Capítulo 81
MAQUINISTA NARRANDO
Quinze anos.
Quinze anos…
Faz quinze anos que eu respiro esse ar mofado, que ouço o mesmo ferro batendo, os mesmos passos duros no chão sujo, os mesmos gritos abafados pelas paredes que ninguém quer escutar.
Quinze anos que eu durmo com um olho aberto e o outro no sonho de liberdade.
Quinze anos que a minha vida ficou congelada.
Eu tava com 25 quando entrei. Hoje tô com 40. O tempo me engoliu aqui dentro. Não sei mais como é o cheiro da rua, o gosto de um café passado na hora, o calor de uma mão amiga de verdade.
A única coisa que eu ainda sei… é que eu tenho uma filha, eu luto por ela há 15 anos. E que eu preciso ver ela.
Me chamam de Maquinista. Sempre fui o cara do movimento, das rotas, dos esquemas que ninguém enxergava. Por isso mesmo, caí do
