Capítulo 7

1033 Words
Túlio, percebendo talvez a extensão de sua própria tempestade, aproximou-se com uma calma que parecia deslocada frente ao caos que acabara de instaurar. — Você precisa parar de ser chata com essa história, meu amor — disse ele, sua voz agora tingida de uma doçura que contrastava cru'elmente com suas ações anteriores, enquanto suas mãos, antes tão duras, agora acariciavam meu rosto com uma ternura forçada. — Não existe o tempo certo, nós fazemos o momento. Ele segurou meu queixo com uma delicadeza que não conseguia mais me confortar, seus lábios encontrando os meus num beijo que deveria ser de amor, mas que carregava as sombras de uma demanda não atendida. Quando começou a baixar a alça do meu vestido, meu coração se partiu entre o desejo de ceder para agradá-lo e o instinto de preservar minha própria integridade. — Túlio, por favor — supliquei, minha mão encontrando a dele num gesto desesperado para pausar a avalanche de sentimentos contraditórios. — Você não me ama? — Ele questionou, seus olhos dilacerando qualquer fachada de confiança que eu tentasse manter. A vulnerabilidade em sua voz era quase tão convincente quanto o desejo que turvava seu olhar. — S-sim, eu… te amo — hesitei, as palavras se arrastando para fora de mim como prisioneiras de minha própria indecisão. — Então qual o problema? — Ele sussurrou, cada palavra um sedativo, uma promessa velada de que não haveria dor, apenas esquecimento. Mas quando Túlio me fez deitar no sofá, intensificando nosso beijo num apelo silencioso por rendição, algo dentro de mim gritou por liberdade. Empurrei-o delicadamente, um gesto firme e ao mesmo tempo repleto de súplicas mudas, tentando proteger a linha frágil que separava meu amor próprio de sua vontade implacável. A urgência em minha voz era inequívoca, cada palavra impregnada de uma resolução que eu ma'l sabia que possuía. — Túlio, pare, por favor — insisti, agora empurrando-o com mais força, não mais delicadamente, mas com uma firmeza que refletia a gravidade do meu pedido. Ele recuou, um misto de surpresa e fúria marcando suas feições. — O que foi agora, July? — Ele perguntou, sua voz elevando-se numa onda de furor. — Eu não quero, não agora — respondi, minha voz tremendo, mas impregnada de uma determinação clara. Eu precisava que ele entendesse, que ele respeitasse. — Você não quer? Tem certeza disso? — Sua frustração era palpável, as palavras cortando o espaço entre nós como facas afiadas. — Ainda não é o momento. Por favor, me dê mais um tempo — minha voz quebrou, traída pela angústia que tentava esconder. Vi o suspiro profundo que ele deu, como se estivesse tentando controlar a própria tempestade dentro dele. — Você é insuportável com essa história, July — suas palavras eram um chicote, cada sílaba impregnada de desdém. — Não seja tão arrogante, eu só não estou pronta — afirmei, tentando manter a dignidade que se esvaía rapidamente diante do abismo que se abria entre nós. Ele se levantou de súbito, a frustração em sua postura tão marcada quanto a tensão que vibrava no ar. — Vou na quadra — disse ele, suas palavras quase um desafio, enquanto caminhava até a porta com passos que pareciam carregar todo o peso de sua ira. — Você vai voltar? — Perguntei, me levantando, a esperança tecendo frágeis fios em torno do meu coração partido. — Você vai deixar eu te fo'der? — Perguntou ele, virando-se abruptamente, a crueza de suas palavras um golpe direto na minha autoestima. — Isso não é jeito de falar — repreendi-o, a tristeza tingindo minhas palavras de uma cor mais escura, mais dolorosa. — Vai ou não fo'der comigo? — Ele insistiu, cada palavra dele mais afiada, mais pene'trante. — Já disse que ainda não é o momento — afirmei, aproximando-me dele, buscando nas profundezas do meu ser a força para segurar sua mão. — Volta pra ficar comigo, por favor. — Vou pensar, July, mas não garanto — disse ele, cada palavra dele pingando de um gelo que nenhum calor meu poderia derreter. — Por favor, pensa com carinho — pedi, meus olhos implorando por uma compreensão que parecia mais distante a cada momento que passava. — Vou ver — foi tudo o que ele disse antes de sair, deixando-me sozinha com a tempestade que agora rugia impiedosamente dentro de mim. Fiquei ali, sentei novamente no sofá, respirando fundo e deixando a tensão se dissipar aos poucos. A cada respiração, tentava convencer a mim mesma de que Túlio não estaria muito chateado. Enquanto isso, meus pensamentos vagavam pela ideia de perder minha virgindade com ele, uma vontade que carregava no peito, mas queria que fosse especial, não apenas um momento para satisfazê-lo. Era um sentimento estranho, pois, embora estivéssemos juntos há alguns meses, eu ainda não sentia aquele desejo me entregar completamente. Não era só uma questão de tempo ou de pressão; era uma questão de conexão, de sentir aquele fervor espontâneo, aquela confiança inabalável que ainda não havia florescido entre nós. E essa hesitação, não era só frustrante para Túlio, mas para mim também. Cada momento que passávamos juntos, cada toque, cada beijo, era como se eu estivesse à beira de um precipício, pronta para saltar, mas algo dentro de mim me segurava. Eu queria me sentir segura, queria que aquele passo fosse mais do que uma entrega física; queria que fosse uma entrega de almas, um entrelaçar de corações, mas sabia que Túlio não pensava da mesma forma. Fechando os olhos, permiti-me imaginar como seria esse momento. Queria que fosse mágico, envolto em carinho e compreensão, onde o amor fosse o principal protagonista. Sonhava com um Túlio paciente e amoroso, que compreendesse meus medos e hesitações, que me guiasse com suavidade e respeito. Mas a realidade era diferente. As pressões e as frustrações de Túlio me deixavam ainda mais insegura, criando um abismo entre o que eu desejava e o que vivíamos. Naquele sofá, envolta em meus pensamentos e desejos, eu sabia que precisava de mais tempo, de mais compreensão. Eu queria me entregar por completo, mas no meu tempo, quando meu coração estivesse pronto para esse passo tão significativo para mim, e seria isso que eu iria fazer.
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