1- ESCORPIÃO
LIvro recomendado para maiores de 18 anos, conteúdo explícito!!!
Livro escrito em atualização diária, sendo a obra concluída com a publicação do último capítulo e a sinalização de completo pela plataforma.
Um pouco sobre a autora:
Bruna Mattos, casada,
mãe e batalhando para o crescimento da filha mais nova TEA 2. Minha carreira sempre foi focada em romances e os que meu público mais gostam, são no universo de morro.
Avisos importantes:
Como o universo é morro, traficantes, a linguagem utilizada não é na maioria das vezes o português escrito no dicionário. Mas sim o português falado no dia a dia com suas abreviações de palavras e gírias. Algumas palavras são censuradas pela plataforma, então aparece a primeira letra e ** mais a última letra, exemplo, s**o, seio, quando a autora lembra, ela pode usar o trema sëio e você terá a palavra escrita com uma acentuação não pertinente.
Temos uma janela de publicação curta pois conta o horário dá plataforma em Singapura, para termos nossas metas diárias completas, de forma que fazer uma revisão ortográfica antes de publicar, para mim que escrevo em
média 4 livros ao mesmo tempo é impraticável. Caso tenham alguma dúvida, ou não entendam algo escrito, podem sinalizar nos comentários do capítulo que eu terei todo carinho do mundo em
esclarecer.
Eu não escrevo violência doméstica nem tão pouco cenas de estüpro.
Espero que gostem de ler um romance diferente que se passa em
algum dos muitos morros do Brasil! Lembrando que eu nunca fui em um morro. Então tudo que eu escrevo é fruto da minha imaginação e pura ficção.
Livro registrado e com direitos reservados.
CAPÍTULO 1
ESCORPIÃO NARRANDO
Minha vida nunca foi novela, não. Sempre foi corre, rua e pólvora. Desde muleque eu aprendi que sorriso demais é disfarce e confiança demais é caixão. Cresci no meio do pó da laje, da fumaça de fuzil, dos gritos de mãe chorando filho no chão. É desse jeito que o morro cria os seus: no amor duro e na dor que vira rotina.
Meu nome de batismo é Gabriel, mas aqui ninguém chama assim. No morro eu sou o Escorpião. Ganhei esse vulgo porque, igual ao bicho, eu ferro quando menos espera. Frio, calculista, sem dó. E não foi apelido jogado no vento, não. Foi suor, foi sangue. Eu subi degrau por degrau até sentar na cadeira que todo mundo cobiça, mas poucos têm peito pra segurar: a de patrão.
Não foi sozinho, não. Do meu lado sempre teve o Júlio, meu irmão de guerra, parceiro de vida. Ele é meu sub, meu braço direito, o cara que segura as pontas quando eu preciso sumir ou botar o pé na pista. Conheço ele desde pirralho, confio a vida. Só que junto com ele… tinha a irmã dele, a Bibi.
Bibi sempre foi uma mina firmeza, todo mundo respeitava porque era irmã do Júlio e andava colada com a gente. Eu cresci vendo ela como parte do bonde, protegendo sem nem perceber. Bibi sempre foi como se fosse minha irmã mais nova. Ta ligado.
A real é que o crime me escolheu antes mesmo de eu entender o que era viver. Meu pai foi patrão aqui no morro durante muito tempo. Homem linha dura, respeitado, mas que carregava nas costas a cruz de saber que qualquer dia podia ser o último. E foi. Numa invasão da polícia, do nada, ele tombou na minha frente. Eu ainda era muleque, mas naquele dia virei homem na marra. Não teve luto, não teve tempo de chorar. A responsa caiu em cima de mim, e eu assumi.
Minha coroa ficou. Firme. Até hoje ela mora aqui comigo, dentro da quebrada. Nunca quis sair, nunca quis abandonar as raízes. Ela segura as pontas, reza por mim todo dia, mesmo sabendo que a vida que eu escolhi já levou o homem dela. É minha fortaleza, minha base.
E não era só eu, não. O Júlio e a Bibi também perderam o pai cedo. O velho deles era braço direito do meu pai. Dois leais até a morte. Só que o destino foi c***l: o pai deles tombou quando eles ainda eram criança, e pouco tempo depois a mãe deles também se foi. Ficaram sem ninguém no mundo.
Foi aí que minha coroa abriu as portas de casa. Criou eles como se fossem sangue. Júlio me chama de irmão e Bibi… bom, Bibi cresceu debaixo do mesmo teto, chamando minha mãe de tia, sentando na mesma mesa, dividindo o mesmo pão. A gente virou família, mesmo sem ser de sangue.
Eu, Júlio e Bibi sempre fomos inseparáveis. Ele virou meu braço direito no corre, minha confiança no crime. No asfalto negø sonha em ser jogador ou artista. Aqui, o sonho é não tombar cedo. Eu virei patrão não porque queria fama, mas porque a vida não me deu opção. Quem tem fome não escolhe, quem tem bala na cara não recua. E eu não recuei.
Hoje eu mando, eu cobro, eu decido quem sobe e quem desce no morro. Mas o preço é alto: noite sem dormir, sangue nas mãos, coração embrutecido. A rua cobra. O crime não perdoa.
E vou ser sincero: nessa vida aqui eu não quero saber de fiel, não. Mulher só dá dor de cabeça, ainda mais quando sabe que o cara é patrão. Sempre tem cobrança, sempre tem ciúme, sempre tem briga. E eu não tenho paciência pra isso.
Prefiro viver solto. Pego as piranhäs, uso e largo. Cada baile tem uma diferente, cada noite tem uma boca nova querendo se deitar comigo. Eu não prometo nada, não crio laço, não dou confiança. Minha cama não é lugar de sentimento, é só de prazer.
Enquanto muito negø se perde por causa de uma mulher, eu já deixo claro: aqui é sem amarras. O coração eu já tranquei faz tempo, porque nesse corre, quem amolece o peito acaba virando alvo fácil. E eu não tô na pista pra tombar por fraqueza. No meu mundo, amor é só palavra bonita. O que vale é lealdade no corre, respeito na quebrada e disciplina no trampo.
Desci o beco devagar, baseado na boca e Glock na cintura. O morro tava vivo como sempre: mulecada correndo, rádio chiando, n**o armado de olho em cada esquina. Era mais um dia normal pra nós, mas que pro asfalto seria filme de terror.
Cheguei na boca e logo avistei o Júlio, sentado na cadeira de plástico, camisa colada no corpo de tanto calor e a peça no colo. Ele sempre com aquele olhar atento, jeito sério, mas quando me viu abriu um sorriso rápido.
— Aí, Escorpião… — ele falou, levantando pra me cumprimentar. — Tá tranquilo?
Bati a mão na dele, forte.
— Tranquilo nada, parceiro… aqui é guerra todo dia. Mas tamo de pé, né não?
Ele deu uma risada seca, puxando o rádio da cintura.
— Os menor tão na função, fluxo rodando bonito. Só tem que ficar de olho nos alemão, tão se coçando pra invadir de novo.
Assenti, encarando o movimento ao redor. As notas passando de mão em mão, o cheiro do pó no ar, os olhares pesados. Aquilo ali era meu trono e meu inferno ao mesmo tempo.
— Fica na contenção, Júlio. Hoje vou rodar o morro, ver se tá todo mundo na linha. — falei firme, e ele só balançou a cabeça em concordância.
Enquanto a gente trocava ideia, vi de longe a Bibi passando pelo beco, sacola de compra na mão. O cabelo solto, balançando com o vento, a cara séria como sempre. Ela fingiu que não me viu, mas eu senti o coração dar um pulo estranho dentro do peito.
Só que eu logo cortei o pensamento. Sacudi a cabeça e voltei pro corre. Sentimento não tem espaço no meu mundo.
Continua ....
Atualização diária, apartir do dia 10/10
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