Acorda de um coma após quatro meses, não é bem como eles mostram em filmes, minhas pernas estavam inúteis, minhas mãos m*l sustentavam um copo de água. E tinha o fato de que eu havia esquecido como pronunciar a maioria das palavras difíceis, elas simplesmente sumiram da minha mente.
O médico disse que eu sentiria dores de cabeça constantemente, tonturas, náuseas e enjoos, ele me disse que era por causa do traumatismo.
Quando eu acordei fiz duas cirurgias, eu não conseguia lembrar de que, eu para que elas serviam. Quase todos os meus ossos foram quebrados com a batida, perna braço costelas. Eu era um milagre, a menina que sobreviveu após ser arremessada quase dez metros de um carro. Meus pais e meu namorado não tiveram tanta sorte, eu evitava pensar neles, a dor era insuportável.
Meu pulmão foi perfurado e eu precisaria usar bombinha de inalação por muito tempo. Já havia se passado uma semana desde que eu acordei e as visitas eram restritas, não que eu tivesse muitas além da minha tia Leonora e alguns colegas da Universidade ninguém mais vinha, eles sempre perguntavam a mesma coisa se eu estava com dor, se estava tudo bem, eu respondia mecanicamente a mesma coisa. Na terceira semana Alissa veio me ver, o que eu vi nos olhos dela não era o que eu esperava, ela me culpava e por mais que não disse em palavras eu sentia em seu olhar a mágoa, a pergunta porque eu e não ele? porque só eu? Eu também me perguntei isso por alguns dias.
Ver seu rosto me fez chorar feito uma criança, eu sentia que tinha tanto a dizer embora não conseguisse pronunciar nada que a confortasse.
__ Alessa! Ela balança a cabeça me impedindo de continuar. A mãe dela me olha com pena, enquanto segura nos ombros da filha, era nítido que ambas estavam sofrendo por esta aqui.
__ Eu sei que eu não devia te culpar mais eu não consigo Amber, me desculpe eu não posso ver você e não lembrar dele. Ela soluça e começa a chorar, eu só fico ali chorando sem controle, meu peito dói tanto que se enfiassem uma faca no meu braço agora eu não sentiria. Depois de um tempo as duas vão embora, a última frase de Alessa não sai da minha mente. “Seja Feliz você está viva” meu irmão ainda não tinha vindo por causa da sua saúde que estava um pouco debilitada.
As fisioterapias eram a pior parte de tudo, mas eu me forçava a continuar pelo meu irmão. Quando eu soube que meus pais e Felipo haviam morrido, uma parte de mim se foi com eles. Eu não fui nem ao menos ao velório deles, eu achava que nunca passaria por uma situação na qual minha vida não faria qualquer sentido, e que a morte fosse extremamente tentadora. Eu entendia o que acontecia com as pessoas quando elas se entregavam à dor, à solidão, aos traumas. Era um caminho sem volta, eu precisava lutar por Theo ele precisava de mim eu era a única família que ele tinha.
__ Quando eu posso ver meu irmão? Eu não conhecia minha própria voz, o médico que estava cuidando de mim se chamava Leonardo, ele me passou uma série de exercícios pela manhã, a maioria deles incluía levantar os braços e as pernas.
__Ambêr seu irmão está com sua tia, breve eles estarão aqui.
Eu apenas concordo, desde que acordei eu vivia em uma bolha e sentia que se saísse dela iria desabar e isso não podia acontecer.
UMA SEMANA DEPOIS
Minha tia nunca veio nos visitar, a última vez que tivemos notícias dela foi no meu aniversário de cinco anos. Na segunda de manhã uma enfermeira veio trocar meus curativos e passou remédios para dor me sentindo cansada e eu apago novamente..
Quando eu abro os olhos não sei mais se é noite ou dia, eu estava em um estágio constante de sonho e realidade, eu ouvia vozes mas não sabia identificar de quem eram.
__Ambêr você se lembra de mim? Essa voz desperta algo em mim, meus olhos enchem de lágrimas era ele Theo, ele estava aqui.
__Theo. Minha voz não passa de um sussurro fino, ele circula meu pescoço em um abraço apertado fazendo com que eu sinta muita dor, ignoro por um momento, tudo que importava para mim era meu irmão, seus olhos brilham com lágrimas eu percebo que estou chorando também.
__Ambêr eu tive tanto medo de ficar sozinho, não faz, mas isso! não me deixe. Ele segura meu rosto, e vejo desespero e medo profundo em seus olhos azuis. Eu arfo, e mas lágrimas caem eu lutaria por ele com todas as forças.
__Eu prometo, que nunca mais deixarei você. Deixo que seu corpo pequeno se aninhe ao meu, mesmo que todos os meus músculos protestem de dor, eu só tinha ele oh Deus.
__Tia Leonora está aqui, ela vai nos levar para Nova York. Ele diz triste.
__Não se preocupe eu estou aqui, daqui a alguns meses faço vinte e um anos vamos ficar juntos, eu vou cuidar de você eu prometo. Beijo seus cabelos dourados e só me lembro do papai, esse pensamento me faz soluçar de dor, como eu viveria sem eles? Me sinto culpada, se eu não tivesse insistido tanto com essa viagem nada disso teria acontecido.
__Você não pode ficar comigo, não temos onde morar. Ele diz triste, antes que eu fale alguma coisa Eleonora entra no quarto, ela usava um vestido branco justo desenhando cada curva do seu corpo, o salto vermelho combinava com o batom que ela usava, seus olhos me analisavam com desinteresse e frieza.
__Theodor pode deixar eu e sua irmã a sós por alguns minutos, tome vá comprar alguma coisa para você comer. Diz tirando uma nota de vinte dólares da carteira, Theo me olha triste e preocupado, mas não contesta.
Quando ele sai do quarto eu tento me sentar e ficar em uma posição um pouco mais confortável, mas uma dor lancinante no quadril me impede.
__Eu não quero ser indireta, mas já passei tempo demais nessa cidade, Theodor e você terão que morar comigo em Nova York, seu médico disse que daqui a algumas semanas você poderá viajar com supervisão médica, infelizmente o plano de saúde não cobre então eu vou ter que gastar muito dinheiro com você. Diz indiferente, eu procuro alguma semelhança com minha mãe em seu rosto carinho afeto, mas não tem nada, embora os traços fossem parecidos essa mulher em nada se assemelhava a ela.
__Sabe que não precisa fazer isso, eu vou fazer vinte e um daqui a sete meses, posso muito bem cuidar do meu irmão aqui, tem o negócio dos meus pais, temos casa eu agradeço que veio de tão longe, mas não precisamos. Tento manter minha voz firme, mas era impossível só lembrar que meus pais não estavam, mas aqui me dilacerava. Ela sorri de forma seca e se aproxima de mim.
__Garota, acha mesmo que se essa opção fosse possível eu perderia meu tempo vindo aqui. Diz como se não fosse a irmã dela que tivesse acabado de morrer.
__Fala assim como se ela não significasse nada pra você. Ela me olha com desdém e estala a língua.
__Emily deixou de significar algo pra mim a muito tempo, mas eu não tenho tempo para o seu chororô, a verdade é que seus pais não tem nada, a casa estava hipotecada para pagar sua faculdade cara, a empresa estava com aluguel atrasado a cinco meses isso fora o pagamento dos funcionários, o seu plano de saúde não cobriu nem a metade das despesas hospitalares, com a morte dos seus pais o banco tomou a casa de vocês para quitar as dívidas, eu tive que vender os carros e a empresa para pagar os funcionários, enquanto ao seguro de vida e seu fundo da Universidade, bem, acredito que vai querer guardar para o tratamento do seu irmão então garota mas uma vez sua mãe só me deixou prejuízo. Deus se isso for um sonho por favor eu quero acordar.