Capitulo III

1324 Words
“Não acredito que paguei o maior mico ontem!”, Penso, enquanto tomo café e tento ficar com os olhos disponíveis. Cada vez que fecho os olhos, revivo a cena degradante de ficar como i****a fazendo bico. Sou uma i*****l, mereço o prêmio e o prêmio de mais fracassada em matéria de relacionamento. Gente, será que é tão difícil assim namorar alguém? Se bem que esse aí, o Sr. Levinsk, pelo que eu entendi não namora, só transa. Não é possível! Desse jeito nunca terei filhos! Até conhecer alguém, me apaixonar, namorar, noivar e casar já estarei velha, meus óvulos tem data de valid. Não quero ser avó antes de ser mãe. Não me olhe assim não! Sei que você, encalhada que está lendo isso, com certeza pensa como eu, posso te imaginar rindo. Depois de tomar banho e me arrumar, olho atentamente meu reflexo no espelho e constato que sou bonita. Os homens estudados se jogar aos meus pés, só que não é bem assim. Na verdade me sinto mais uma multidão. Claro que arrumada eu consigo ficar mais apetitosa, mas será que é só isso o que conta? A aparência? Recuso-me a aceitar! Entro no elevador do prédio em que trabalho e percebo duas moças conversando animadamente. Não quero ouvir, não sou dessas fofoqueiras, e tenho mais o que fazer que cuidar da vida alheia. Mas em um elevador minúsculo é impossível ouvir. - Menina, você viu aquele homem ontem? - diz a loira, colocando a mão no braço da amiga. Penso comigo: que homem é esse, gente? - Nem me fala Angela, fiquei devorando ele a noite toda e ele ficou me olhando também, mas de repente sumiu. - Ouvi dizer que se chama Fernando Levinsk, mas pelo que pude ver, não costuma ser visto com mulheres de nível social inferior ao dele - fala a loira, revirando os olhos. - Pode até ser amiga, mas com um homem daquele qualquer relacionamento está valendo, mesmo que seja escondido - responde a outra, suspirando. O elevador se abre e percebo pela conversa que não sou uma única desesperada, mas sou uma única a ficar parada como uma i****a depois de receber um beijo do tal Fernando Levinsk. Que raiva desse homem! Entro na minha sala rezando para não ser percebida por ninguém, mas é em vão. - Mel, me conta! Até que enfim chegou, estava louca para saber detalhes de sua noite - diz Eunice, sentando-se em minha frente. A ansiedade dela chega a transbordar. - Sério, legal ?! - pergunto fazendo careta, e aumentando-lhe a tortura. - Ah Mel, não me deixa na curiosidade! Você foi embora com o solteirão mais cobiçado de São Paulo e não quer falar nada? - diz impaciente, batendo os dedos na mesa. Fico pensando no que contar a ela, mas só tenho que esquecer a parte do mico. Nem eu quero ouvir isso! - Está bem legal, o que quer saber? - pergunto, colocando as duas mãos na cara. - O que quero saber? Tudo, é claro - responde, se aproximando mais da mesa. Os olhos dela brilham de ansiedade. Sorrio, me divertindo com sua curiosidade, e começo a falar, até que de repente paro. - E aí, aceitou trabalhar para ele? - pergunta, ansiosa. - Não sei amiga, eu quero, claro, afinal, seria algo maravilhoso, não só no meu currículo, mas o dinheiro mudaria a letra social do meu convívio - respondo sorrindo, debochando. - Mas isso vai depender dele agora. Eu estava bêbada e acabei mandando ele embora da minha casa, então nem sei se a proposta ainda está de pé. - Dou de ombros, tentando provar para mim mesma que não estava me importando tanto assim. - Pelo amor de Deus, Mel! Ele não deixaria de te dar a vaga só porque você o mandou embora da tua casa. - Desta vez é ela quem dá de ombros. - Ele deve ter entendido que você estava cansada. Mal sabe ela que fui uma i****a. Putz, acho que nunca vou me perdoar. - Vamos aguardar. Não vou correr atrás, se ele quiser, que ligue - falo, tentando demonstrar uma indiferença que realmente não existe. - Espero que pelo menos me leve junto - diz, piscando. Sorrio meio de lado e pisco o olho esquerdo para ela. - Agora me deixa trabalhar, Legal. Traga uma xícara de café pra mim bem forte e ligue para Eduardo da Copinak, preciso ver com ele o comercial do novo produto. - É pra já chefa - diz, batendo continência e sorrindo. - Mas é palhaça! Vai logo Nice, e não esquece meu café— digo, enquanto ela fecha a porta. Algumas horas depois saio para o almoço, mas como sempre é um almoço de negócios. Dá para contar nos dedos das mãos os dias que almoço direito, mas não posso reclamar muito, pois graças a esses almoços de negócios, onde como feito passarinho, é que consigo manter a boa forma. A maioria dos produtores e jornalistas que prestam serviços para a empresa prefere o horário do almoço para falar sobre os comerciais e reportagens. Claro que sei que não era por falta de tempo deles, e sim porque a empresa paga esses almoços de negócios. Após almoçar com Eduardo e resolvermos todas as brechas do comercial do novo produto, saio do restaurante e vou a pé para o escritório. O restaurante é bem próximo à empresa, literalmente a dois quarteirões. Nada como uma boa caminhada para energizar e arrumar as ideias. Atravesso a rua, ouço alguém assoviar e isso me irrita. Jamais olharia pra trás, isso é xulo, meu nome não é assovio! Continuo andando e faço de conta que não é comigo. Percebo alguém tocar meu ombro e levo um susto. - Meu Deus, que susto. Vc? - falo assustada, colocando a mão no peito. - Como você é tensa ... Por que isso? Sabia que isso é falta de s**o? - diz, sorrindo debochado e passando a mão no cabelo. Ah, esse cabelo lindo! - Hahaha, engraçadinho! - Faço cara de nojo. - Não que isso seja da sua conta, senhor Levinsk - Enfatizo o nome dele de propósito, - mas não estou em falta de s**o, sou bem servida. Obrigada - digo, olhando furtivamente em seus olhos. - Nossa! Como você me diverte, senhorita Navarro - fala gargalhando. O deus grego está debochando de mim ?! Cara de p*u! - Que bom que o faço rir, senhor Levinsk - respondo muito séria, tentando fazê-lo entender que não estou em clima de brincadeira. - Se me der licença, preciso ir trabalhar, pois não tenho a vida ganha como o senhor - digo, empinando o nariz e me virando. - Opa, opa, opa! Senhorita Navarro! Calma aí mocinha! Já falou com seu chefe? Quando vai poder começar na minha empresa? - diz, enquanto segura meu braço e me vira de frente para ele. Merda! Esse choque de novo não! Esse cara não percebe que toda vez que me toca, levo o maior choque? - Ainda não tenho tempo de falar com ele, senhor Levinsk. Mas prometo personalizar-lo até o final do dia, está bem? - Ele realmente é presunçoso. - Está certo, senhorita Navarro. Tome aqui meu cartão, pode me encontrar pelo celular - dizer, entregando o cartão e me olhando de forma sexy. Não sei se eu g**o aqui ou espero chegar no banheiro da minha sala. Mas tenho certeza que faço cara de i****a, porque ele ri. Ele é um debochado, aff! Gostoso! Jesus! Como é que vou continuar a trabalhar hoje? Minha calcinha está completamente ensopada! Pego o cartão e saio. Esse homem tem o poder de me parecer uma i****a, isso sem contar que estou sempre pagando mico. Se bem que não precisa se esforçar muito, pois sou uma i****a! O que me deixa feliz é que ainda posso contar com o emprego. Ninguém ganha tão bem como eu para divertir alguém. Agora tenho que começar a empacotar minhas coisas e começar uma nova vida.
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