Capitulo 4

1103 Words
3 semanas depois Laura já se sentia parte da cidade, todos os dias conhecia novas pessoas e novos lugares e cada vez que descobria algo novo, conseguia ficar ainda mais apaixonada pela cidade. Tinha acordado especialmente animada naquele dia, mas ao mesmo tempo sentia uma leve apreensão. O Festival da Lua Cheia que era uma das tradições mais aguardadas do ano, começava hoje e estendia-se até domingo, seriam 3 dias de novas oportunidades para conhecer mais um pouco sobre a cidade e presenciar a magia que todos diziam que acontecia durante o festival. A cidade à beira-mar, com as suas ruas estreitas e casas coloridas, parecia viver em uma sintonia única com o oceano. E aquela noite estava ainda mais especial, com as luzes suaves das lanternas penduradas nas árvores da praça central, que iluminavam o ambiente de uma maneira especial, criando uma atmosfera misteriosa e acolhedora. O festival estava em pleno andamento quando Laura chegou à praça, o ambiente vibrava com os risos, músicas e o som suave das ondas ao fundo. As lanternas nas árvores iluminavam os rostos animados das pessoas, e a atmosfera era de magia e expectativa. Laura caminhava pela praça, absorvendo o ambiente encantador, mas de alguma forma, sentia que algo mais estava prestes a acontecer. Foi então que os seus olhos o encontraram. O marinheiro que ela tinha fotografado há semanas atrás estava ali, conversando com alguns amigos. Ela reconheceu-o imediatamente. Ele estava exatamente como na foto que ela tinha tirado, quando o viu embarcar no navio na praia. Ela se lembrava bem da maneira como ele tinha caminhado até ao barco antes de partir, o olhar distante e pensativo com a brisa do mar despenteando levemente os seus cabelos. Tudo tinha ficado congelado na fotografia e sem se dar conta, congelado também na memória de Laura. E agora ele estava ali, tão real, tão próximo. Laura sentiu o seu coração acelerar. Ele não a viu imediatamente, mas ela não conseguiu desviar os olhos. Observava cada movimento dele, cada sorriso que ele trocava com os amigos. E quanto mais ela o observava, algo parecia puxá-la na sua direção. Ela não conseguia explicar o que sentia, mas havia uma sensação de que aquele encontro era parte de algo maior. Como se sentisse observado, ele levantou os olhos da conversa e os seus olhares se cruzaram. Algo silencioso passou entre eles e os dois congelaram por um instante. Ele estudou-a por um breve momento como se tentasse lembrar-se se já a tinha visto em algum lugar da cidade, mas por mais que se esforçasse nenhuma memória dela vinha ao de cima. Ele nem acreditava no que estava a fazer, mas algo o puxava na direção dela e num movimento rápido, afastou-se do seu grupo de amigos e foi em direção a Laura, com um olhar curioso e intrigado. Quando chegou perto, ele sorriu com um toque de dúvida no rosto. - Oi - disse ele com a voz suave - Eu não quero parecer estranho, mas por acaso já nos encontrámos antes? - algo nela lhe parecia familiar Laura que ainda estava a tentar processar a intensidade do momento, ficou em silêncio por uns segundos, sentindo o peso da sua própria surpresa. -Oi! Na verdade não... quer dizer eu já te tinha visto antes, na praia, enquanto estavam a preparar os barcos, e confesso que tirei algumas fotos sem permissão - Ela decide ser sincera mesmo estando a morreer de vergonha pela confissão Ele ficou em silêncio por um momento como se estivesse a tentar lembrar-se de a ter visto na praia, mas nada. Ele ficava tão empenhado e concentrado quando estava prestes a embarcar, que só o que importava para ele naqueles momentos era o mar à sua frente. -Então é melhor me apresentar - ele estica a mão para ela - Chamo-me Ângelo Ela retribui o gesto e assim que a sua mão toca na dele, ela sente uma conexão que não consegue explicar. - Chamo-me Laura, sou nova na cidade. Peço desculpa por ter tirado assim as fotos, mas perdi-me naquele momento e foi quase impossível não o fazer - Ela pede desculpas, justificando-se Ângelo sorriu levemente, como se compreendesse a atitude de Laura. Ele não parecia incomodado. Em vez disso, parecia genuinamente interessado. - Não se precisa desculpar. Eu sei como nos podemos perder num momento, especialmente quando o mar está ali a chamar a nossa atenção. - ele observou o ambiente por um breve momento - Então, o que te trouxe à cidade? - Ele pergunta realmente interessado - Estou a tentar encontrar o meu lugar. Não é fácil nos mudar-mos para um lugar novo, mas eu estou a gostar da cidade, é tranquila e tem um ambiente acolhedor - Ela começa a relaxar mais à medida que a conversa avança -Se é essa a opinião em tão pouco tempo, parece-me um bom começo para uma nova vida aqui - os olhos azuis dele por algum motivo parecem brilhar ainda mais depois daquela frase Ele guia-a até uma das barraquinhas de comida e pede dois doces que ela ainda nao tinha visto desde que chegara à cidade. - Prova - ele entrega-lhe um e espera que ela prove, cheio de expetativas Laura dá a primeira dentada e m*l consegue acreditar no sabor maravilhoso que explode na boca. É a coisa mais deliciosa que ela já provou até agora e a cara dela não consegue negar o que sente. - Ainda não tinha provado nada igual. Nem sei como a Ana não me deu a experimentar Ana tinha-a levado a conhecer quase toda a cidade e com isso tinha experimentado muitas iguarias novas, mas nada se comparava aquele momento. -Ana realmente conhece muito da cidade, mas como a maioria das pessoas por aqui, esquecem-se de alguns promenores e até mesmo da parte mais antiga da cidade - Ângelo explica-lhe - Então quer dizer que és um guia turístico dos mais qualificados? - Laura brinca -Podemos dizer que sim. - ele responde no mesmo tom de brincadeira - Se a menina precisar de um guia, estou ao seu dispor - E se eu aceitar? - Laura sente-se nervosa com a proposta que acaba de fazer, mas algo dentro dela a estava a tornar mais corajosa - Irei estar aqui para concretizar o pedido - Ângelo olha-a com intensidade e Laura desvia o olhar Não sabe que conexão é aquela, mas só de estar próxima a ele, o momento parece ter outro significado. Talvez se sinta assim por se sentir sozinha há tanto tempo, ou então seja mesmo algo que aquela cidade tinha guardado especialmente para ela.
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