Capítulo Três

1421 Words
Acordei com o baixo ruído da porta fechando. Olhei em direção a janela, e o sol já estava em toda a sua magnitude. Dia quente e sem graça. Me inclinei para levantar da cama, quando senti uma mão em meu peito. Eu fiz isso novamente?  — Não levanta bebê! Fica aqui comigo! - disse a voz que me dá ânsia. Não disse nenhuma palavra e me ergui sobre o edredom macio. Procurei minha cueca, mas não achei. Esquece, não preciso. Coloco a calça e pego a blusa preta. Pego o meu tênis e não calço. Só quero sair daqui.  — Ah, leãozinho! Vem brincar de novo! Vamos fazer outra brincadeirinha como ontem. - Ah Laís! Sua b***a magnífica me trouxe novamente à sua cama. —Não! - disse ríspido. — Não quero te ver e nem se dê ao trabalho de falar comigo. Isso não vai se repetir!  — Aham - ela diz com voz de sono. — Daqui a pouco você está aqui de novo!  Apesar de não querer, o s**o me faz voltar. Ela sabe bem o que faz. Sai do quarto, e descendo a escada vou pedindo que Lya não me veja sair daqui. Passei rápido pelo hall e os pais de Laís estavam tomando café. Nem sequer os cumprimentei. Entrei na caminhonete e espero, o lerdo segurança, abrir o portão.  Arranco com o carro torcendo para que Lya não veja a "nada chamativa" frontier azul. Passo pelo portão rápido olhando para a casa dos Sanger. Comparada a mansão dos Sánchez, ela é um pequeno amontoado de madeira e cimento. Sigo pela estrada até a minha casa. São umas 10:00 da manhã. Entro em casa e passando pelo hall escuto uma voz conhecida, Lya. Ela chama meu nome baixo e fraco. Olho para os lados procurando. Será que ela está aqui? Pergunto a Léthi se ela está e a mesma n**a com a cabeça. Ok, maluquice minha. Subo e vou direto para o banho. Tentar tirar esse cheiro de transa. Perfume da Laís é um doce enjoativo, o da Lya não. O dela é algo mais forte, e refrescante. Um cheiro marcante e de guardar lembranças. Mas... Porque eu estou pensando nela? Saio do banho e me jogo na cama. Durmo a tarde toda e só acordo com meu pai me chamando por uma pequena brecha na porta.  — Liam! Acorda m***a! - grita.  — Levantei já! - resmungo me levantando cambaleando por causa do sono.  — Aquele Sanger está aí! - sinto todo o rancor e o ódio em sua voz. — Desce logo! Ele quer falar com você!  Ele sai batendo a porta atrás de si. Vou até o banheiro, faço minha higiene e ponho uma camisa branca com um desenho na frente que não sei bem o que é. Passo a mão no cabelo amassado, em um ato de concerta-lo. Desço a escada devagar e o Sr. Sanger está de pé na porta. Meu pai não teve nem a educação de convidá-lo para entrar.  — Boa tarde Sr Sanger! - o cumprimentei.  — Gostaria que fosse! - fala e o olho sem entender.  — Aconteceu algo? - falo. Ele está abatido. Parece que...chorou.  —Liam! É difícil dizer. - Ele respira fundo e encara o chão. Engole a saliva e volta a me encarar. — Hoje cedo, por volta de 10:00 horas, um caminhão de pequeno porte, fechou uma caminhonete no principal cruzamento no centro. Esse caminhão perdeu o controle e avançou o sinal vermelho e tentando retomar o controle, se virou para a direita colidindo com essa caminhonete velha.  — Ta Sr Sanger! Mas... quem estava na caminhonete? E por que isso? - pergunto preocupado. Ele me olha e respira fundo.  — Lya está em coma! - fala baixo e as palavras são como navalhas que percorrem meu corpo. Não! Lya? Lya?  — Mas...mas.. Mas a vi ontem e ela estava bem! Estava bem... - um sentimento de dor e desespero tomam conta do meu ser. Agora sim! Agora sou só escuridão! Cambaleio para trás e senhor Sanger segura em meu braço evitando assim o meu tombo. Lya! Um amargor sobe a minha boca e meu coração está dilacerado. — Onde ela está?  —No hospital municipal de Middletown. - fala. — Ela...ela está tão frágil, pequeno Liam. Minha menininha. - Ele chora. É de cortar o coração.  — Eu vou com o senhor! - falo e estou me segurando pra não chorar. — Você não vai! - meu pai se pronuncia bem atrás de mim. — Sinto muito pela sua filha, mas você precisa ir embora! - Que novidade. Sem remorso algum em sua voz ele ordena. Ele acha que começarei a obedecê-lo agora?  — Eu irei! m*l cheguei e você já está começando essa crise? - falo. — Ela é a pessoa mais importante pra mim!  — Então onde você estava quando ela sofreu o acidente? - esbraveja. —  ONDE? Diga para o pai dessa menina em que cama e com quem você estava. Você é jovem e não vai querer ficar preso a uma garota, ainda mais sendo dessa família. Essa garota não.. — Não termine essa frase ou te darei uma surra como devia ter te dado a anos! — Sr Sanger fala. Como meu pai tem coragem de falar isso. A filha dele está em coma no hospital e ele está olhando para o próprio nariz? — Respeite seu pai!  — Mas Sr Sanger! - falo e ele balança as mãos encerrando o assunto. Se vira e vai embora. — É a única filha dele!  — Eu sei! E você é meu único filho. Não quero que você sofra! - fala.  — Você não pensou em mim. Pensou na sua raiva! - completo e subo rápido para o quarto. Meu pai tem se mostrado cada vez pior. Ele é ódio e tudo a sua volta é sempre para o seu próprio bem.  — Li! - Benjamin fala correndo ao meu encontro no corredor. — Saudade doxê.  — Também estava com saudades de você irmãozinho. - sorrio, o abraço e me despeço.  Vou para o quarto. Tenho que dar um jeito de ver a Lya. Isso não pode ser verdade. A minha branquinha. Minha garota. Fiquei sentado alguns minutos encarando a cômoda tentando pensar em uma forma de sair. Uma ideia me vêem e olho para a janela e depois para a varanda. Chego até a beirada da mesma e vejo se tem como descer. Tem! Pego a chave do carro e escalo. Meu pai com certeza está de guarda na sala. Passo da varanda para uma janela, me pendurou e desço para outra janela e desço para o chão. Entro no carro ao me verem abrem o portão, saio rápido antes que meu pai tente me impedir. O que aconteceu a Lya? Como isso foi acontecer? Por favor amor, acorda logo! O caminho é lento e demorado. Apesar de ser a mesma distância de sempre, pra mim foi uma eternidade. Estacionei o carro e entrei no hospital, mas onde, qual andar ela está?  — Com licença? Lya Sanger? - pergunto à atendente. Suas feições me lembram Laís e me arrependo mais uma vez por ceder a seus encantos.  — Quarto andar, sala 43 Lysandro  Sanger. - Ela fala. Corro até o elevador e mais uma vez ele sobe a velocidade nula. Assim que ele abre procuro a sala. — 12...24...33....36...40... 43! Lya! - falo ao entrar e a enfermeira me olha tensa.  — Desculpe! - sussurro e olho para minha baixinha. Seu rosto... Seu corpo. Eu não queria, eu estava me segurando. — Lya...- sussurro outra vez e as lágrimas saem. Lipo-às rápido e a enfermeira se levanta. Ela estava fazendo um curativo em sua coxa. Está toda ralada. Tubos saem de sua boca e vários aparelhos eletrônicos ao seu lado. Os bipes constantes dão uma agonia eterna. Você precisa acordar meu amor. Não me deixe na escuridão! Não me deixe aqui! — Não me deixe! Por favor! Eu...eu..  — Liam! - Sr Sanger fala espantado. Limpo mais uma lágrima que cisma em sair e vou logo apertar sua mão. — O que você...  — Eu precisava vir Sr! Me desculpe se incomodo mas a Ly... Ela, ela muito importante para mim Sr! Ela é meu lado bom. Ela é o sorriso que me faz falta. Ela é... - Não consigo resistir e choro. Levo as mãos ao rosto cobrindo e sinto braços fortes me envolverem. — Desculpa Sr Sanger. Eu sou um i****a e sua filha um anjo!
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