Era hoje! Megan abriu os olhos morrendo de expectativa. Era hoje o dia do seu noivado com o rockstar Ian Smith, o dia que iriam trocar alianças e gritar para o mundo inteiro do grande amor que um sentia pelo outro. Bem, nesse ponto Megan não sabia o que pensar; quando ela era adolescente, como todas as outras garotas do mundo, tinha um pôster dos The Jones no seu quarto, embora John, o querido John, seu empresário, que na verdade era mais como se fosse o seu pai, o único pai que Megan conhecia, realmente achava uma bobagem isso de pôster no quarto, "pra que ficar jogando dinheiro fora?". Mas Rachel, a governanta, que cuidava de Megan desde sempre, se opôs: - Deixe, John. Isso é coisa de adolescente. Logo passa.
Então John concordou, como faria mais tarde em muitas outras coisas, mas resmungando: "que perda de tempo, que menina boba". Assim que ele virou as costas, Megan a abraçou: - Obrigada, Tia Rachel! O que seria de mim sem você? - Rachel acariciou o rostinho louro e agradecido de Megan com amor, pensando que John era rigoroso demais com aquela menina. E daquele dia em diante, todas as noites Megan dormia admirando o rosto perfeito de Ian, cercado pelos outros rapazes da banda, que Megan também sabia os nomes todos de cor: Jack Daniel, o guitarrista; Peter Cash, o baixista; e o garoto-problema Tommy Starr, o baterista. Quando Megan ia trabalhar - era modelo - sempre uma ou outra das colegas tinha saído com algum deles, principalmente com Tommy. Tommy sempre dava grandes festas e sempre saía com todas as garotas. Quando Megan sabia que Ian estava namorando alguém através de alguma revista de fofoca seu coração faltava estralar de dor. Mas John nunca deixava Megan se aproximar de Ian; aliás, nunca deixava Megan se aproximar de ninguém, dizia que ela era muito nova pra isso e deveria se concentrar no trabalho. E então os lindos olhos azuis de Megan, claros como água, escureciam. Vendo isso, John endurecia ainda mais o semblante carrancudo e dizia:
- Mas o que é que você tem na cabeça? Ficar correndo atrás desse bando de roqueiro drogado e vagabundo? Foi pra isso que eu te criei, que eu passei a maior dificuldade, eu e a tia Rachel? É assim que você nos agradece, fazendo a gente passar vergonha? Crie vergonha no meio dessa sua cara é vá trabalhar que é melhor, quando chegar a hora eu mesma vou arrumar um noivo pra você, e não vai ser qualquer um, vai ser um bom noivo, não é verdade, tia Rachel? - Tia Rachel concordava:
- É verdade, menina, se valorize, deixe que o John cuida de tudo pra você. Garanto que você não vai se arrepender. Você mesma vê suas colegas que saem por aí e terminam na rua da amargura.
E então Megan se consolava, porque John nesse aspecto cumpria o que falava. Megan sempre tinha tudo do bom e do melhor. A melhor governanta da Inglaterra, tia Rachel; diziam que ela tinha cuidado dos filhos da rainha. Quando Megan perguntava como tinha sido cuidar dos príncipes, ela sempre respondia, com os olhos cheios de amor:
- Cuidei deles, criança, mas nenhum dos príncipes ou das princesas que cuidei eram lindos igual a você. Nenhuma criança no mundo tem a sua beleza, minha menina.
Também havia Sir Jacques, o chef mais renomado da França; ele e tia Rachel viviam discutindo na cozinha. Sir Jacques não se conformava de ter um ordenado de milhares de libras, ter sido trazido dos restaurantes mais afamados de Paris, só para ver em sua cozinha uma governanta inglesa e roliça dizer-lhe que a melhor sobremesa era um bom "pudding" inglês. Justo ele, que era o rei do "creme brulée". Tia Rachel sempre levava a melhor, afinal John era inglês e era ele quem comia as sobremesas. Megan não opinava em nada disso, porque vivia de dieta. Raramente beliscava um chocolate, às escondidas. Ainda tinha Charlotte, a secretária, mas essa m*l chegava perto de Megan; servia diretamente a John. E Stacey, a maquiadora, que tinha vindo direto dos sets de Hollywood e segundo John, custado uma verdadeira fortuna. Fora as dúzias de empregados que transitavam por ali, mantendo tudo limpo e em ordem, sob a supervisão cuidadosa de tia Rachel. Sim, Megan tinha em torno de si somente o melhor. E John tinha cumprido a sua promessa. Tinha trazido pra Megan o melhor noivo de todos. O melhor noivo do mundo. Ela suspirou. Valeu a pena esperar.
Do outro lado da cidade, Jim Collins se esforçava pra andar por entre pilhas de caixas de pizza vazias e latas de cerveja. Começou a ficar nervoso. A sala tinha um cheiro indefinido de cerveja choca com cigarro e perfume barato com pizza estragada. Impacientou-se:
- Bob! Bob! Ah! Aí está você rapaz! Em nome de Deus, o que foi que aconteceu aqui?
- Foi Tommy, senhor. Tommy deu uma passadinha aqui com umas garotas... Mais Jack e o Peter... Disse que era a despedida de solteiro. - coçou os longos cabelos castanhos e emaranhados, disfarçando um bocejo.
Jim ouvia sem acreditar. - Que despedida de solteiro! Isso não é casamento não! É só um noivado! E o Ian aceitou?
- O Tommy disse que se o Ian não deixasse eles entrar ele ia quebrar a cara dele, senhor.
- Santo Deus. E cadê o Ian?
- Trancado no quarto, senhor.
- Bem, ligue pra equipe de limpeza. Peça pra eles virem dar um jeito aqui. Eu vou chamar o Ian.
Bob saiu, acendendo um cigarro. Jim sacudia a cabeça. Despedida de solteiro... Esperava que pelo menos isso não tivesse saído nos jornais. Já tinha sido bem difícil convencer o todo poderoso John Roth, empresário e agente da modelo mais famosa do mundo, Megan Lily, a aceitar o noivado dela com Ian. Hoje ia ser o anúncio. Os dois iam juntos à festa de Lady S., sim, eles iriam chegar juntos na mesma limousine! Já estava tudo combinado. Bem, ali, diante dos flashes dos paparazzis, o noivado seria anunciado. E os nomes de Ian, Megan e da banda estariam rodando em todas as mídias gratuitamente pelos próximos seis meses pelo menos, uma excelente publicidade para o disco novo e isso tudo sem o menor esforço da parte da equipe de marketing da gravadora, sem ter que gastar um centavo em publicidade. E para Megan também seria ótimo. Quantas marcas não iam querer ter aquele rosto perfeito em suas campanhas, agora o rosto da noiva de Ian Smith? Era um bom negócio. Era um ótimo negócio. Se John Roth não fosse tão intransigente e imprevisível, até poderia deixar Ian ter um caso com Megan, unir o útil ao agradável. Mas a ordem era clara: Ian não devia chegar perto da menina. Ela não deveria ser incomodada de forma alguma. - Entendeu Ian? - Puxa, mas nem um beijinho? - Só diante das câmeras. Ordens de John Roth. Jim lembrava da conversa que tinha tido com John Roth, difícil, "não quero aquele roqueiro bêbado encostando as mãos na Megan". "Fique tranquilo Mr. Roth, falarei com ele.". Todo mundo sabia que o rosto lindo de Megan Lily tinha aberto um caminho. Mas a determinação e a inteligência de John Roth tinham construído um império. No mundo da moda ninguém se atrevia a contrariá-lo. John tinha bons contatos em toda parte, de modo que Jim Collins queria ficar em ótimas relações com ele. Portanto, Ian que não inventasse de chegar perto da menina! Aquela seria a grande noite. Ian precisava se comportar muito bem. Jim olhava a bagunça no chão. Bateu na porta do quarto. O dia ia começar, Ian precisava estar preparado.
----------- Recado da May (autora) Obrigada por terem lido, sigam e comentem, contem pra mim o que vocês estão achando, eu quero muito saber a opinião de vocês! ❤️?