CAPÍTULO 01

1127 Words
Ouço a voz aguda de Bia no corredor, percebo que se aproxima do meu quarto, sinto uma raiva queimar meu coração, enquanto lembro de todos os tormentos que ela e suas filhas me fazem passar, não a suporto. Ela abre a porta, e desfere um olhar raivoso, ao medir todo meu corpo e diz: “Essa é a roupa que escolheu Ava? Tenho certeza de que ordenei colocar a melhor e não a pior”. Dou de ombros e me viro, ignorando o que ela diz, na intenção de a deixar furiosa, percebo que ela resmunga algo para meu padrasto Lucas, que logo resolve intervir. “Ava” ele me chama com a voz entristecida “Não trate sua madrasta dessa forma, ela só quer nos ajudar. Me viro e encontro o olhar deprimido de Lucas, ele é um bom homem, cuidou de mim como se fosse sua filha, amou minha mãe com todo seu coração, não é culpa dele, que ela morreu e se casou com uma mulher tão c***l e amarga. Mantenho o olhar firme para ele, o engolindo com meus grandes olhos azuis, deixando-o constrangido, enquanto Bia vira os olhos, esnobando o impacto que minha presença causa em Lucas. “Tem apenas meia hora” ela diz com raiva ao notar que sua presença não era necessária “Seja firme com ela, não podemos nos atrasar, essa garota é muito ousada”. Vejo Bia se distanciar, e respiro fundo, relaxando um pouco o olhar, percebendo as lagrimas que se formam nos olhos castanhos de Lucas, enquanto ele encolhe os braços, demonstrando com o corpo a tristeza que sentia. “Não precisa ficar assim” digo tentando o consolar, enquanto coloco a mão em seu ombro, “Não sabemos se Lord Robert me escolherá como sua concubina, talvez não faça o estilo dele” faço um sorriso tentando mostrar como sou magra e estranha, com dois olhos tão grandes que parecem não caber no rosto. Ele contém suas lágrimas, enquanto observa o vestido preto, usado para dias de luto, verificando se poderia ser escolhida por Lord Robert e volta a chorar. Talvez enxergue em mim uma beleza que desconheço, ou tem apenas pena, da vida miserável que levarei, se não for escolhida. “Sinto muito querida” Lucas diz com a voz embargada devido ao choro “não temos mais tempo, temos que ir”. Respiro fundo, enquanto Lucas se vira e sai para o corredor, dou uma olhada ao redor, meu quarto era tudo o que tinha, e em minha mente me despeço, esperançosa de voltar. Caminho tomando cuidado para não tropeçar no imenso vestido preto e cair de cara. Olho para o lado, encontro as filhas de Bia felizes com minha saída. Ah, ao olhá-las desejo não voltar nunca mais, são pessoas insuportáveis que se esforçam para piorar minha vida. Ignoro o olhar debochado delas e saio acompanhada de sua mãe e Lucas, adentro no carro, sinto o cheiro enjoativo de couro, e volto a pensar no plano, que há mais de uma semana formulo em minha mente, esquecendo a lembrança de Lucas chorando. A vida para as mulheres não é fácil, sem um homem por perto, fosse, pai, irmão ou marido. Lucas era um bom homem, mas não tinha autoridade para me livrar do maltrato de Bia e suas filhas. Passei a semana esperando a oportunidade de me livrar do olhar de Bia e fugir, em busca do meu destino, pois não acredito que as coisas podem ser piores do que estão. Fujo de meus pensamentos ao notar que o carro estava entrando na propriedade do Lord Robert, “uau” suspiro enquanto meu coração acelera, e grudo meus olhos na janela, para contemplar a beleza dos jardins e fontes que havia no caminho até a entrada da mansão. “Não te disse” fala Bia para Lucas, tentando convencer de que era melhor me vender “Ela está gostando do lugar”. Olho para ela rapidamente, Lucas permanece mudo, nenhum dos dois da atenção para meu olhar, então rapidamente volto para a janela, traçando uma rota de fuga, ou em busca de um esconderijo, caso precisasse, conhecendo o território. Respiro fundo quando o carro para em frente a imensa mansão, o lugar está cheio e consigo ver mulheres de todas as formas, algumas pareciam estar ali por espontânea vontade. O que me dá esperança de uma rejeição, elas são tão lindas, percebo que nem todas são humanas, mas não me importo com o fetiche do temido Lord Robert, desde que não esteja incluída neles, tento lutar contra o preconceito, visto que mamãe era uma mulher formidável, que encontrou o amor ao lado de Lucas, um lobo. Entrei curiosa com a massa de pessoas que chegavam, os homens eram levados para um grande salão, enquanto as mulheres eram encaminhadas aos quartos. Tenho em vista, prestar atenção nas saídas, de olho na primeira oportunidade para fugir, mas sempre me pego distraída, observando a beleza e as roupas das mulheres presentes, ficando envergonhada, algumas não eram pobres, outras estavam ali porque queriam o futuro ao lado do lorde. Faço uma careta para mim, não me conformo com as mulheres se oferecendo para serem escravas sexuais de um homem, só porque é rico. Sou puxada pelo braço por Bia, que naquele momento havia percebido que não tinha chances de ser escolhida e tinha um semblante desapontado no rosto e furioso. Ela me arrasta para um quarto e fito os olhos dela saboreando sua derrota temporária. Sei que devo focar em fugir, mas paro em frente um enorme quadro, uma pintura maravilhosa, observando seus lindos detalhes, enquanto ouso Bia murmurar alguma coisa e seguir até um cabideiro imenso de madeira, na intenção de escolher algo melhor do que o vestido de luto que uso. “Preparada para ele?” pergunta uma linda mulher parando ao meu lado, sinalizando com a mão que precisava de ajuda para abrir seu vestido. “Esse é o Lorde?” respondo com outra pergunta, imaginando quantos anos deveria ter quando foi pintado, enquanto desfaço o nó apertado que tinha no vestido. Percebendo ser um homem de olhar frio e assustador, mas bonito. “Obrigada” ela abre um sorriso que ilumina todos no quarto, onde posso prestar mais atenção na sua beleza, seu rosto perfeitamente redondo, com pequenos olhos verdes, um nariz empinado e lábios pequenos e rosados indicavam que havia sido esculpida a mão. Percorro meus olhos sobre seu corpo e percebo que os s***s fartos queriam saltar do espartilho, que afinava a cintura e terminava em um quadril empinado e farto, com pernas médias, mas proporcionais ao corpo “Sim” ela responde se voltando ao quadro “nem parece que tem alma”.
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