Isso tudo é novo pra mim, não sei como começar, mesmo tendo mais de mil palavras na ponta da língua pra poder passar para esse papel, em algum momento eu me perguntei onde tudo começou, mas não sei dizer ainda, sei que começou quando eu me sentei aqui, são quase meia noite e eu não sei se vou dormir hoje ou se vou passar a noite toda aqui sentado, pensando em tudo e tentando fazer desse papel meu melhor amigo.
Eu não tenho lá muitos amigos, na verdade sempre fui um cara de poucos amigos, mas muitos conhecidos, a maioria pelo trabalho ou coisas do tipo.
Se esse papel se tornar meu amigo vai ser incrível, vejam, ele não vai apontar o dedo ou me julgar, na verdade, ele até pode ser útil me fazendo me julgar pelo que vou escrever nele, admitindo coisas e indicando coisas que se passou e eu fui incidente delas.
Sabe, eu sempre quis saber como era essa coisa de escrever o que sentíamos ou sobre o que acontece com a gente, admiro os escritores, por colocar em palavras tudo, como se fosse uma prosa gostosa e dedicada a cada leitor que pega um livro. A expressão de escrever então se torna atraente pra mim, como um diário, não do dia a dia, mas do que já se passou.
Começa agora as minhas palavras, cada uma delas, foi por muita coisa que eu fiz que eu perdi você, foi como cair e nunca mais levantar do chão ou da cova que eu cavei. Porque foi isso que fiz, cavei um buraco e me joguei dentro dele durante o nosso casamento. Sem medo de ele ser fundo demais ou ficar sozinho, talvez, inconscientemente achei que você iria ficar, até mesmo no buraco. Mas não ficou e eu gosto de pensar o quão forte você foi e quão fraco eu fui.
O fim tinha chegado depois de um determinado tempo. Um fim r**m e doloroso.
Não teve mais ninguém depois de você, não consegui ter outra mulher depois que você foi embora, não consegui pensar em ninguém, em ninguém que não fosse você do meu lado. Não dava, era inadmissível para mim, meu orgulho e meu coração estavam feridos demais para fazer isso, mas isso é engraçado, visto onde chegamos nessa história toda. É irônico eu não ter arrumado ninguém depois de você. Mas eu acho que consigo entender o motivo de não ter arrumado outra pessoa depois de você.
Era como tentar encaixar o sol na lua, entende?
Eu nem tentei, parecia que era sem nexo eu tentar encaixar alguém de novo, isso até no meio das minhas pernas, parecia que meu corpo estava em abstinência pelo seu, que se fosse o seu, ele queria, mas se não fosse, ele recusava sem pensar.
Você era insubstituível, você era como o ar que eu respirava, que só quando faltou de verdade, eu notei que ele sempre estava ali e eu precisava dele. Como era importante. Você tinha a sua presença marcante, como eu sempre gostei.
Você arrumar alguém é ótimo, mas em algum momento essa pessoa vai se tornar de alguma forma insubstituível, então é aí, bem aí, que você vai estar perdido por ela não estar mais ali se algo acontecer. Se vocês dois se separar ou algo do tipo. Isso não é apenas para relacionamento, isso é pra tudo, tudo mesmo.
Por um tempo me perguntei se era carência que me fazia sofrer tanto o nosso término, mas não era, tinha uma culpa e uma falta, não por carência, mas por tudo. Eu não era apegado nessa coisa emotiva, até sentir que eu estava perdendo o ar a cada dia que passava e você seguia a sua vida.
Essa coisa de se apegar em uma pessoa pode dar problema, você fica por ela e vai embora por ela, entende?
Você sempre esteve comigo, no auge e na queda. Isso é amor, mas também dor, porque eu sei que doeu ficar do meu lado e passar por tudo que você passou. No fim você sempre honrou a mulher que você foi, no fim você era mais forte que eu mesmo e mais forte que você mesma pensava.
Acho que você pensava que iria ficar muito tempo comigo, até nos casamos, com direito a tudo, mas não rolou, não aconteceu o roteiro que planejamos algum dia e a vida de nós dois foram para lados diferentes.
Você deu o passo final e eu dei o passo principal pra você chegar até lá.
Doloroso pensar que você deu o passo final quando estava esgotada, esgotada por minha causa.
Agora dói mais em mim do que em você, dói como o inferno e eu posso escutar a sua voz na minha cabeça falando e me chamando repetidas vezes e me pedindo para parar e me pedindo para deixar você em paz. Você poderia sair da minha vida, mas sempre estaria na minha alma, no meu corpo e na minha cabeça, era difícil parar de pensar em uma pessoa.
Na minha cabeça era o lugar que você mais ficava. De verdade, você parecia querer ficar o dia todo ali, perambulando meus pensamentos e chamando minha atenção cada vez que eu estava, fazia ou via algo que me lembrava você. Gostava de pensar em você, mas parecia que apenas pensar era r**m, visto que você não estaria fora da minha cabeça, que eu não poderia te abraçar forte e dizer as coisas que eu queria.
Era como sonhar com você de noite, acordar e ver que o lado da cama não tem nada, que nem o cheiro do seu perfume existe mais no quarto.
Isso foi me deixando louco, foi me fazendo não conseguir apagar você da minha vida e seguir a minha vida como eu devia ter feito.
Essa coisa de seguir a vida depois de uma pessoa dica complicado, ainda mais no meu caso que dormia pensando em você e acordava e ficava o dia todo pesando em você.
Com isso de ficar na minha cabeça, as coisas foram ruins para mim amor, você estava comigo. Algumas vezes eu odiava você dentro da minha cabeça, mas outras, outras eu gostava, era como uma nicotina viciante, mas as doses geralmente eram altas e dolorosas demais para eu mesmo poder suportar, uma overdose poderia acontecer a qualquer momento também, quando a falta fosse evidente demais para poder apagar rapidamente.
Você estava comigo de uma forma deturpada, mas comigo. Eu sei que agora estou falando como um maníaco do parque, totalmente fascinado em você, quando na verdade é saudade, saudade lenta e dolorosa.
Como você fazia realmente, lembrar?
Você sempre estava comigo, como companheira.
Dizem que o conceito de casal é companheirismo, certo? Em tudo, isso é lindo.
Eles são companheiros.
Viu como essa frase é bonita, acho que isso é importante demais.
Você sempre foi uma companheira boa, me aconselhava, estava ao meu lado, se eu precisasse de alguém era você que se propunha a me ajudar, acho que se eu matasse alguém você me ajudaria a enterrar o corpo. Você sempre foi companheira desde o começo do namoro. Sempre olhando por mim ou me esperando todas as noites quando chegava tarde do trabalho . Você fazia isso não por obrigação, era porque você gostava, dava para ver e sentir. Você perguntava como havia sido o meu dia e até o que eu havia almoçado quando eu não ia pra casa, você parecia querer me acompanhar e me ajudar no que eu precisasse.
Isso era gostoso, porque eu podia contar com você pra qualquer coisa, até pular de um paraquedas ou ir caçar uma onça.
Mas é eu? Eu era um bom companheiro, amor?
Acho que você tem a resposta, mesmo antes de ler o que vou escrever agora, porque não, eu não fui um bom companheiro.
Não fui seu companheiro.
Passei a fazer tudo ficar mais difícil, você havia se casado com o amor da sua vida. Amor, eu também me casei com o amor da minha vida. Você. Você era o amor dela, até o fim. Você era minha e você poderia ter me feito mais feliz, claro, se eu tivesse feito você feliz como um bom companheiro fazia.
Mas não foi isso que aconteceu.
Para ser amado eu tinha que amar você, não apenas você amar por nós dois, era errado eu fazer isso com você, porque o meu coração batia como o seu, minha cabeça pensava em você, da mesma forma que a sua pensava em mim. Meu corpo ficava quente como o seu. Minha boca encaixava na sua, como nosso corpo parecia só um durante as noites em claras que passamos.
Eu não se quando eu deixei de ser um bom companheiro pra você, mas aconteceu, não me lembro quando perguntei sobre o seu dia ou nada disso.
Isso é r**m, eu não me lembro de perguntar, mas né lembro de você perguntando pra mim sobre o meu dia, cada um deles, mesmo no meio da bagunça que nos estávamos entrando no nosso casamento.
Você era boa em fazer isso, eu gostava de falar sobre o meu dia com você, daquela sua parte de ser companheira e me ouvir e fazer algo por mim, mesmo que eu ali já demonstrava ser um insensível que em ao menos fazia o mesmo que você, nem ao menos perguntava sobre o seu dia.
Aquele companheirismo todo nos fazia amigo, deviam nos unir e nos colocar no mesmo propósito.
Amizade e companheiro, um leva ao outro, sabia?
Poderia até dizer que os dois são sinônimos, mas não. Nai são sinônimos.
Eu estou pagando por cada coisa que eu vou me lembrando que eu fui r**m, sei que você ainda pensa ou sente o coração acelerar quando fala ou pensa em mim, por que não dá para esquecer ou ignorar. Eu sei disso por experiência própria.
Meu coração não acelera tanto quando pensa em você, ele para completamente. Você era a minha melhor amiga. Daquelas que a gente gosta e espera ver o dia todo. Acho que isso um casal tem que ter, a amizade e o companheirismo.
Antes de sermos companheiros, fomos amigos.
Primeiro veio a amizade e depois os beijos, uma noite e logo toda aquela coisa louca e insana do s**o e do vinho com chocolate que você tanto gostava. Era um gosto peculiar, admito. Chocolate não era bem algo comum com vinho, eu gostava de um bom queijo, diferente de você, que gostava do chocolate meio amargo.
Você gosta de chocolate amargo com vinho suave e depois gostava de ser beijada até seu corpo ficar ainda mais quente, porque além do vinho que esquentava, eu também aprendi fazer isso com você. Direitinho, mesmo que você não admita, o s**o depois do vinho e muito mais gostoso e saboroso.
Você foi especial até no vinho que tocamos juntos.
Você me fez conhecer você de uma forma que eu não conheci mulher nenhuma na minha vida toda, e você sabia que essa vida já havia sido regada por elas, eu não era santo antes, mas você era confiante no que queria ou tinha por perto, isso me atraiu em você, na sua personalidade. Você me fez escutar você da mesma forma que me fazia falar com você, você me escutava caramba!
Você era minha, minha amiga, além da minha mulher companheira.
Vi isso antes de te pedir em namoro e depois em casamento, tudo como manda o manual, eu só não segui depois, o que é triste, pois assim não pude ser o companheiro que precisava e o amigo que você queria ter.
Um casal deve ser amigo, você queria isso, o que amigos faziam? Escutava o outro, não era assim? Você, além de querer um amigo, era mulher, se sentia mais carente que eu naturalmente, precisava de mim, precisava do cara que conversava com você cada segundo que pudesse. Que poderia escutar você, te apoiar e fazer de tudo que estivesse ao meu alcance.
Aqui eu chego ao meu primeiro passo que eu percebi que falhei com você, como companheiro e amigo.
Bem, apenas uma noite me vem na cabeça quando lembro dessas duas palavras. Acho que você vai se lembrar dessa noite, meu amor, vai sim, eu posso afirmar.
Lembra quando você chegou em casa louca para contar sobre seu dia que havia sido r**m, onde eu apenas te ignorei?
Estou me odiando aqui apenas por lembrar o quanto e******o fui, você precisava de mim aquela noite, na verdade até se não precisasse, eu devia ter notado as coisas e estado perto e ao seu lado.
Eu devia ser seu amigo naquela hora que você precisava falar e desabafar, mas amor, eu lhe mandei calar a boca.
Acho que eu não consigo descrever o quanto eu fui rude com você, mas devo imaginar.
Essas foram exatamente a minhas palavras.
De uma forma rude e i*****l que fez você se assustar comigo, parar de pé estática, sabe, parecia que você havia levado uma bronca.
Fazendo aquilo, daquela forma, fez com que você terminasse o assunto e ficasse quieta. Quieta e retraída até pegar embalo e saísse dali, perdida pelo que havia acabado de acontecer.
Você não soube nem o que falar para mim na minha atitude. Você ficou sem reação diante ao que eu disse, deu dois passos para trás acuada como um gatinho com medo da chuva, não por medo, acho que você viu que tinha algo errado e precisava assimilar o que havia acontecido naquela sala, além disso, quando você saiu do escritório calada e sem reação certa
Eu soube que estava chateada também depois que lhe tirei daquela forma.
Mas sabe, você não era orgulhosa com a gente. Acho que já mencionei isso aqui, em momento nenhum você era orgulhosa.
Você até ficou calada por um tempo, até que você voltou, você abriu a porta de novo, acho que se eu fechar os olhos, eu consiga lembrar do seu rosto.
Você estava cheirando bem, eu sei porque você caminhou pela minha sala e colocou a bandeja com um lanche e um copo de suco ao meu lado, sobre a mesa, eu ergui meu olhar e encarei você, você deu um sorriso, aqueles fodidos sorrisos que me fariam bem agora.
Acho que você usou uma lógica que era algo no trabalho ou algo do tipo, você foi companheira ao me trazer aquelas coisas, você foi minha mulher, você relevou eu ter sido e******o e rude.
Mas, quando eu penso que eu não posso me superar, eu me supero nas idiotices com você, amor. Acho que homem tem sempre esse instinto r**m de superação no que se refere a coisa idiotas, em me encaixo nisso tão bem, mas tão bem.
Naquela bela e fodida noite, eu devia ter agradecido pelo gesto companheiro seu, você sabia que eu trabalhava com coisas que demandavam muito de mim, você era compreensiva, mas eu não era, eu falei para você sair que eu não tinha tempo para conversa fiada enquanto trabalhava, naquele dia eu nem me importei com sua expressão triste que você ficou, depois eu não vi você entrar mais no escritório para me contar como havia sido o seu dia.
Essa eu acho que foi um dos primeiros momentos que eu me lembre de ter começado a falhar f**o com você. Muito f**o.
Eu não me importei em saber também sobre você não ir até mim falar sobre o seu dia, mesmo que você perguntava sobre o meu.
Eu não conversei sobre banalidades do seu dia, mas lembro de você escutar sobre o meu, sem eu nem ao menos perguntar o mínimo pra você, quando na verdade você merecia o máximo.
Pra mim naquela época não me atentei a isso. Não depois daquela coisa rude que eu fiz com você no escritório.
Depois daquilo, você nunca mais me contou sobre o seu dia ou o que você estava fazendo longe de mim.
Não conversamos como antes, não da forma que fazíamos, de alguma forma eu não insisti ou pedi desculpa para você, você me deu oportunidade, você ainda aquele dia me desejou boa noite quando eu me deitei ao seu lado, eu apenas ignorei. Fui um filho da p**a sem senso nenhum.
Tudo começou a cair em ruínas eu acho desde ali, havia iniciado uma trágica parte da nossa história, não por sua culpa, mas pela minha culpa amor, a culpa do homem que passou a não te ouvir direito como devia.
Eu deixei de te ouvir. Você ainda tentou.
Eu deixei de fazer o que um companheiro faz. Eu deixei de ser o amigo que você precisava para falar suas coisas, fiz isso de forma fria.
O primeiro passo perder você, foi esse.
Foi não ter sido mais seu melhor amigo.
Foi eu não te escutar, te ouvir, e quando isso aconteceu, mesmo você perguntando as vezes, eu também não fiz mais isso, você não me escutava tanto assim, não por sua causa, mas pela minha, eu não falava mais com você direito, parecia que quanto mais curto eu fosse, melhor.
Não houve essa troca da minha parte e nem da sua, não por você, você podia passar a noite inteira conversando, eu sempre sabia da sua disponibilidade de querer atenção e dar atenção.
Mas eu, eu não.
Esse foi o primeiro passo, me perder, perder você conversando comigo, sendo a companheiro que um dia escutou você e foi escutado, sendo o amigo que poderia ouvir e consolar você em um dia r**m.
E eu começava a dar passos.
Só que não para a frente.
Para trás, isso era um retrocesso gigante, eu só não sabia que isso era só ladeira abaixo, até chegar aqui onde eu estou, sozinho.
Encaro o relógio, já são uma da manhã.
Bem, vamos continuar.
Acho que eu já sei qual é o segundo passo que eu dei pra perder você amor.
AVISO - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até