Capítulo Quatro

1507 Words
— Você não é perfeito! Eu já fui jovem e não sei se você sabe, mas, foi a Es que me levou para a igreja. A história se repete. Só vai depender de você! - fala. Apesar de não gostar do assunto, agora não é hora disso.  —Como foi que aconteceu, o acidente? - falei enquanto fitava os arranhões no lado esquerdo do seu delicado rosto.  — Bom. Ela foi ao centro comprar um presente para você!  — Pra mim? - Por que? Pra que? Realmente foi culpa minha?  — Bom, foi o que ela me disse. A abracei. Dei-lhe um beijo. Disse que a amava. - ele fala e sorri em meio a tristeza. — Quando ela estava no cruzamento, aquele perto da saída para a ponte. Um  caminhão de frutas do mercado próximo perdeu o controle. A polícia ainda está investigando, mas pelo que parece, ele estava irregular. O freio não funcionou, foi para um lado e para o outro e iria bater em uma minivan quando a Lya jogou a caminhonete na frente. Foi o que a motorista contou. Disse que uma menina branca de cabelos pretos jogou uma caminhonete, que estava ao lado esperando o semáforo abrir, na frente deles. O caminhão bateu na Lya e com a força o carro ainda bateu na minivan. As crianças estão bem. Mas a minha menina... Toma! - Ele fala e se vira para pegar algo em uma bolsa que estava em cima da cadeira. — Eu só descobri que era seu quando abri. Me desculpe por ter aberto seu presente.  — Não! Tudo bem! - a olhei.  — É uma bíblia. Sabe o que é? - Perguntou.  — Sei! - menti. Mais ou menos. Há muito tempo que não vejo uma.  — É sua! - Ele estende o pequeno livro preto. — Espero que faça uso. — Até depois, Sr Sanger! - falei. Não, eu não queria sair. Não queria deixá-la. Mas era necessário. Da última vez que passei isso, eu sofri demais. É melhor eu me desapegar logo. Se ela morrer, não vou sofrer tanto. Desço pelo elevador até o térreo. Entro no carro e coloco o livro no banco do carona. Rumo até a casa do meu pai. Sei que vou ouvir muito, mas não interessa, eu precisava vê-la.  (...) — Parabéns! Está agindo certo! - disse meu pai assim que pus os pés dentro de casa.  — Pai! Eu precisava.. - me interrompeu.  — Você embarca no primeiro voo pra Itália! Vai ficar com sua avó por um tempo! - fala.  —Não! Não mesmo! Por que? Pra que? Se é por causa de hoje eu não saio mais! - explico.  — Esses Sanger vão nos afastar e antes que isso aconteça eu te separo dessa garota. - porque a culpa é sempre deles? — Se for assim. Eu vou embora! - falo e dou meia volta e dois passos até a porta de saída. Catherine está descendo a escada com Ben.  — E vai se sustentar como? Não sabe da novidade? Tranquei sua conta no banco e fechei aquele quarto que você chamou de seu apartamento. - não. Ele não pode ter feito isso.  — Isso tudo pra me manter na prisão? - pergunto olhando-o incrédulo. — No próximo voo para a Itália. Quero você nele. - fala. — Me amarra e me joga lá dentro. Talvez assim eu vá. - falo e subo dois degraus por vez.  — Jhon! Ela é a única amiga que ele tem. Quais outros você viu ele trazer? Aqueles que oferecem drogas e que são péssimas companhias. Ou aquela que fez o seu filho se inscrever em Princeton? Jhon! - Ouço Cath falar com meu pai que a interrompe rudemente.  — Cala boca! É meu filho! - ele grita. Ben tampa os ouvidos e começa a subir a escada. Estou no topo observando tudo. Apoio minhas mãos no beiral e respiro fundo. — Você não ama ninguém. - sua voz é baixa, fraca e transpassa toda a tristeza sofrida.  —Ainda bem que você sabe! - ele...ele disse isso? Pai? Como você se tornou...  — Como você se tornou isso? Um poço de amargura? - diz incrédula e seus olhos estão marejados. Ela caminha subindo a escada pegando no colo o Benjamin que estava quase no topo.  — Catherine! Amor! Descul... - Entrei em meu quarto e bati a porta. Eu não vou viajar. Ele não pode fazer isso! Me sentei na cama e o telefone tocou.   —  Fala Alex.. - nada entusiasmado. — Mano! Onde você está? O Sr Fiddes já viu o trabalho de todo mundo. Estava esperando você e a Miss esquisita.  — Não fala assim dela, velho! Aconteceu um problema.  — Você que colocou esse apelido nela, pô. Como assim aconteceu algo? Vai me dizer que  ela não gostou da transa? Ou foi tão bom que esqueceram que hoje tinha o trabalho? — Lya está em coma.  — Mentira! Sério mesmo? Sinto muito! Sabe que pode contar comigo, né? Sabe onde encontrar aquilo que tira os seus problemas e é só pedir.   — Tô achando que vou precisar mesmo!  — Se quiser eu levo, só separar  20 dólares pelo saquinho. — Beleza. Manda me chamar! Vamos ver se esse negócio é bom que nem você fala. Coloquei o celular na cômoda e desci. Morrendo de fome! Sem comer o dia todo.  — Léthi, prepara alguma coisa pra eu comer que estou morrendo de fome. - falo e me sento no balcão da cozinha.  — Claro Liam! O que você quer comer? - pergunta.  — Comida. - falo. Ela ri e abre o armário, mexe em algumas coisas tirando um macarrão instantâneo. Prepara rapidamente e junto com um copo de refrigerante me serve. Como rápido e um dos seguranças vem me informar que o Alex já chegou. Coloco o prato na pia e vou até ele. Ele sorri assim que me vê.  — Mas você está péssimo em! Realmente está precisando disso! - Ele fala e coloca na minha mão um saquinho transparente com um ** branco. — Da boa! Pura! Vale cada centavo!  Tu vai gostar! - comenta. Ele está enérgico, seus olhos avermelhados, acho que ele está usando.  — Valeu cara! Estou decidindo se uso ainda! - expliquei Sempre dizem que isso é uma burrada. — Cara, é bom! Vai ser bom! Isso vai te deixar leve, feliz e vai esquecer os seus problemas! - ele completa. É tentador.  — É disso que estou precisando! - falo. —  Valeu Alex! Até mais! - Cumprimento-o com um toque de mãos. — Até! E depois me liga pra pedir mais. Sempre pedem. - ele fala e entra no esportivo prata.  Caminho para casa escondendo dentro do bolso da calça que me faz lembrar de um chocolate que comprei, mas acho que esqueci no carro. Vou pegar! Abro o carro e a primeira coisa que vejo é a tal bíblia. Pego. Vou levar lá pra cima também. Apesar do que é. Não deixa de ser um presente da minha baixinha. Abro o porta luvas e nada de chocolate, mas, uma fita branca me chama atenção. Guardei aqui para não esquecer dela. É só uma fita. Eu dizia. Mas.... Mas essa fita me traz momentos bons. Me trazem lembranças muito boas. Pendurei no retrovisor e fechei o carro. Vou para o quarto. Joguei a bíblia na cama, tirei a roupa colocando a d***a em cima da cômoda no meu quarto e vou tomar um banho. Peço que a água leve toda essa dor de cabeça maldita que me assola. Me enxuguei e coloquei uma cueca cinza, uma calça jeans e me joguei na cama, batendo em algo.  — Caral...- Lya! Lya! — ramba! Caramba, o que é isso? - falo e pego o causador da dor nada singela. — Bíblia. - sussurrei com rancor. Bufei e deitei no travesseiro com o item em mãos. — Como será que... - Procuro o zíper e abro. Folhe-ei até que pude ver algumas letras escritas por canetas coloridas. Azul, verde, amarelo e rosa. Essas eram as cores do pequeno texto na contra capa da bíblia. - Bom... Vamos ler.  “ Querido Liam! Eu não devia te escrever isso, mas, Deus mandou, então. Sim! Estou com uma raiva enorme de você, mas...passa. Até porque, não acredito bem no que me disseram. Liam! Apesar de saber que você não ama a ninguém a não ser você mesmo, quero lhe contar que te amo. Sim, em meio a raiva eu estou confessando o meu amor. Mas antes disso vem algo mais importante. Então, deixe eu te lembrar uma coisa. Sabe o contrato?  Está valendo! Estou colocando agora uma clausura nele. Todos os dias, no horário que preferir, vai ler um verso da bíblia. Qual? Qualquer um dos que estejam marcados. E você irá começar agora! Neste exato momento. Isso mesmo. Eu não sei o que está passando, mas, Deus todo poderoso, sabe! Nada de burlar as regras em! Beijos de sua Lya, que te ama e te odeia. ”
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