Capítulo 29 JOÃO LUCAS NARRANDO ♟️ Já passava da meia-noite quando o velho se levantou no meio da sala, levantando o copo com um sorriso raro no rosto. Desses que ele não costuma soltar, nem nos dias bons. A bagunça deu uma leve trégua, como se todo mundo entendesse o sinal. Silêncio vindo da autoridade. Até as crianças se aquietaram, ou talvez só cansaram de correr. A vó desligou o som, minha mãe se sentou mais ereta, e a galera foi parando aos poucos pra ouvir o discurso. Meu pai, o Imperador, em pé com o copo de vidro na mão, camisa branca aberta no último botão, corrente brilhando no peito. Ele olhou pra todo mundo como se estivesse contando quantos sobreviveram até aquele Natal. E depois, olhou pra mim. Só pra mim. Como se o discurso já tivesse nome antes mesmo de começar. — E

