Capítulo 16

424 Words
Após alguns sofridos meses que passaram como décadas, pensando acerca do futuro, decidi que a carreira empresarial é interessante para mim. Ela não questionou minha decisão, ainda abalada e machucada de mais para conseguir continuar. Quem sabe, se eu for digna, um dia, então... O pai, durante os primeiros anos após o término do casamento com a mãe, decidiu que a filha deveria estudar a fundo as ciências exatas, então a obrigava a passar horas da noite e da madrugada estudando cálculos, tabelas matemáticas, algo envolvendo números e alfabetos que descobrimos mais tarde se chamar de “funções algébricas”. A mãe, por outro lado, dedicou-se a passar todos os anos após este evento fazendo com que a filha estudasse incansavelmente a área de ciências biológicas – a mesma área dela -, inclusive levando-a para ver como era seu trabalho, para que a criança se acostumasse logo cedo. Ao completar seus 14 anos, a mãe passou os próximos 2 anos cobrando um ensino superior, e um visado, para que a filha fosse bem renomada e remunerada – certamente, para que assim, a mãe pudesse exibi-la aos conhecidos. Foi mais ou menos por essa época que eu comecei a notar que a mãe dela não era tão amiga e heroica quanto costumava dizer. Aos seus 15 anos, começou um outro relacionamento, com um outro rapaz, porém 2 anos mais velho. Este, particularmente, parecia ser uma boa pessoa: humilde, não fazia jogos mentais com minha companheira, e a deixava livre para ser e viver como quisesse. Até que, um dia, aos seus quase 18 anos, resolveram começar a ter relações sexuais. A partir disso, tudo mudou: brigas constantes, cobranças cada vez mais frequentes, e o que, até hoje, perdura conosco: a prisão. Aquela maldita prisão, feita não para prender o corpo, mas sim a mente. Impossível de pensar, de escapar, de decidir, de sequer tentar resolver os problemas... até que, num ato desesperado, eu cortei laços com ele, e nunca mais tive contato, ou fiquei sabendo de sua vida novamente. A partir daí, eu comecei a comandá-la. Também foi, a partir daí, que o “ódio inexplicado” dela por cores de tom roxo pararam de fazer sentido, pois agora, tudo o que ela era e sentia, gritava você É diferente dos outros, querendo ou não, e odiar uma cor não mudará isso. Agora, tudo o que nós mais queríamos e desejávamos, era de fato não encaixar em nada nem ninguém, ser diferente dos demais. A partir daí, ela começou a amar a cor violeta.
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