CAPÍTULO 88 ESCORPIÃO NARRANDO O dia inteiro foi no corre. Sol rachando, rádio chiando, e eu sem tempo nem pra respirar direito. Tava rodando o morro desde cedo atrás de um noiado que tava devendo grana na boca. O nome dele era Ligeiro — desses que se acham espertos, somem com o dinheiro achando que ninguém vai cobrar. — Patrão, ele foi visto lá perto do beco do Zeca. — o vapor me avisou no rádio. — Fica de olho. Se ele aparecer, me chama. — respondi, já subindo na moto. O morro fervia. O som das motos, criança gritando, mulher brigando na janela, o cheiro de comida misturado com pólvora velha — era o cotidiano do caos, e eu me sentia parte dele. A cada esquina, os olhares se abaixavam. Eu sabia o motivo. Quando o Escorpião saía pra caçar, ninguém queria estar no caminho. Cheguei n

