Meu cérebro ainda está entorpecido e sofrido que nem sequer reage ao ouvir o nome daquele bastardo.
— Você... você ligou para ele? Ele está aqui?— Ele está longe de ser minha pessoa favorita, mas eu preciso dele aqui.
Eu preciso de alguém aqui. Eu nem sei como estou me segurando de pé. Eu morri e meu coração em frangalhos segura meu corpo.
— Sim senhora, ele está a caminho. Acho que ele disse algo sobre o trabalho. Ouvi muitos gritos ao fundo.
— Ele-ele faz algo com-esportes— eu gaguejo. — Produtor... Diretor... alguma coisa, meu Deus e ele vem naquela maldita moto.— Sento-me com medo de outro acidente, antes de olhar para cima novamente. — Você disse que Madison... a filha deles... ela está com uma babá?
— Sim, os serviços de p******o infantil já a pegaram e...
Meus olhos se enchem de lágrimas, tão rápido, e minha amiga nem pode dizer adeus ao nosso nenê de olhos violetas.
— Eles estão trazendo ela aqui, certo? Ela tem que ficar comigo, nada de abrigos.— Eu coloco minha mão sobre minha boca enquanto a sinto tremer. Minha pequena jujuba é… uma órfã.
Meu coração se aperta novamente pensando em como eu não só perdi minha melhor amiga, mas como minha afilhada perdeu a mãe.
O mundo é tão injusto.
— Ela já foi colocada sob os cuidados de um adotivo temporário...
— O quê!? Não, não, não, não— eu digo caindo sobre minhas palavras. — Eu preciso vê-la... ela precisa de mim e eu preciso dela — Eu me sinto ficando nervosa novamente.
— Até sabermos o próximo passo, ela está sob os cuidados do estado como as crianças órfãs devem ficar, não se preocupe.
— Um c*****o que minha afilhada vai ficar num orfanato, ela tem a mim e a madrinha dela!— Eu ouço as palavras trovejando pela sala e, embora eu geralmente ache ridículas suas ordens e seu jeito de badboy, eu preciso de alguém que eu sei que estará do meu lado, eu preciso tirar Madison das garras do estado..
— Com licença, Brian é?— diz o oficial.
Há um breve pensamento que passa pela minha mente que eles vão levar Brian para a cadeia.
Você pode ir para a cadeia por dizer palavras ríspidas a um policial?
Ele se move em minha direção e fica ao meu lado.
— Traga nossa afilhada para nós. Agora!
— Amanhã você pode entrar em contato com os serviços de p******o à criança e ir até lá. Por enquanto, não há nada que possamos fazer. Mais uma vez... eu sinto muito— ele diz antes de sair da sala deixando Brian e eu sozinhos.
Estou tremendo como uma folha verde enquanto me levanto devagar.
— Brian, meu Deus, Brian não acredito que MJay e Stevens, Brian não pode ser... — Começo a soluçar quando sinto uma mão acariciando minhas costas e me puxando para o seu abraço largo e másculo, eu me sinto tão indefesa.
— Eu sei, Bowers. Porra... eu sei— Eu sinto sua cabeça e acho que seu queixo está descansando na minha cabeça. — Isso é...— ele solta um suspiro. — Eu não posso acreditar nisso, Stevens é o meu irmão, a gente ia velejar esse fim de semana.
— Dói... Eu não consigo acreditar, Mjay é a minha pessoa favorita no mundo, e agora estou sozinha, ela me deixou... — eu digo tentando transmitir a dor que estou sentindo neste momento. Isso me faz pensar se isso nunca vai cessar. Eu me afasto um pouco para olhar para ele. — Eu quero ligar para alguém, Brian, alguém tem que dar um jeito de qualquer maneira. Tem que haver algo que possamos fazer. Eu não quero Madison com estranhos. Ela deveria estar conosco... Não sozinha com estranhos!
— Concordo— ele diz e noto que seus olhos estão vermelhos e brilhantes também e me pergunto se no momento em que estive em seus braços ele derramou uma lágrima por nossos amigos também.
Vamos para fora em silêncio, cada um carregando o peso de sua dor. Estamos fora do hospital quando ligo para o número que o policial forneceu e coloco no viva-voz imediatamente. A ligação foi h******l, ninguém entendeu que estávamos ali e poderíamos buscar a menina, pelo contrário, começaram a apelar para o fato de liminares e leis imbecis.
— Então você não é mau educado só comigo, é de forma geral? Você age como um i****a com todos?
— Não, só ajo assim com quem merece! Esse telefonema foi completamente inútil, Bowers, você sabe disso...
Brian é a única pessoa que me chama de Bowers. Só consigo pensar em uma vez em que ele me chamou de Dothy.
A primeira vez que o encontrei, dez anos atrás, quando MJay e Steven começaram a namorar.
MJay e eu tínhamos acabado de nos formar na faculdade, onde nos conhecemos e morávamos juntas em um apartamento em Seattle. Quando MJay conheceu Steven, eu sabia que era sério, eles tinham uma energia que emanava quando estavam juntos. A maneira como ela falava sobre ele, a maneira como ela olhava para ele... ela estava apaixonada e sem vergonha de admitir a rapidez com que tudo aconteceu. Em dois anos eles se casaram. E agora ... eu balanço minha cabeça livrando os pensamentos dessa situação atual inacreditavelmente terrível.
Por uma época MJay quis empurrar o melhor amigo de Steven, Brian Cheppard, um motoboy gostosinho que pegava qualquer uma e não valia a água que tomava para mim.
Rude e pomposo, em cinco minutos de conversa afirmou que eu seria como a enorme quantidade de garotas que caiam de joelhos e rezavam para que ele as deixe c****r seu p*u.
Sem chance!
Ele era uma alma sebosa. Ele ficou bêbado, deu em cima da nossa garçonete e então saiu mais cedo porque segundo ele já tinha uma trepada agendada e eu não merecia atenção por ter p****s pequenos, como aquele b****a tão b****a era amigo de Stevens?
Ele me chamou de Dothy naquela noite, mas assim que soube meu sobrenome, decidiu que era muito melhor. Dorothy era um nome f**o, segundo ele.
— Um nome f**o para uma garota f**a— ele brincou.
Eu não era nada f**a se ele se preocupasse em perguntar alguma coisa sobre mim naquela noite. Mas a essa altura ele já havia decidido me chamar de Bowers.
Se a primeira impressão é a que fica a minha sobre Brian, era péssima.