EPISÓDIO 6

1143 Words
Este parecia consideravelmente mais velho do que aquele que atendeu a porta. — Vou fazer um tour e lembrá-la de algumas regras que você já deve saber. Lembre-se delas. — Tudo bem, mas eu sempre posso perguntar a você de novo, certo? Aquele homem era arrogante, mas ter uma rede de segurança, por melhor que fosse, era melhor do que nada. — Não, eu não trabalho aqui. Eles me colocaram aqui porque parecia... difícil encontrar uma nova governanta. Vou embora assim que terminarmos. Ele parecia satisfeito com isso e eu não podia culpá-lo se o interior da casa, que era simplesmente deprimente, refletia as pessoas que viviam nela. Se eu não estivesse desesperada, também iria embora. Parecia um filme de terror demais para o meu gosto, mas o desespero era uma coisa engraçada, fazia desdenhar de muita coisa. Caio precisa que você receba esse salário de $ 6.000 por mês! Suspirei. — Ok, estou pronta para beber as suas palavras. Ele me deu um olhar de soslaio, mas continuou andando. — Você é livre para entrar em qualquer cômodo do térreo e do primeiro andar. As salas que você não deve entrar estão trancadas. No entanto…Ele parou de andar e se virou para mim. — Você nunca deve subir ao segundo andar em nenhuma circunstância. Se ele parecia severo para mim antes, ele não era nada comparado ao jeito que ele parecia agora. — Por quê? O que há no segundo andar? Eu perguntei, lançando um olhar curioso para as escadas de madeira escura cobertas por um tapete vermelho. — Nada que te interesse. O aviso sombrio na sua voz me fez tremer. — Vamos continuar. Ele gesticulou para que eu me aproximasse. Entramos numa cozinha que, apesar de espaçosa, era menor do que eu esperava para uma casa tão grande. Tinha uma sensação caseira que não se refletia nos corredores e em alguns quartos que ele havia apontado para mim. A cozinha era quadrada, com uma ilha no centro e uma mesa retangular madeira com seis cadeiras. Era uma cozinha linda, com uma geladeira americana gigantesca, dois fornos, um fogão de seis bocas e mais armários de madeira do que eu poderia contar agora, mas gostei da sensação dessa cozinha. Estava quente, com ladrilhos brancos e amarelos à prova de respingos com um padrão de girassóis descendo pelo lado esquerdo. As enormes janelas voltadas para um jardim gigantesco traziam muita luz para a sala. — É uma cozinha linda. Comentei, sabendo que iria gostar de passar tempo nesta estadia. O homem mais velho assentiu. — VERDADE. Ele apontou para a esquerda, para a porta ao lado da geladeira. Por aqui tem a despensa, a lavandaria e a porta para o jardim. Por favor, observe o que você precisa, as entregas de comida chegam no mesmo dia que a equipe de limpeza. Terças e sextas-feiras. Portanto, não temos muito contato com o mundo exterior. Era realmente estranho ver como esse velho podia ser solitário. — Existem outros funcionários internos? — Pessoal de segurança, sim. Não é algo que estou livre para discutir com você. Eu fiz uma careta. Pessoal de segurança? — Eu não vi ninguém. — E é assim que deve ser. Outra regra fundamental que deve ser respeitada, não interaja com o mestre a menos que ele o faça com você. Não torne a sua presença um incômodo e não interaja com ele ou com qualquer um dos seus seguranças. — E quem é o mestre? Dizer essa palavra foi difícil, pelo menos parecia. Parecia que eu tinha acabado de entrar em algum tipo de show vitoriano. — Ele precisa de alguma atenção especial? Médica ou não? O mordomo ou o que quer que seja... vamos chamá-lo de "Corcunda de notre dame" olhou para mim criticamente. — Novamente, isso não é algo que corresponda à sua função. Você está aqui para garantir o bom funcionamento da casa. Que a equipa de limpeza faça o seu trabalho, que a casa esteja abastecida de comida, que se alguém vier à propriedade, que cuide dela e de todas as solicitações que lhe fizerem através do SCR. Ele foi e******o, ou é o jeito dele falar? — SCR? Eu pergunto. Ele suspira. — Você leu o dossiê que eles lhe deram? — Sim, mas foi ontem e... Foi a minha vez de suspirar. Dá um tempo, cara. — Sistema de comunicação residencial. Ele apontou para a tela na parede da entrada. Quaisquer tarefas solicitadas que não estejam prescritas em sua programação diária típica estarão disponíveis aqui. Há outro no segundo andar. Funciona nos dois sentidos. Se precisar de algo ou se houver uma emergência, você pode entrar em contato com o mestre, que o atenderá se necessário. Por favor, use o sistema somente se for absolutamente necessário. Não se preocupe, não fale com o mestre ou com o pessoal de segurança, exceto que seja solicitado. Ele, repetiu. Como em 1683? Eu balancei a cabeça. Poderia ser mais estranho? — E o mestre? Sim, isso foi estranho de se dizer. Ele sabe que eu preciso das tardes de quinta-feira de folga? — Sim, ele aprovou. Ele gesticulou para que eu saísse da cozinha. — Por favor, vamos continuar a visita. Vou ter que sair logo, é uma longa viagem de volta para a cidade. Segui ele silenciosamente até uma sala, que parecia ser parte biblioteca, parte sala de jantar. — Você é livre para ler qualquer livro que quiser. Ele disse, provavelmente notando meus olhos nas estantes do chão ao teto cheias de livros. Mas apenas quando a porta estiver destrancada e fora do horário de jantar. Ele olhou para o relógio. Você vai preparar o almoço e servir o jantar às oito horas da noite. Nem às sete e meia, nem às oito e meia. Depois que o jantar for servido... Ele apontou para o interruptor vermelho à sua esquerda. — Você ligará este interruptor antes de sair da sala. Ele informará ao mestre que o jantar está servido e acenderá uma luz do lado de fora da porta. Você não poderá entrar novamente na sala até que a luz se apague novamente. Eu balancei a cabeça, me perguntando por que o segredo era tão crucial. — Você vai ter que cozinhar para quatro. As demais porções ficarão guardadas na cozinha para os seguranças, caso queiram comer. Ele olhou para o relógio novamente. O almoço deve ser servido à uma hora. — Deixe-me adivinhar, nem meia-dia e meia, nem uma e meia. Eu não sabia por que estava tentando agradar a um homem que provavelmente estava morto por dentro. Talvez seja por isso que esta casa me assusta. Pensei, olhando mais uma vez ao redor da sala. Tudo estava escuro, a madeira, os móveis. Tudo era caro e velho, mas tão... desprovido de vida. O arrogante Jim ignorou meu comentário, já saindo da sala.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD