Capítulo 238
Lilith não saiu mais do quarto, já era noite quando Cassius estava ao lado de Laysa em frente a porta da menina, mas estavam desencorajados a bater à porta.
— Será que ela vai ficar bem? — Pergunta Laysa insegura.
— Ninguém vai ficar bem até que você esteja bem, além disso, ela se mostrou mais madura do que o esperado. — Suspira pensativo encarando a porta enquanto mantêm os braços entrelaçados demonstrando seriedade.
— Então ela não vai ficar bem... — Lamente com o olhar cabisbaixo.
— Não pense nisso, eu vou mantê-la em observação, vou pedir aos meninos que me atualize de tudo quando ela sair de casa, eles sabem que a situação é delicada, mas... como já sabemos. — Murmura pensativo. — Pode ser que ela nem tenha ânimo para sair do quarto.
Assim que termina de falar, Laysa se encosta na parede demonstrando exaustão em seguida fingindo estar bem.
— Que droga... poderíamos ter escondido até o final, seria uma dor só, não é mesmo? — Pergunta com a voz falha enquanto seus olhos marejam.
— Está ficando louca? Ela está certa, somos uma família e vamos te acompanhar em tudo até que você esteja bem, amanhã pela tarde você tem consultas, eu vou com você, vou pela manhã na academia e quero que você repouse até que eu retorne. — Lhe instrui enquanto a pega em seus braços a levando para seu quarto.
No dia seguinte Cassius se levantou bem cedo, após uma noite m*l dormida, inseguro, observando Laysa e o quanto ela estava desconfortável sentindo dor, seu ânimo para sair após essa noite era a mínima possível, mas teria que ir para a reunião.
Naquela manhã seria o momento em que ele passaria todo o relatório sobre a reunião e anunciaria Ramis como um dos novos membros do conselho mundial representando Texas, EUA.
Ramis esperava Cassius em frente a sala de reunião, demonstrando apreensão, nem mesmo ele parecia ter tido uma boa noite de sono.
— Parece que não foi só eu que acabei pernoitando. — Comenta Cassius desanimado.
— Obvio, Lilith estava bem m*l ontem, ainda assim não quis falar comigo, nem me atendeu, fiquei com medo dela não estar bem.
— Bom... ela não está bem, mas está agindo da mesma forma que como sempre age, se isola e com sorte ela vai sair dali bem, ou... — Ele desvia o olhar desconfiado.
— Ou para aprontar alguma coisa.
— Sim... hoje eu vou sair com Laysa, vou acompanhar como está sua saúde, monitore ela até que eu chegue. — Ordena discretamente em seguida entrando na sala de reunião onde dezenas de homens esperavam os dois.
Aquele momento era um momento de comemoração entre eles, exceto para Cassius e Ramis em meio a preocupação, Cassius apresentou todo relatório e finalmente fez o anúncio tão esperado, então finalmente estava no momento de calcular o nível de influência que Ramis teria na cidade, ele teria que estar entre as dez potências.
Todos se mantinham de pé, enquanto Cassius estava sentado à mesa e eles a alguns passos atrás da cadeira curiosos mantendo seus olhares fixos na tela.
— É isso, senhores. — Murmura Cassius acomodando as costas no assento e cruzando os braços encarando a tela endurecendo a mandíbula. — O patrimônio de Ramis lhe permite estar entre as seis posições mais elevadas, Ramis está na quinta posição, supostamente.
— Espera! — Esbraveja galileu o mestre das armadilhas o mesmo que um diz fez os três irmãos filhos do Francis enfrentar o labirinto da morte. — Esse moleque me desbancou? — Resmungou ele, galileu na época tinha quase a mesma idade de Francis e hoje está mais velho, porém como todos que estavam ali, mantinha a elegância e a aparência impecável desde ao fio de cabelo grisalho ao seu sapato brilhoso.
— Do que está reclamando, para uma empresa que ainda vai se firmar aqui, essa posição é privilegiada, e vocês sabem. — Comenta Alan com um certo pesar. — Se ele pode estar nessa posição logo de primeira, significa que pode desbancar Orfeu quando estiver firmada. — Comenta de forma calculista.
— Sim, senhores, a meta aqui não é mais competir entre nós e pelo maior poder econômico na cidade, mas temos que focar em manter nossas posições e Orfeu acabou de perder uma posição, ou seja, a máfia toma a maioria da cidade, ainda assim... não desistimos do segundo plano, que é tentar derrubar a empresa de Orfeu, usando a empresa de Ramis, é isso acontecendo, Orfeu perde poder econômico e também influencia na segurança pública e mundial. — Anuncia Cassius, então todos comemoram empolgados voltando a se sentarem em seus respectivos lugares.
Permaneceram por alguns minutos lendo com cautela todas as informações disponibilizadas sobre as atas das reuniões no Canadá e os registros dos patrimônios congelados que Ramis tinha direito, enquanto isso Cassius se mantinha inquieto perdido entre mil pensamentos e ideias, tentando encontrar uma solução.
— O que você tanto pensa, senhor Don, é um momento para comemorar, mas já é a décima vez que você suspira pensativo. — Pergunta um dos homens.
— Não é nada. — Suspira indiferente.
— Se houver um problema, apesar de sermos rivais nos negócios, talvez possamos ajudar em alguma coisa. — Sugere Kaleu sem o encarar.
— Esse pode ser o seu prêmio, se há algo errado ou quiser a cabeça de alguém em uma bandeja, te daremos. — Diz Galileu empolgado.
— Você nunca deixa de ser louco? — Pergunta Cassius e todos na sala riem.
— Mas qual de nós é normal? Essa é a sala mais criminosa e perigosa do país e você continua fazendo esse tipo de pergunta? — Inquiriu outro homem.
— Uma cabeça, hein? — Pergunta Cassius pensativo. — Mas... — Se inclina para frente encarando cada um deles ao descansar suas mãos entrelaçadas sobre a madeira da mesa. — Se ao invés de uma cabeça, for um coração?
De repente a sala fica em silêncio e os mafiosos se encaram entre si, pensativos.
— Ohm... um coração em? Se é um coração... — Murmura galileu pensativo enquanto Kaleu, Cassius e seus irmãos engolem em seco franzindo o cenho. — Se bem conheço, para você falar de um coração, significa que sua mulher está com problemas.
— Ah... essa é a história mais contada pela nossa geração, o cara que queria se casar com a esposa do Don para a matar e acabou tendo seu coração arrancado para que ela pudesse viver. — Murmura um dos senhores com uma voz marcante.
— O famoso sangue dourado, por acaso algum de vocês teve acesso a alguém que tivesse esse tipo sanguíneo? — Pergunta Kaleu.
— Não, nunca, e vocês sabem que fora daqui somos envolvidos com muitos tipos de trabalhos, se é que me entende, eu tenho todos os registros e é um sangue muito difícil você tem uma família com um tipo raro, a única pessoa mais próxima com os tipos sanguíneos são os Orlov, as Orlov.
— Mas podemos fazer uma busca nos registro e consegui para você, mas como sabe... se encontramos, com certeza seria de alguém inocente, é isso que você quer? — Pergunta Galileu.
Cassius fecha os olhos sentindo o peito apertar ao levar seus pensamentos a Laysa, pensava que ela valeria essa vida, mas ela não era do tipo que aceitaria um coração dessa forma, ele sabia que mesmo que conseguisse e escondesse a procedência, Laysa conhecia o mundo da máfia melhor que todo ali e por isso ela deduziria que foi de alguém que acabou sendo vítima.
Cassius encara cada um deles, sua respiração irregular revela seu nervosismo. Enquanto eles esperavam a resposta.
Capítulo 239
— Esqueçam, infelizmente não é o caminho mais adequado, ela nunca me perdoaria se eu fizesse as coisas dessa forma. — Se levanta frustrado deixando a sala.
— Boom... o Don também pode ser alguém nobre, mas sabemos que cada um aqui mataria para salvar suas mulheres. — Comentou Galileu.
— Até onde sei, você nem mesmo tem mulher. — Comenta Ramis o desconcertando.
— Que seja, eu mataria por ela.
— Mas se Cassius fizer isso vai desestruturar a única coisa que o mantém equilibrado. — Comenta Ramis, pensativo.
Cassius por sua vez ao entrar no elevador seguiu até a enfermaria para conversar com Nate.
— Ah... finalmente voltou! — Anuncia Nate demonstrando indignação assim que Cassius entra em seu consultório.
— Então? Como tem sido?
— Não tem um dia que ele não tenha sido mandado para a enfermaria, ele está apanhando de uma menina de dez anos a cinco dias.
Cassius estica um sorriso de satisfação balançando a cabeça positivamente.
— Logo, logo ele estará pronto como um cão obediente com algum valor naquela cabeça.
— Por que fazer isso com uma menina inexperiente?
— Ele pediu por isso.
— Ele pediu? Você enfiou ele em uma carnificina, nem eu entraria naquele lugar para treinar, eu não sei porque você treina aquelas meninas daquela forma.
— Não há nada de errado nisso, eu às treino assim, porque não há destino para elas aqui, você sabe que eu não trabalho escalando meninas, além disso, a Jáck irmã de Luna só está aqui ainda, porque ela tem a responsabilidade de cuidar de luna, infelizmente eu tenho regras a seguir, não posso acolher todas elas, mas posso ensiná-las alguma coisa que as ajude a sobreviver.
— Bom... te entendo.
— Como está as pernas dele?
— As pernas estão na mesma, o lado bom do treino assassino é que ele tem conseguido ficar de pé mais tempo, talvez isso lhe ajude a correr por tempo suficiente que o ajude a fugir daquelas meninas.
— Ele não vai a lugar nenhum, eu quero ver como ele tem evoluído, e eu não digo fisicamente. — Avisa seguindo para a saída do consultório.
— Cassius! — Nate o chama com seriedade o fazendo parar, mas e mantendo de costas apenas esperando o que ele diria. — Eu soube de Laysa. — Comenta comprimindo os lábios demonstrando desconforto. — Só queria dizer... que se houver um jeito, nós vamos conseguir salvá-la.
— Olha, — Suspira pesadamente elevando o olhar ao teto. — Laysa vai ter que lutar por si própria, caso contrário ela terá que aceitar meus métodos. — Pronuncia cada palavra com dureza, logo após se retirando da sala de Nate.
Ele segue até o andar onde é reservado ao treino das mulheres, já era quase dez horas da manhã, naquele horário as meninas tiraram uma folga de meia hora na cantina, mas ele sabia que Luna estaria ainda no ringue, a porta da cabine do elevador abre e a primeira coisa que ele vê é as duas crianças jogadas no chão, Luna de um lado, e filipe do outro lado, ambos com o topo da cabeça próximos.
— Então? Você agora reconhece que eu sou melhor que você? Qualquer mulher aqui é muito melhor que qualquer homem nessa academia. — Diz a jovem menina com tranças de boxeadora.
— Você só está tendo vantagem sobre mim, porque eu não consigo andar direito.
— Está errado, eu posso até mesmo enfrentar muitos caras maiores, até mesmo o Don, se eu quiser. — Esbraveja e Cassius segura o riso, eles nem haviam percebido a sua presença ali.
— Eles só devem enfiar minhocas em sua cabeça, olha... você é até boa em bater em um deficiente assim como todas essas meninas...
— Vá dizer que não somos boas? Pergunta o interrompendo, então ele engole em seco com vergonha de responder e em resposta Luna solta uma risada divertida e sonora que o faz a encarar, curioso.
— Tudo que você tem é um sorriso bonito, e nada mais.
— Está inventando, eu sou boa em vencer qualquer pessoa, e com apenas dez anos.
— Vem cá? Você não deveria estar na escola?
— Mas eu estou na escola, aqui eu aprendo artes marciais e estudo também.
— Você não pensa em ter uma vida normal? Isso aqui é... não sei, não parece ser um lugar adequado para ninguém.
— Você não gosta daqui?
— Se eu pudesse escolher? Eu... sei lá, estaria morto, tudo que eu tinha se foi. — Comenta ao se recordar do seu irmão.
— o que há? O que importa que tudo que você tinha se foi? Você não perdeu tudo, ainda tem a sua vida e o Don, ele é tudo que você tem agora.
— Hum, o cara que tomou chá de sumiço após me jogar para os cachorros? — Pergunta Filipe indiferente até soltar o urro de dor ao receber um soco contra o centro de seu estômago o fazendo se encolher e se contorcer de dor.
— Sua maldita, por que você é tão agressiva?
— Porque suas palavras são agressivas, nós não somos cachorros! — Vocifera o encarando com asco. — Além disso, eu não tenho para onde ir a não ser aqui, é onde eu estou segura por nascer em uma família mafiosa.
— Que seja, ainda assim é loucura seus pais a colocarem para treinar tão cedo.
— Que pais? Eu só tenho a minha irmã e cuidamos uma da outra.
— Sorte sua. — Murmura ranzinzo.
— Enfim, você tem que assumir que somos boas, além disso, eu te apresentei o pavilhão dos homens, você viu somos muitos melhores, sempre tem lutas de homens e mulheres, mesmo que seja proibido e a maioria de nós, sempre vencemos. — Comenta demonstrando orgulho enquanto filipa a encara cético como tamanha arrogância.
— Tá, tá, que saco, mas se é isso que você quer saber, sim, vocês são boas, confesso que fiquei surpreso com esse andar, além de ver as diversas meninas lutando contra homens bem mais experientes e os vencendo.
— Eu também sou boa, certo?
— Boa em me espancar, você é muito nova, o mínimo que pode fazer é bater em um deficiente, tão nova e vai descer para o inferno.
— Eu não te aleijei.
— Porque eu já sou aleijado. — Resmunga inconformado.
— Exatamente!
— Vocês dois parecem estar se divertindo com tanta conversa fiada, não é? — Pergunta Cassius assustando os dois.
O menino fica surpreso ao ver Cassius, ao mesmo tempo que demonstra alegria, mas disfarça desviando o olhar se mostrando aborrecido, enquanto Luna corre para o abraçar calorosamente.
Eles conversam por alguns minutos, a menina tagarela conta cada detalhe do que aconteceu do que fez enquanto Cassius se mostrava interessado ao mesmo tempo que observava Filipe ainda sentado no chão com os braços cruzados sem nem mesmo o encarar.
Assim que Luna encerrou a conversa Cassius seguiu até o menino e como de costume o ergue que nem um saco de o colocando sobre a cadeira.
— Qual seu problema? Por que tem que me tratar que nem um saco de lixo? — Pergunta ajeitando a camisa de forma agressiva.
— E por acaso você é algo diferente disso? Apesar de que hoje você parece estar sendo menos lixo do que antes. — Comenta indiferente.
— Podia ter me deixado jogado ali, não pedi a sua ajuda para levantar.
— Quem te deu direito de falar qualquer coisa? Além disso, não vir brigar, soube que está conseguindo ficar de pé mais tempo que o normal, vou te manter por um tempo aqui com elas, se você for legal com a cabeludinha ali, ela vai te ensinar melhor que muito marmanjo.
— Como pode por sua confiança em uma garota de dez anos?
— Porque quem treina ela sou eu, você vai aprender com ela, ou com qualquer uma das meninas, mas já te adianto que nenhuma delas pegara tão leve quanto luna, afina nesse pavilhão tem mais registros de morte que no andar masculino e acredite, aqui nunca morreu nenhuma mulher. — Quando Cassius diz isso filipe o encara sem reação.
— Isso quer dizer que se não foi nenhuma mulher...
— Sim, foram homens e você pode se juntar a eles se não for essa menina te treinando.
— Gosta da ideia?
— Não senhor! — Balbucia engolindo em seco.
— Então continue treinando com ela. — Ordena seguindo para fora da academia.
Quando ele entra na cabine do elevador, suspira aliviado em ver que já era a hora de partir para casa, ao mesmo tempo que estava ansioso para levar Laysa para o hospital e ver pessoalmente o que estava acontecendo.