Capítulo 94
JOÃO LUCAS NARRANDO ♟️
Já era noite e o churrasco ainda não tinha perdido o ânimo. A carne seguia na grelha, a música rolava num volume equilibrado, e os copos circulavam de mão em mão. Tio depois de tio vinha me cumprimentar. A gente sorria, brindava, falava das antigas, do futuro, do que não pode ser dito na frente das mulheres.
Mas eu sentia o ambiente mudando aos poucos.
Era sutil, mas tava aqui. Na maneira como as palavras do Maquinista vinham ficando mais espaçadas, os olhos mais vermelhos, o sorriso mais arrastado. O homem que saiu de quinze anos de cadeia tentando se reconectar com a liberdade tinha começado o dia sereno. Agora, era outro.
Ele tinha passado tempo demais sem tocar num copo. E, pra alguém como ele, isso era o mesmo que segurar uma bomba com as própr
