CAPITULO 3

1314 Words
Acordei com o zumbido da Sra. Broussard na pequena cozinha e o cheiro de café fresco. Sentei-me e estremeci com a dor nas costas causada pelo colchão fino. No entanto, eu nunca diria nada, ela me deu abrigo quando todos me viraram as costas. Ela tinha sido minha salvadora. — Ma Cherie. Ela sorriu, colocando um prato no balcão para mim. Eu fiz um pouco mais para você. Os seus olhos cor de âmbar estavam tristes, apesar do brilho do seu sorriso. — O que eu faria sem você? Perguntei, esfregando os olhos e caminhando descalço em pijama de flanela, depois me sentei num banquinho. — Você vai ficar bem, Cherie. Você é uma boa pessoa, sempre foi. A sua vida vai virar, você vai ver. — Espero que você esteja certa. Eu disse, dando uma mordida na torrada francesa. Hoje vou à agência de empregos temporários da cidade. Se Deus, o karma ou o que quer que esteja por aí, se alguém quer me ajudar, hoje é o dia. — Eu posso falar com Camille. Eu balancei a minha cabeça. Camille era médica assistente no Hospital ela não era muito amigável comigo ou com os problemas que ela achava que estava metendo a sua mãe. Mas eu não podia culpá-la. A sua mãe trabalhara incansavelmente para minha família, que a tratava como uma peça de mobília. Ela trabalhou duro apenas para comprar este pequeno apartamento num condomínio para maiores de cinquenta anos, e agora eu estava vivendo da sua magra renda. Não era melhor do que uma sanguessuga, mas isso acabaria hoje. Eu conseguiria um emprego de qualquer maneira. — Isso não é necessário. Vamos ver como corre hoje. Amy tinha me garantido que assim que eu tivesse um emprego estável, um lugar para morar grande o suficiente para Caio e algumas economias, ela faria tudo ao seu alcance para me entregar ele, e uma vez que eu tivesse ele de volta, nós iríamos embora, mudaríamos de nome e começaríamos do zero. Apenas nós dois. A Sra. Broussard olhou para o relógio. — Você quer que eu te leve? Eu tenho um pouco de tempo. Sorri, mas balancei a cabeça, com a boca cheia de torrada. — Estou bem, não se preocupe. Ele inclinou a cabeça. — Eu tenho o direito de me preocupar com você, Cassandra. Eu vi você crescer. Peguei o jornal no balcão e ela colocou a sua mão dourada sobre a minha. — Talvez você não devesse, Cherie. Suspirei. — Acredite, não há nada que eles possam dizer que eu não tenha lido antes. Ela hesitou por um segundo antes de levantar a mão com um suspiro. — Nada de bom vai sair disso. Ela disse derrotada, antes de se virar e coloque o prato na pequena máquina de lavar louça de bancada. Fiquei feliz por ela não estar olhando para mim porque não pude evitar estremeceu ao ler o título na primeira página. Monstros de Riverside: Aprisionados para o resto da vida! A manchete principal estava em letras pretas, mas em vez de uma foto deles, era eu na primeira página do Riverside Herald, sozinha na escadaria do tribunal, o meu cabelo ruivo rebelde esvoaçando em volta do rosto. Eu parecia sombria, derrotada, e era assim que eu estava me sentindo. A minha vida deu uma guinada para pior, mas não fui derrotado por sua sentença. Não, essa tinha sido a única coisa boa sobre isso. Os meus pais sempre foram terroristas emocionais, usando a mim e depois a Caio para seus planos horríveis. Foi difícil descobrir no tribunal que Caio havia sido concebido por inseminação, não porque eles estavam morrendo de vontade de ter outro filho, mas porque eu cresci. Ela não parecia mais tão fofa e, portanto, não inspirava mais tanta confiança quanto ele. O que eu sempre considerei nada mais do que falta de instinto parental e uma vida agitada no trabalho, na verdade, foi muito pior do que eu jamais imaginei. Fomos brinquedos, acessórios, nada mais. Eu esperava que Caio nunca descobrisse que ele não passara de um meio para um fim. Uma carta adicionada à mesa, sem nenhum sentimento envolvido. Eu também esperava amá-lo o suficiente para compensar todas as cicatrizes que ele recebeu dos monstros que nos colocaram neste mundo. Forcei um sorriso para encontrar os olhos preocupados da Sra. Broussard e coloquei o prato na máquina de lavar louça, antes de começar a vasculhar as duas malas pequenas que eu tive permissão para trazer comigo. Eu estava rezando para ter algo adequado para ir ver a Sra. Lebowitz porque, quando saí de casa, esperava voltar em algum momento. Eu não esperava que tudo durasse tanto tempo. Quando o FBI apareceu na nossa casa, fiquei feliz por Caio estar na escola. Dezenas de agentes ocuparam o local, viraram a casa de cabeça para baixo e me informaram que a casa estava sob execução hipotecária. Ninguém quis me contar o que havia acontecido e, embora eu suspeitasse que meus pais pudessem ter desviado dinheiro, nunca teria imaginado o verdadeiro horror. Um momento depois, um agente veio até mim, um homem grande e assustador, e gritou para mim que eu tinha trinta minutos para empacotar o que o meu irmão e eu precisaríamos por algumas semanas. Arrumei duas malas para mim e uma para Caio o mais rápido que pude, sob o seu olhar atento. Ele esperava que eu escondesse alguma coisa? Ele pensou que eu estava envolvido no que os meus pais fizeram? O agente me levou até o seu grande SUV preto. — Posso levar o meu carro? Eu perguntei, apontando para o Toyota que os meus pais compraram para mim no início do ano. Não tinha sido um presente de coração, eles só precisavam de mim para levar Caio como motorista e fazer todas as compras que eles não se preocuparam em fazer. Ele balançou a sua cabeça. — Não, todas as propriedades de Martha e John West estão agora confiscadas pelo governo federal dos Estados Unidos. Ele abriu a porta traseira do carro. — Onde você vai ficar? Eu congelei naquele momento. Onde eu iria ficar? Eu estava tão ocupada com a escola de enfermagem e cuidando de Caio, compensando todas as deficiências dos meus pais, que realmente não tinha amigos, pelo menos nenhum próximo o suficiente para me oferecer um lugar para ficar. — Você vai ficar comigo, não vai, Cassandra? Eu tinha me virado e deixado escapar um pequeno soluço sem lágrimas de alívio quando a Sra. Broussard veio até mim, já vestida para sair. — Eu preciso ir pegar Caio ... — Caio West será apanhado pelo serviço social. — O agente tentou levar a mala que eu fiz para Caio. Segurei a alça com força e dei um passo para trás. — Eu tenho que falar com ele, ele vai surtar. Por favor, senhor. Ele é apenas um menino. Eu implorei, a minha voz embargada com o pensamento do meu irmãozinho assustado e sozinho. Ele me olhou por um segundo e suspirou. — O Serviço Social estará na escola nos próximos trinta minutos. Mais ou menos, pode ir esperar lá. E parti com a sra. Broussard, jurando ao meu apavorado irmãozinho que ia consertar tudo logo, mas já se passaram quatro meses e eu não estava nem um passo mais perto de trazê-lo de volta. Os bens continuavam congelados e todos os pertences dos meus pais iam ser vendidos para pagar a indemnização atribuída às famílias das vítimas. Eu não dava a mínima para a casa, os carros e as contas bancárias, não queria nada. Eu nunca consideraria desfrutar de nada que eles literalmente adquirissem com o sangue de outras pessoas, mas adoraria encontrar mais roupas e outras coisas para Caio e para mim. Suspirei, vasculhando as minhas roupas, escolhendo um jeans escuro e uma camisa verde de manga comprida, esperando que parecesse profissional o suficiente.
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