Entre a Terra e o Mar

Capitulo 3

A manhã era ainda silenciosa quando Laura acordou, o céu estava tingido de um azul suave e o ar estava fresco como se prometesse um novo dia cheio de novas oportunidades. Ela sabia que aquela seria a oportunidade perfeita para capturar imagens dos marinheiros e das suas embarcações preparando-se para a sua jornada no mar, imagens essas que ela nunca tinha presenciado.

Vestiu roupas leves e pegou na sua máquina fotográfica, que sentia como uma extensão de si mesma, e desceu pronta para registar a essência do lugar. A cidade ainda dormia, com poucas pessoas pelas ruas. Aquela brisa matinal parecia quase convidativa, como se o mar a chamasse para perto dele.

À medida que percorria as ruas, a paisagem diante de Laura era de uma paz incomum. A luz suave da manhã banhava as fachadas coloridas das casas e das pequenas ruas vazias que ela atravessava. Ela seguiu para a praia, ansiosa para ver o que o mar tinha reservado para ela naquele dia.

Quando chegou à orla, o cenário era deslumbrante. A água do mar, em tons de um verde azulado, estava calma, quase como um espelho. Ao longe, Laura avistou as embarcações a preparar-se para partir. Os marinheiros estavam alinhados na beira da água, ajustando as suas redes e velas com uma destreza que ela sabia ser fruto de vários anos de experiência. Mesmo ao longe, dava para perceber a conexão deles com o mar e cada movimento que faziam era como uma dança silenciosa, que mostrava o respeito que tinham com o mar e com a rotina que faziam todos os dias.

Laura se posicionou à distância para capturar o momento certo para a imagem perfeita. Ela observava todos os movimentos com atenção, sentindo-se parte daquele ritual silencioso.

Cada marinheiro parecia uma figura de outro tempo, com as suas roupas simples e notavelmente desgastadas, expressões sérias, como se estivessem se despedindo do mundo conhecido para adentrar a imensidão do oceano.

Ela sem esperar mais tempo começou a fotografar, os cliques da câmara misturando-se com o som suave das pequenas ondas que rebentavam na areia. O marinheiros concentrados no seu trabalho nem a notaram e ao fundo, um deles prendeu a atenção de Laura.

Ele olhava concentrado para o horizonte como se falasse silenciosamente com o mar, depois de algum tempo olhou para o céu e voltou aos seus trabalhos. Outras pessoas podiam ver aqueles gestos como um momento de incerteza do marinheiro, mas Laura via mais profundamente. Laura via coragem e determinação no seu olhar.

Ela sentiu-se privilegiada por estar ali, testemunhando aquele momento tão íntimo na vida daqueles pescadores.

Conforme o sol se erguia mais alto, o movimento na praia aumentava, e os barcos estavam prontos para partir. Ela caminhou para mais perto, agora capturando as imagens dos barcos já a navegar pelas águas tranquilas, com as velas abertas ao vento.

Enquanto o último barco se afastava da costa, Laura sentou-se na areia observando-os a desaparecer no horizonte. A luz dourada do sol refletia na água, criando uma sensação de calma. Ela sabia que aquelas fotos mostravam muito mais do que simples imagens, ela sabia que contavam uma história que ia além do que os olhos podiam ver. Elas representavam o vínculo profundo entre aqueles homens e o mar, a coragem de se lançar no desconhecido e a tradição preservada em cada gesto.

Ela olhou para a sua máquina fotográfica enquanto passava as fotos e sorriu. Tinha a sensação de que aquele momento capturado com tanta precisão, seria algo que ela jamais iria esquecer.

De volta a casa, ela já sabia que as fotos que ela tinha tirado contariam a história que ela queria compartilhar com o mundo. A história do mar e das pessoas que o chamam de lar.

Já sentada no sofá a desfrutar do seu lanche, ela sentia uma gratidão enorme por estar ali, naquela cidade, rodeada por aquelas pessoas. Com certeza voltaria outra manhã à praia para desfrutar daquela paz que aquele cenário a fez sentir, desta vez não para capturar fotos, mas apenas para apreciar aquele momento de calma.

Agora tinha a certeza. Aquele era o seu lugar no mundo e m*l podia esperar para começar a criar novos momentos e memórias na sua vida.