Continuação do capítulo 1 - Véu de estrelas parte 1

759 Words
Sua mãe acariciou seu rosto e segurou em sua mão com carinho. Respirou fundo e olhou com admiração para a filha: __ Você se tornou uma mulher linda Aisha! Eu tenho muito orgulho de ser sua mãe! (As palavras de Marina soaram com o tom de emoção tão forte que difícil foi para ela reter as lágrimas aquele momento) Aisha sorriu novamente e abraçou sua mãe, permaneceram abraçadas olhando o céu. As infinitas estrelas cintilantes sob seus olhos. E o silêncio também se fez entre elas. Naquele silêncio Marina buscava forças de sua fraqueza para contar a filha tudo que machucava seu coração e sua alma. Não poderia mais adiar, havia passado dezoito anos e era direito de Aisha saber sobre sua chegada ao mundo. Aisha sabia que a mãe estava aflita e tentou de forma ingênua acalma-la: __ Mãe, você acha que um véu coberto de estrelas me deixaria bonita? (A voz da filha a trouxe para a realidade) __ Um véu? (Perguntou Marina não compreendendo) __ Eu andei pesquisando sobre meu pai... (Revelou Aisha) Nesse momento o rosto de Marina se empalideceu, olhava para a filha com pânico. Seu psicólogo havia lhe alertado sobre a possibilidade de Aisha já ter descoberto muito mais coisas a respeito de seu pai e sua família através da facilidade das redes sociais e sites de busca, mas uma mãe erra muito ao subestimar seus filhos. E foi exatamente isso que Marina fez. Ela via Aisha como uma menina ingênua demais para desejar desvendar os mistérios de sua vida que ela ocultava. Não via ou não queria ver os sinais que a filha dava lhe mostrando que já sabia da existência de seu pai e seus familiares. Marina escondia tanto sua dor, que não enxergou sua filha buscando meios de descobrir o que ela omitia. __ Na cultura de meu pai as mulheres usam véu, o hijab! (Disse Aisha encarando os olhos de sua mãe) _ Na cultura de seu pai as mulheres vivem oprimidas, apanham, muitas até morrem por resistir as regras. Não se engane pela sedutora aparência... è tudo fachada para encobrir a crueldade que elas passam! (A voz de Marina soava em alto tom e encarava a filha com os olhos marejados de lágrimas) Tudo que ela havia planejado contar com harmonia e tranquilidade havia se transformado em um contexto de raiva e ódio. O passado chegava com mais força em sua mente e lhe tirava a razão para pensar pacificamente. __ Eu entendo que a senhora tenha muita mágoa do que deve ter vivido ao lado de meu pai... Não quero que sofra por minha curiosidade... me desculpa... (Aisha disse tentando acalmá-la) __ É seu direito saber toda a verdade. Hoje eu decidi te contar tudo e é isso que vou fazer! Mas uma coisa eu te peço minha filha, não queira conhecer de perto o que eu passei, não se coloque em minha pele nem por um segundo, porque eu não permitirei que coloque os pés naquela maldita terra de seu pai! Naquela noite linda e estrelada, Aisha conheceu a história de sua mãe com o libanês Ahmad Al-Sabbah. Um homem muito rico que vivia em uma cidade libanesa por nome Trípoli (em árabe: Ṭarābulus) é a maior cidade do norte do país e a segunda maior do Líbano, situada a 85 kilometros da capital, Beirute. Marina viajou ao Líbano para realizar um intercâmbio com alguns amigos da faculdade e acabou conhecendo Ahmad Al-Sabbah em uma festa de casamento que um de seus amigos fora convidado. Marina foi obrigada a engolir seu orgulho e confessar a filha que desde a primeira vez que viu seu pai naquela festa, se encantou por ele. Marina usou a palavra encanto para esconder a palavra “Paixão”, pois não estava disposta a se mostrar fraca diante da filha expondo seu passado. Ahmad Al-Sabbah era um homem árabe muito bonito. Era alto, forte e tinha olhos esverdeados que possuía um forte poder de sedução. Marina na idade de 20 anos se viu completamente apaixonada pelo libanês que a tratava como se fosse uma rainha do oriente. Lhe presenteou com ouro, lhe entregou véus de seda coberto por pérolas raras do mar mediterrâneo e lhe prometeu o mundo se se casasse com ele. Durante os seis meses que estudavam ali naquele pais, Marina se relacionou com Ahmad Al-Sabbah. E nesse relacionamento Marina vivenciou de perto a cultura e tradições daquele povo. Ela frequentava a mansão de Ahmad, conheceu sua família e logo passou a odiar tudo que pertencia ao mundo árabe.
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