— Erga a cabeça — ordena Ama, tocando o topo de minha testa e puxando para trás. A criada separa uma mecha de cabelo, coloca um punhado de vinagre ao longo dos fios, em seguida massagea o couro capilar. Ela puxa uma madeixa e retira de lá alguns piolhos e lendias, colocando-as sobre um pano branco. Eu fico arrepiada quando alguém toca em meus cabelos. Dá uma sensação gostosa de sonolencia. Mas, apesar das mãos de Ama serem gentis, hoje eu não consigo me concentrar o suficiente para apreciar a sensação causada pelo contato. Estou focada no espelho a minha frente, refletindo. Ama estranha meu silêncio. — Está quieta hoje, alteza — observa ela. — Aconteceu algo que a deixou assim? Por um momento eu cogito a ideia de contar o que sei. Ontem descobri que meu pai abusa sexualmente de m

