Capítulo 39

1156 Words
Respirei fundo e olhei para Cristine, que observava tudo em silêncio, com um sorriso sugestivo nos lábios. Fiquei ali em silêncio, absorta em meus pensamentos turbulentos. Quanto mais eu refletia sobre minha situação, mais me sentia encurralada. Namorava um cara que claramente não era para mim e, ironicamente, estava completamente atraída pelo melhor amigo dele. "Que merda, July, você é a personificação do problema" pensei, frustrada comigo mesma. Decidida, levantei-me, determinada a ir embora. A festa, para mim, havia acabado. Meu único desejo era chegar em casa, tomar um banho demorado e me enroscar na cama. Ansiava pelo acolhimento do meu quarto, onde talvez pudesse organizar meus pensamentos. Aproximei-me da mesa de sinuca, onde Túlio ainda jogava com alguns rapazes. — Eu quero ir embora — declarei, tentando transmitir minha firmeza. — Não vamos agora, vai dançar com as meninas — ele sugeriu, desviando o olhar para Mia, que dançava perto deles. — Eu não vou dançar, principalmente com ela — rebati, minha irritação crescendo. Ele suspirou profundamente e voltou a me encarar. — Minha cabeça está doendo, eu realmente quero ir embora. Estou cansada de fingir que está tudo bem. — Você quer mesmo começar com isso agora? — Ele questionou, seus olhos encontrando os meus com intensidade. — Não! Eu só quero ir embora — insisti, sentindo uma mistura de exaustão e frustração. — Então você pode ir, eu vou mais tarde. Agora que a festa está boa, você começa com frescura — ele respondeu, claramente irritado. — Eu só preciso ir para casa descansar, não estou me sentindo bem — tentei explicar, mas ele já estava visivelmente irritado. — July, vai dançar, vai conversar com sua amiga. Até aquela pir@nha está se divertindo, só você com essa teimosia de sempre — ele disse, olhando com desprezo para Cristine, que estava em um flerte intenso com Marcelo. — Ela está ocupada agora e eu quero ir embora. — Eu não vou embora agora, vai sozinha — ele falou, com uma voz baixa, mas impregnada de um tom cortante. — Você não vai me acompanhar até em casa? — Perguntei, a surpresa e a decepção se misturando em minha voz. Afinal, tinha vindo com ele e, agora, em plena madrugada, ele parecia indiferente ao meu bem-estar. Não se importando se eu chegaria em casa em segurança ou não, um descaso que ecoava dolorosamente em meu peito. — Você é muito chata, sério, vai para o infern0 — ele respondeu sem paciência. Nesse momento, Murilo se levantou e cumprimentou Marcelo, enquanto Túlio deixava o taco de bilhar de lado. — Quer jogar no meu lugar por enquanto, mano? — Túlio perguntou, visivelmente contrariado. — Estou de boa, por hoje já deu para mim — Murilo respondeu calmamente. — Ah, não, você não pode ir agora — Mia interveio, agarrando-se ao braço de Murilo com insistência. — Estou cansado, preciso dormir. Essa semana foi puxada no trabalho — ele explicou, tentando se desvencilhar delicadamente dela. — Então podemos ir embora, descansar juntos. Posso te fazer companhia — ela insinuou, mas Murilo se afastou com suavidade. — Hoje não, Mia. Vou indo lá, irmão. Amanhã jogamos na quadra? — Murilo perguntou para Túlio, que o cumprimentou com um aperto de mão. — Sim, às oito, não é? — Túlio confirmou. — Isso. Se não te ver mais cedo, nos vemos lá — Murilo se despediu. — Boa noite, July — ele se aproximou, me cumprimentando com um beijo no rosto. Meu corpo arrepiou com o gesto carinhoso, me abracei tentando disfarçara sensação. — Boa noite — respondi, simpática. — Boa noite, Mia — ele se despediu dela, que o olhou de maneira manhosa. — Certeza que vai mesmo embora? — Mia perguntou, Murilo apenas assentiu com um gesto de cabeça e se virou para ir embora. — Cara, me faz um favor — Túlio chamou a atenção de Murilo, interrompendo seu caminho até a saída. — Fala aí — Murilo se virou, seu olhar alternando entre nós. — Leva a July em casa para mim? Ela está com dor de cabeça, quer ir embora dormir, mas eu quero terminar essa partida — disse Túlio, sua voz soando um pouco indiferente. Murilo me olhou, antes de engolir seco. — Túlio, não é necessário — protestei, sentindo-me desconfortável com a situação. — De boa para você? — Túlio me ignorou e perguntou a Murilo, que hesitou por um momento, respirou fundo e por fim assentiu. — Pode ser, eu te deixo em casa, July — disse Murilo, e meu coração acelerou involuntariamente. — Não precisa, Murilo, eu não quero dar trabalho — falei, tentando manter a calma. — Só para mim que ela quer dar trabalho — Túlio murmurou, claramente impaciente. — Não é trabalho algum — Murilo afirmou, sua voz tranquila contrastando com a tensão do momento. — Ele está cansado, Túlio — eu disse, já irritada. Ele segurou meu rosto e selou meus lábios, com um beijo carregado de raiva. — Chega de ser teimos@, vai com ele, é no caminho — ele sussurrou para mim, antes de se dirigir novamente a Murilo. — Você não se importa mesmo, mano? — Perguntou. — Claro que não — respondeu Murilo, sua expressão serena. — Pode dormir tranquila, eu não vou ir hoje à sua casa para não te incomodar. Descansa e amanhã eu vou te ver, tudo bem? — Túlio disse, tentando soar casual. — Queria que você me levasse, para conversarmos — eu disse, sentindo uma ponta de desapontamento, pois queria terminar hoje nosso namoro. — Não começa, July. Boa noite! — Túlio se despediu, sem paciência e eu já não aguentava mais aquela discussão ,então apenas concordei. — Tudo bem, boa noite — respondi, visivelmente irritada. Ele agradeceu Murilo e voltou sua atenção para o jogo. Despedi-me rapidamente de Cristine, falando apenas o necessário, dada a presença de Marcelo. Murilo e eu caminhamos em silêncio até o lado de fora. Apenas quando chegamos perto da sua moto, ele quebrou o silêncio, pegando um capacete e me entregando. — Está tudo bem eu te levar? — Ele perguntou, sua curiosidade evidente. — Sim, eu só não queria te dar todo esse trabalho — respondi, pegando o capacete com as mãos trêmulas. — July, por favor — ele pegou uma de minhas mãos e beijou-a delicadamente. Olhei para ele, surpresa. Ele exibe uma doçura tão genuína! Desse jeito, é impossível não me apaixonar por esse homem. — Somos amigos ou não? — Ele questionou, colocando seu próprio capacete. — Claro que sim — respondi, enquanto ele ajustava o capacete na minha cabeça com cuidado. — Então não fale mais isso. Não é trabalho te deixar em casa — ele disse, subindo na moto e esperando por mim. Respirei fundo, subi cuidadosamente na moto e abracei sua cintura. Ele sorriu. — Pronta? Sorri contida e concordei. — Sim! Ele acelerou a moto e meu coração disparou, acompanhando o ritmo acelerado.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD