Lorena narrando
Eu fico encarando as taças na mão dele, até que aquele tal de Marcos faz eles deixarem as taças de lado e pegar outro copo, ele tinha visto eu colocando, como se eu fui tão cuidadosa?
Eu saio do salão do jantar e entro para dentro nervosa, eu pego um vaso de flor e jogo longe.
— Tudo bem? – a voz de uma mulher desconhecida soa.
— Não está nada bem – eu olho para ela e ela me encara.
— O que aconteceu? Posso ajudar em algo?
— A senhora pode matar alguém para mim? – ela arregala os olhos.
— Acredito que isso eu não consiga, mas quem sabe o meu sobrinho.
— Quem é seu sobrinho? – eu olho para ela.
— Marcos – ela fala
— Marcos? Aquele filho de uma – eu respiro fundo
— O que ele fez agora?
— Ele impediu – eu olho para ela
— Uau – ela fala – jamais achei que meu sobrinho impediria uma morte, ainda mais sendo quem ele é.
— Quem ele é?
— Quem é você? – ela pergunta
— Eu sou a herdeira da máfia – eu olho para ela e ela me encara – o seu sobrinho pode está em m*l lençóis.
— Você é Lorena? – ela questiona – filha de Pedro Alcantara.
— Sou.
— Prazer, Patricia . Sempre te vejo nas noticias com seu marido Alexandre.
— Não quero falar do meu marido – eu olho para ela
— Era ele quem você estava tentando matar? – ela pergunta – casamento na máfia é de negócios.
— Você sabe muito não sabe ? – eu olho para ela – quem é você?
— Tia de Marcos.
— E quem é esse filho da mãe? – eu olho para ela já sem paciência.
— Chef do morro da Rocinha.
— Aquele ali é o chef do morro da rocinha? – eu pergunto
— Sim, ele é – ela fala
— Meu Deus, inacreditável, não se faz mais bandidos como antigamente – ela abre um sorriso.
— Mas pelo visto, ainda se fez uma mulher como antigamente – eu olho para ela.
— Não entendi.
— Empoderada, cheia de marra e que encheu a boca para dizer que era herdeira da máfia.
— Eu sou herdeira da máfia – eu olho para ela – da próxima vez que a senhora for convidada para um jantar, serei eu a chef – ela me encara
— Espero ser a primeira convidada.
— Você já está sendo – ela abre um sorriso
— Lorena – Alexandre fala me chamando – estou te procurando.
— Estou indo, estava conversando com a tia de Marcos.
— Prazer, Patricia – ela fala
— Alexandre – ele sorri a ela e eu encaro o sorriso dele para ela.
— Está me procurando, não? Então vamos – eu falo pegando em sua mão.
— Ficou com ciúmes?
— De você? Nem morta – ele me olha.
Eu volto com ele para o jantar e com os olhos eu consigo ver Marcos , ele conversava com meu pai e pareciam bem entrosados, ele me olha e eu olho ele, eu e Alexandre passamos por todos os convidados, conversando , era proibido fotos nesses jantares , a descrição era fundamental até mesmo de quem trabalha por aqui, normalmente quem está trabalhando nesse jantar vinha da própria máfia de todo local do mundo, cada convidado cedia um pouco de seus trabalhadores.
Eram tantas regras para seguir, tantas entre linhas que chegava a ser cansativo.
— Eu preciso fumar – eu falo desolada ainda que o meu plano não tinha dado certo.
Em menos de uma semana a gente voltaria para o México e tudo viraria um caos se eles não fossem mortos. Eu ando para uma sala e fecho a porta e Alexandre abre a porta, entra e fecha ela.
— É sério? – Alexandre pergunta me vendo puxar um cigarro.
— É rápido.
— Custa você se comportar pelo menos uma noite?
— Me diz, o que eu fiz de errado? Eu estou fazendo tudo como você quer.
— Você desapareceu várias vezes, fuma, bebe – ele fala
— Ah, desculpa. VocÊ queria que eu tivesse fazendo tricô no meio do jantar?
— Conversando com as outras mulheres, tivesse se vestido – ele me olha de cima a baixo
— O que tem de errado com meu vestido? – eu olho para ele.
— Preto – ele fala – Preto como sempre, você se casou de preto.
— Depois que eu me casei com você , eu vivo constantemente de luto – ele revira os olhos – não tem nada de errado com meu vestido, já viu o tanto de cor que aquelas mulheres usa? Nem no carnaval estamos.
— Para – ele fala – olha seu decote, o vestido justo.
— Tá bom, está com ciúmes que os outros estão apreciando a sua esposa? – eu olho para ele – posso tomar um banho de piscina e ficar de lingerie, quem sabe um top lês.
— Você não me deixe nervoso, eu pedi apenas para você se comportar uma única vez, pare com suas gracinhas – ele me pega pelo braço.
— Me solta – eu olho para ele
— Suba e troque a sua roupa.
— Eu não vou trocar a minha roupa – eu olho para ele – eu não irei trocar a minha roupa.
— Você vai agora – ele fala firme
— Eu não vou e você não manda em mim.
— Estou cansado, suba e troca a sua roupa, tira essa roupa de p**a , de vagabunda, você parece uma vagabunda – eu dou um tapa em seu rosto e ele me solta e eu ando para trás.
— Você nunca mais me chame de vagabunda – eu olho para ele – e eu não vou trocar a minha roupa.
— Você me bateu? – ele pergunta
— Bati – eu olho para ele e ele se aproxima de mim com raiva e eu tento me defender mas ele bate com toda força do mundo em meu rosto, me pega pelos cabelos. – me solta seu covarde, eu vou gritar , socorro – eu começo a gritar e ele tampa a minha boca.
— Quando a gente chegar no México, você vai se arrepender por isso – ele me solta.
— Quem vai se arrepender é você – eu falo e ele para na porta.
— Isso é o que vamos ver – ele fecha a porta sainda.
Eu me sento no chão com raiva , eu passo a mão pelo meu rosto, mas ele não ia vencer, eu ia acabar com ele. Eu me levanto, tinha um espelho, eu arrumo meus cabelos em um coque e saio, quando vou até a porta do salão de jantar, eu procuro com meus olhos Marcos mas não o encontro.