Prólogo
— Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada além da verdade, diante da corte, sob condições de punição caso haja omissão ou relatos falsos?
Ergui minha mão direita, ouvindo o soluço da minha mãe, balançando a cabeça negativamente pra mim mesmo, por fazê-la sofrer, mas sem um pingo de arrependimento dos meus atos.
— Senhor Bieber? Isto é um julgamento, o senhor mais do que ninguém deveria estar prestando atenção.
— Desculpe, excelência — falei.
— Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada além da verdade, diante da corte, sob condição de punição caso haja omissão e relatos falsos?
— Sim, meritíssimo.
— Na noite do quarto sábado do mês retrasado, antes da comemoração do ano novo, o senhor confirma ter assassinado Nicholas Joel Hank?
— Confirmo — dito isso, ouvi minha mãe gritar e me xingar, mas não abaixei a cabeça.
— Confirma tê-lo espancado até que ficasse inconsciente?
— Confirmo, senhor.
Outro grito da minha mãe.
— Confirma também, tê-lo tirado parte dos genitais antes de mata-lo à facadas?
— Confirmo.
— O senhor está arrependido?
— Não, senhor.
— Por que não? — assim que ele perguntou isso, parte da corte manteve o olhar em mim.
— Isso é um motivo meu, senhor.
— Precisamos saber, para que haja cota na sua pena, direitos e uma punição justa.
— Puna-me como quiser.
— Preciso que colabore — o juiz bebeu um pouco d'água e eu olhei para a minha mãe, olhando em seguida, meu pai do outro lado da bancada com sua esposa.
— Meu padrasto não me agradava — justifiquei.
— E por esta razão o senhor o matou?
— Sim, não nos dávamos bem — confirmei, ainda com a mão direita erguida.
— O senhor já passou por algum trauma causado pelo seu padrasto?
Fiquei em silêncio, molhando os lábios.
— Não, excelência.
— Senhor Bieber, condeno-lhe a vinte e cinco anos de prisão — ergui meu olhar, sentindo o coração bater forte — sem direito à fiança, sem direito à socialização, ficará por vinte anos na solitária, sob segurança máxima. Na próxima semana, será transferido para a prisão de Ottawa.
— Certo, senhor.
— Pelos poderes a mim concedidos, diante do tribunal, eu declaro Justin Drew Bieber culpado pela morte de Nicholas Joel Hank, seu padrasto, sendo assim, condeno-lhe por homicídio culposo — o juiz fez uma pausa — encerramos aqui.
Meu pai me deu um abraço apertado quando fui sair da corte (já algemado), prometendo me visitar, mas minha mãe, bom, ela ainda estava gritando.
— Você é feito de ódio! — ela disse, me fazendo negar com a cabeça.
— E você? É feita do que? — sequei meus olhos — do que somos feitos, mãe?