. É melhor que não estraguem tudo na minha ausência. Olho para ele e para a estrada, que ele não está olhando. — Eu não vou aceitar esse tipo de merda. Coloque uma bala nele. Ele desliga rapidamente. Ele olha para mim para ver se eu ouvi o que ele disse. Dei instruções semelhantes e entendo mais do que ele pensa. Entramos pela porta dos fundos e ninguém nos impede. Perambulamos por corredores onde não deveríamos estar. Um caminho se abre por onde Vito caminha, como se o Mar Vermelho se abrisse. Ele abre a porta onde o meu pai está e faz um gesto para que eu entre. — Sente-se com ele, vou procurar os médicos dele ou o meu irmão para ele te atualizar de tudo. O telefone de Vito toca novamente no seu bolso. Tenho negócios a tratar, já volto. A porta se fecha quando ele atende a ligação, e então não consigo mais ouvi-lo. Embora pelo pequeno vidro eu possa vê-lo gritar e a suas mãos dizerem muito mais que a sua boca. Algo não está certo e tenho uma suspeita de que o fato de ele estar comigo torna tudo pior. Vito vai embora e não consigo mais vê-lo. Eu coloquei a minha mão na do meu pai. Está muito frio. A sua pele tem uma cor acinzentada suave e não o bronzeado vibrante de sempre. Os seus olhos ainda estão fechados e as máquinas apitam e piscam ao lado dele. — Pai. Eu sussurro, esperando que ele possa pelo menos me ouvir. Ou que possa sentir a minha presença. — Estou com medo, pai. Não posso te perder, porque não tenho mais ninguém. Esses homens não nos entendem. Eu descanso a minha testa no seu braço, pela necessidade de estar mais perto dele. O meu mundo não seria um lugar feliz sem ele e nem quero encarar essa possibilidade. Ainda não. — Melodie! Sam, irmão de Vito, entra com o seu jaleco branco e um sorriso falso. — Como vai? Você tem conseguido descansar? Ele parece preocupado, provavelmente só porque não tem boas notícias para mim. — Estou bem, como está o meu pai? Vou direto ao ponto. — Ele vai precisar de outra cirurgia e depois disso não vai ser uma recuperação rápida. Ele sofreu muitos ferimentos. Não quero adoçar as coisas para você como Vito. Melodie, o seu pai pode morrer e você tem que se preparar para o pior cenário. Franco e honesto. Não há um pingo de compaixão na sua voz. Agradeço a sua barragem c***l de verdade, porque é a verificação da realidade de que preciso. — Obrigado Sam. Quando vão operar? Quero estar presente se ele for operado. — Provavelmente em alguns dias, primeiro temos que fortalecê-lo. Ele diz — Vou avisar o meu pai ou Vito para que eles e você possam estar aqui. Ele leu a minha mente. — Agradeço, mas você pode me avisar diretamente. Sou uma garota crescida, Sam. Eu odeio a maneira como eles me tratam. Eu posso fazer isso sozinha, eu já ajudei o meu pai anteriormente o suficiente. — Melodie, eu gostaria de manter as minhas bolas perto do meu corpo. Se eu começar a lhe dar atualizações diretamente, o meu pai as cortará. Ele já acha que sou fraco simplesmente porque escolhi a medicina em vez da máfia. Portanto, seguirei respeitosamente as suas regras e instruções. Ele é o nanico da família, uma amarga decepção. É uma pena, porque ele nunca fará a coisa certa aos olhos da sua família. — Você é um covarde, mas eu entendo. Digo a ele, sentando-me ao lado do meu pai novamente, não querendo deixá-lo. — Se você não tiver coragem, Sam, isso tornará a sua vida muito mais fácil. Homens como ele são atropelados, já vi isso tantas vezes. — Eu gosto de você, Melodie, mas minha família acho que não. — Ah, isso eu já percebi. — Especialmente se você aparecer aqui com o vestido da minha irmã, como um fantasma. Eu tenho que ir procurar algumas roupas, porque isso está atingindo todos eles. — Vito disse que não havia problema. — Vito não é o chefe. Sam franze a testa. — Queria que fosse, mas nasceu com um ano de atraso. Marco é o próximo Capo. E se ele vir você com ele, ele vai arrancá- lo do seu corpo com as próprias mãos. Marco é um porco nojento, já notei os seus olhos maliciosos para mim na mesa. Não me agrada. — Ele não ousaria. Eu zombo quando Vito entra.
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