Capítulo 22

1045 Words
Novamente, nossos olhos se encontraram, prendendo-se um ao outro em uma conexão profunda que ultrapassava as barreiras das palavras. Era uma troca de olhares carregada de emoção e de uma atração não verbalizada, que enchia o espaço entre nós com uma eletricidade quase palpável. Os sorrisos que compartilhamos transcendiam os simples gestos de cortesia; eles teciam um elo invisível, mas intensamente sentido, que parecia nos puxar irresistivelmente para mais perto um do outro. A respiração de Murilo sincronizava com a minha, cada inalação e exalação se entrelaçando, intensificando um redemoinho de sensações que percorria todo o meu ser. Seu olhar, intenso e ponderado, percorria meu rosto, estudando cada detalhe como se gravasse cada traço na memória. Essa atenção meticulosa fazia meu coração acelerar, cada batida ressoando como um tambor em meus ouvidos, amplificado pelo silêncio que nos envolvia. Quando sua mão tocou delicadamente minha face, o calor de seu toque penetr0u minha pele, espalhando uma onda de calor que me fez arrepiar. O contato suave de seus dedos, explorando a curva da minha bochecha com reverência e cuidado, provocou um arrepio que percorreu minha espinha, levando-me a fechar os olhos instintivamente. Me perdi completamente naquele gesto terno, um momento de proximidade que parecia suspender o tempo, isolando-nos do resto do mundo. Em meio a esse toque, cada sensação era amplificada, o leve roç@r de sua pele na minha parecia acender faíscas, cada pequeno gesto carregado de significado. Naquele instante, a realidade ao redor desvanecia, deixando apenas a intensidade do nosso encontro, um momento de conexão pura que falava diretamente aos corações e almas entrelaçadas naquela troca silenciosa e profundamente eloquente. Senti os dedos dele deslizando suavemente por minha pele, traçando um caminho que começava em minhas bochechas e descia até os meus lábios, explorando cada contorno com uma delicadeza que roubav@ meu fôlego. A proximidade crescente entre nós intensificava a tensão no ar, tecendo uma eletricidade silenciosa que nos envolvia completamente, pulsando com cada olhar e toque trocado. O hálito fresco de Murilo contra minha face inundava meus sentidos, um misto de menta e uma essência indescritível que fazia meu corpo inteiro tremer. Estávamos tão próximos que a linha tênue entre a razão e a loucura não apenas se esvaía, mas parecia quase inexistente. Nossos corpos vibravam em uma sintonia desconhecida, como duas notas de uma melodia que encontraram a perfeita harmonia, ressoando uma com a outra em um uníssono quase místico. Naquele instante, com a intensidade de nossos olhares fixos um no outro e a troca de toques carregados de tantos significados, a realidade ao nosso redor parecia desvanecer-se. Era como se estivéssemos suspensos no tempo e no espaço, isolados em nosso próprio universo paralelo, distantes de tudo e de todos. Se Murilo não tivesse se afastado naquele instante crucial, com um suspiro que parecia carregar tanto desejo quanto hesitação, temo que eu teria mergulhado sem hesitar no impensável. A separação, embora breve, foi suficiente para trazer de volta a minha respiração ofegante e um leve tremor que me recordava da linha delicada que ambos hesitávamos em cruzar. Cada um de nós recuou ligeiramente, um movimento quase imperceptível, mas carregado de um reconhecimento mútuo das consequências que poderiam advir de uma capitulação aos nossos sentimentos, se não fosse por um último vestígio de controle, poderia ter nos levado a um caminho sem retorno. — Nos vemos mais tarde na festa — ele falou ao se levantar, sua voz ligeiramente trêmula, revelando o tumulto emocional compartilhado entre nós. Respirei profundamente, umedeci os lábios secos e engoli em seco, uma tentativa desesperada de reorganizar o caos que se formava em meu interior. Levantei-me devagar, evitando seu olhar penetr@nte que parecia capaz de decifrar cada pensamento oculto em minha mente. — Obrigada por me ouvir — consegui murmurar, minha voz reduzida a quase um sussurro, enquanto uma mistura de gratidão e ansiedade me envolvia, apertando meu peito com a intensidade das emoções não ditas. Ele caminhou até a porta e, num gesto inesperado que me pegou completamente de surpresa, voltou até mim. Com uma leveza quase reverente, ele tocou minha cintura e depositou um beijo suave em minha testa. Um arrepio involuntário percorreu minha espinha, deixando uma trilha de calor que se espalhava por meu corpo, fazendo-me fechar os olhos por um instante diante da ternura daquele toque. A sensação do beijo em minha testa permaneceu, um eco de calor que parecia irradiar por todo o meu ser, trazendo consigo uma mistura complexa de conforto e confusão. As palavras dele, o toque dele, tudo contribuía para um sentimento de proximidade que era ao mesmo tempo assustador e profundamente desejável. — Até mais tarde, July — ele sussurrou, a proximidade de seu hálito contra minha pele fazendo-me fechar os olhos por um instante, imersa na sensação de estar perto demais do proibido. Respondi apenas com um aceno, pois, naquele instante, minha voz se perdeu completamente, capturada pelo momento intenso. Observei-o se afastar, mantendo o olhar fixo nele até que sua figura desaparecesse de minha vista. O vazio que ele deixou foi palpável, como se levasse consigo parte do ar que respirava. Fechando os olhos, senti meu corpo inteiro se enrijecer numa onda de sensações conflitantes. Abraçando-me, percebi cada pelo de minha pele se arrepiar, um eco distante da presença dele ainda vibrando no ar, misturando-se com a quietude da sala agora demasiadamente silenciosa. — O que está acontecendo com você, July? Perdeu o juízo? — Questionei a mim mesma, minha voz interna um sussurro entre a razão e o tumulto emocional. O calor de seu toque ainda pulsava em minha pele, reacendendo com cada memória do breve contato. As palavras ecoavam em minha mente, misturando-se com o calor residual de seu beijo na testa, uma lembrança física da proximidade que tivemos. As emoções que Murilo despertava em mim eram tumultuadas e doces, um paradoxo que me deixava confusa, mas indescritivelmente viva. O conflito interno era intenso, cada pensamento sobre ele carregado de um desejo proibido que eu sabia ser perigoso, mas que era impossível ignorar. A luta para manter a s@nidade e a sensatez era desafiadora, com o coração e a mente em um cabo de guerra constante. Eu precisava respirar fundo e tentar reorganizar meus pensamentos, buscando alguma forma de tranquilidade no caos emocional que se instalara.
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