Capítulo 3

1713 Words
Fiquei acordada metade da noite jogando candy crush e me virando na cama. Toda vez que eu tentava fechar meus olhos, eu via minha amiga, era como se ela estivesse lá fora em algum lugar. A primeira vez que a conheci quando estávamos nos mudando no primeiro ano, quando nos formamos, quando ela me pegou no chão da cozinha depois que meu namorado de colégio partiu meu coração, quando ela estava em trabalho de parto. Quando teve seu bebê tão amado. Mad. Órfã. O que vai acontecer com ela? Será que ela vai para uma família adotiva? Ela não pode! Isso significa que nunca mais a verei? Eles vão querer que ela não faça parte de sua antiga vida? Os pensamentos machucam meu coração e eu sinto como se não tivesse dormido quando meu alarme toca. Vou até a sala e encontro Brian sentado no meu sofá. — Ei— suspiro antes de falar o que penso. Ele não olha para cima de seu telefone. — Bom dia— ele resmunga. — Espero que o sofá não tenha sido muito desconfortável... — Certamente não era minha cama em casa, mas para um sofá, estava ótimo. Eu engulo antes de acenar com a cabeça. — Desculpe eu nem pensei no bicama do escritório e... — Café? — ele diz com sucesso me cortando. Estou acostumada com as idas e vindas de sempre, mas não estou realmente pronta para isso agora, dadas as circunstâncias que o colocaram no meu maldito apartamento em primeiro lugar. — Há um Starbucks ao virar da esquina— o que acontecerá com Mad, estou tão travada que não consigo falar e tornar meu pensamento real. — Cale-se — Ele pega suas chaves colocando sua jaqueta de couro. — Te encontro em uma hora no centro de p******o à criança. Olho para a cafeteira na cozinha e depois de volta para ele. Eu deveria ter dito que faria a p***a do café para ele. Agora ele está indo embora e não sei se estou preparada para ficar sozinha agora. Tê-lo aqui ontem à noite foi um pouco de conforto e me preocupo como vou me sentir quando ele for embora e eu estiver completamente sozinha. Eu poderia pedir para ele ficar? Não, ele deixou claro desde que acordou que isso era um inconveniente para ele. — Eu ia fazer um café para você, c*****o! — c*****o pode, b****a não. Não se preocupe. Vejo você mais tarde, Bowers— ele diz enquanto alcança a porta. — Espere— eu digo parando-o na minha porta. Ele se vira para olhar para mim, cansado da minha presença — Obrigada por ficar— Ele acena com a cabeça uma vez e sem outro olhar a porta se fecha me deixando sozinha com meus pensamentos no meu apartamento vazio. ~×~ Estamos sentados em um escritório no prédio dos Serviços de p******o à Criança em frente a uma assistente social. Ela é um pouco mais velha e não olhou para nós uma vez desde que nos sentamos. — Caso 54239 pais falecidos do bebê Jewish de quinze meses... — Madison— eu a interrompo as lágrimas se formando em meus olhos apenas dizendo o nome dela. — Ela não é apenas um número no sistema, ela é a filha da minha melhor amiga. Ela me olha por cima dos óculos e suspira. — Madison. O parente mais próximo ainda está sendo avaliado— ela fecha o arquivo e olha para nós. — Dorothy Bowers e Brian Cheppard. Eu aceno com a cabeça. — Sim, somos nós... — Ok, vocês dois precisam assinar aqui. Pego a caneta quando Brian coloca a mão sobre o papel impedindo que minha caneta entre em contato com o papel. — Assinar para quê? Para ver a p***a da nossa afilhada? — Brian pare de dizer m***a— eu digo baixinho. — f**a-se você também — ele murmura para mim e eu bufo. A mulher aponta a caneta para ele e acho que é para ser um aviso. — Não é apenas para vê-la, é para ser analisado pelo sistema. — Analisado?— ela parece querer falar alguma coisa e vejo uma porta se abrindo e entra um homem estranho segurando Madison. Eu estou imediatamente em meus pés me movendo em direção a eles. Assim que ela me vê, seus braços disparam e eu a puxo em meus braços. — Madison! Oi jujuba— eu digo beijando sua testa. As lágrimas brotam dos meus olhos imediatamente quando sinto Brian ao meu lado. Eu a beijo novamente antes de entregá-la a Brian. Por mais que Brian sempre tenha me irritado, não há como negar o quão maravilhoso ele é com Madison. Ele a adora e o sentimento é mútuo. Eu assisto por um segundo enquanto ele a embala perto de seu peito e dá um beijo em sua testa. Ela coloca a mão em sua bochecha e ele finge mordê-la fazendo-a rir e eu sorrio pela primeira vez em quatorze horas. Sento-me na cadeira e Brian segue o exemplo na cadeira ao lado, embora ele não esteja prestando atenção em nada além de Madison. — Então você disse algo sobre uma análise? — Sim, o advogado de Jewish enviou por fax a papelada referente a Madison ontem à noite. — Ok e isso é bom, certo?— Eu digo incerto de onde exatamente isso está indo. A assistente social pisca os olhos algumas vezes para nós e então reabre o arquivo. — No caso de nossa morte prematura, nós Mary Jane Jewish e Steven Charles Jewish em sã consciência declaramos que nossa filha Madison Grace Jewish irá para seus padrinhos o casal Dorothy Bowers e Brian Collio Cheppard em uma guarda única. Brian e eu nos levantamos, Brian mais devagar do que eu, já que ele está segurando Madison. — O QUE!?— Nós gritamos. — Eu deduzo de sua reação que isso não foi discutido com você primeiro? Eu olho para Brian com os olhos arregalados enquanto ele olha para mim. Nós balançamos nossas cabeças e então olhamos para a assistente social. — Não. Nós- Eu- Tem que haver algum engano. Nós não...— Eu olho para Brian. — Nós não estamos juntos! — Ela deseja— ele diz presunçosamente e eu atiro-lhe um olhar. — MJay e Steven... eles... o quê?!— Digo incapaz de formar uma frase coerente. — Diz muito claramente aqui. Há também algumas outras coisas aqui. Realmente o advogado deles deveria estar discutindo tudo isso com você, mas já que você está aqui, eu lhe darei o resto no que diz respeito a Madison— Ela me entrega um pedaço de papel que declara que não somos apenas os guardiões de Madison, estava lá palavra por palavra, deveríamos dar um lar à Mad ou permitir que ela fosse para uma casa onde ela teria uma mãe e um pai, eles também nos deixaram sua casa para morarmos enquanto criamos Madison por seis meses. p***a? — Eles querem que vivamos... na casa deles... juntos? Isso não pode estar certo? — Não diz isso— Brian resmunga. — Você deve estar lendo errado. Me dê isso. — Eu sei ler Brian— eu rosno de volta. Brian começa a ler o papel enquanto Madison tenta pegá-lo. E então ela alisa o rosto do padrinho, ele ri antes de puxá-la voltar ao papel. — Pare de me distrair, fofura. Estou tentando ler— Ele pressiona um beijo na bochecha dela. — O estado pagará a hipoteca da casa enquanto Madison estiver sob seus cuidados até que o período de seis meses termine, caso em que você terá que decidir se vai prosseguir com a adoção. — A-adoção? Tipo... ela seria... nossa?— Eu digo olhando para Brian e depois de volta para a assistente social. Brian... o pai do... meu filho? Deus, por que você me odeia tanto? — Geralmente é assim que a adoção funciona— ela diz olhando para nós novamente por cima dos óculos. A sala está silenciosa com exceção dos arrulhos de Madison e eu balanço minha cabeça me perguntando como em quinze horas eu me tornei responsável por outra vida humana. Eu m*l consigo cuidar de mim às vezes. Posso fazer isso? Neste ponto não há realmente uma escolha. Madison não pode ficar com pessoas que... não a conhecem. Que não conhecia seus pais…. — Não há mais ninguém? — Se um de vocês optar por renunciar à responsabilidade, ela será colocada em um orfanato até que outros arranjos possam ser feitos. Seja alguém dentro da família de Madison ou um estranho. É a vontade dos pais. — Não... não... isso não pode acontecer. Não com Madison. — Você disse que em seis meses podemos reavaliar— Brian diz finalmente quebrando o silêncio. Eu nunca tinha visto ele ficar quieto tanto tempo. — E o que Brian, nós a devolvemos?— Eu digo estreitando meus olhos para ele. — Se sairmos por aquela porta com ela, eu não pretendo voltar e dar ela. — Ah, então você está pronto para criar uma criança? Pelos próximos dezoito anos? Sério? — Não precisa ser seis meses— interrompe a assistente social. — Entendemos que isso é muito para se levar além de perder seus amigos. Madison ainda é muito jovem. Se você optar por não assumir isso, ela nem lembrará de vocês, fiquem tranquilos que crianças dessa idade se ajustam bem a uma nova família, a adaptação é de cem por cento. — Não! Não...— Pego a caneta e rabisco meu nome na linha destinada a mim. — Não — eu digo batendo-o para baixo. — seja homem, Cheppard— eu digo — pense em Stevens. Ele olha para mim e depois para Madison e eu sei que ele está tão assustado quanto eu, mas também sei que ele ama Madison. Mais do que tudo. Ele pode não ser capaz de me suportar e está menos do que animado em ficar na mesma casa que eu, mas ele faria qualquer coisa no mundo por Madison, assim como eu. Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto quando o vejo assinar seu nome ao lado do meu selando nossos destinos. Bem, pelo menos nos próximos dezoito anos. Pode não ser oficial ainda. Mas Madison era minha filha.
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