- Eu quero morrer. - resmunguei com a cara no chão do meu apartamento... Literalmente, eu conseguia sentir a pressão do piso machucando meu nariz.
Mas aquela pequena dor nunca iria se comparar com a dor que a minha dignidade estava sentindo.
- Eu tenho veneno de rato se você quiser. - Matheus respondeu deitado no MEU SOFÁ, comendo o MEU SALGADINHO... Eu só queria saber, quando foi que o mundo se perdeu?
- O efeito é na hora? - perguntei com a testa colada no chão.
- Talvez você fique tonta por uns cinco minutos antes de finalmente bater as botas. - ele deu de ombros colocando mais salgadinho na boca.
- Tô aceitando.
- Você também é burra, né? Fingir que é atendente em uma loja que você nem conhece. - Matheus riu alto - Doença, o nome.
- O que você está fazendo aqui mesmo? - perguntei séria me sentando no chão.
Eu já estava imaginando várias formas de sumir do mundo para nunca mais ver o Henrique depois daquela vergonha que eu passei já frente dele, o que eu menos precisava agora era do fofoqueiro do meu vizinho especulando minha vida.
- Vim pegar meu pote. - ele deu de ombros.
- Que pote?
- O meu pote.
- O que você me deu? - ergui uma sobrancelha confusa.
- Eu não te dei pote nenhum! - ele exclamou se sentando no sofá.
- Deu sim! Junto com o bolo! - exclamei me levantando e ficando de pé na frente dele.
- Você pegou o pote quando eu fui no banheiro e escondeu ele no casaco quando eu te levei até a porta, ou seja, eu não te dei! Você roubou! - ele exclamou se levantando também. - Eu já tinha te dado um pote pequeno com bolo e tu pegou o pote maior!
- Achado não é roubado. - encolhi os ombros com a cabeça erguida.
- É sim, quando você acha na CASA de uma pessoa! - ele deu ênfase no "casa" com uma expressão irônica.
- Como você é, Matheus! Vai morrer por causa de um pote? - coloquei a mão na cintura negando com a cabeça.
- Vou! Eu quero meu pote! - ele cruzou os braços.
- Eu quero meu pote. - repeti debochando enquanto ía até a cozinha - Credo, é pior que minha tia.
- Eu ouvi! - ele gritou da sala e eu revirei os olhos.
- Era para ouvir mesmo! - gritei de volta mexendo nos armários e logo peguei o pote dele e voltei para sala - Está aqui seu pote! - resmunguei jogando o pote nele.
- Esse não é meu pote. - ele fez uma careta olhando para o pote. Era só o que me faltava!
- Claro que é seu pote!
- O meu pote tem uma coroa aqui, bem pequena. Cadê o meu pote? - ele perguntou balançando o pote.
- Deve estar na sua casa, ué.
- Não está não! Quando você pegou, ele tinha uma coroa, eu quero o meu pote.
- Sério que vamos ficar discutindo sobre um pote? - perguntei sem ânimo me jogando no sofá.
- Sim! Eu não vou sair daqui até você me dar ele. - ele cruzou os braços e LITERALMENTE sentou aquela b***a malhada em cima de mim.
(...)
- Está aqui o maldito pote! Satisfeito? - gritei saindo da minha cozinha que agora se encontrava toda revirada já que eu tive que bagunçar tudo para procurar a d***a daquele pote.
- Muito. - ele sorriu arrancando ele da minha mão.
- Eu te odeio. - resmuguei com uma careta, mas logo arregalei os olhos quando vi atrás do Matheus o Henrique trocando as cortinas da sua janela - Ai que gostoso.
- Bipolaridade tem tratamento, sabia? - Matheus falou com uma careta. Tadinho, o iludido tá achando que eu chamei ele de gostoso, alguém conversa com ele .
- Eu não estava falando com você i****a. - resmunguei empurrando o Matheus para o lado para conseguir olhar aquela deusura que é meu vizinho, mas o poste nem se moveu.
- Ainda bem, porque você não faz meu tipo. - Matheus me olhou com uma careta.
- Claro que não faço! Eu não tenho um pênis e nem me chamo Vinícius. - revirei os olhos irônica.
- Que engraçadinha você.
- Você está atrapalhando minha visão, sai. - tentei empurrar ele de novo e ele se virou para olhar o que tinha na janela.
- Mas gente, você tem uma bela vista daqui. - Matheus falou se apoiando na janela.
- Tenho mesmo, mas só cabe uma pervertida aqui, então xô fura olho. - resmunguei tentando tirar ele da janela.
- Fura olho? Sério? Eu não vou furar seu olho não, colega! Seu vizinho é até bonitinho, mas nada supera a raba de Vinícius Moraes. - ele sorriu convicto.
- A b***a dele é grande, né? - murmurei me lembrando das vezes que eu peguei elevador com o Vinícius e observava aquela raba. Qual é? É mais forte que eu!
- Enorme. - Vinícius sorriu largo - Você já viu ele de sunga?
- Não. - murmurei fazendo um biquinho.
- Eu já. - ele sorriu debochado para mim.
- Exibido. - mostrei a língua para ele.
- Invejosa. - ele mostrou a língua de volta.
- Inveja do que? Ele nem é seu namorado.
- E o vizinho bonitão não é seu namorado também.
- Honestidade de mais magoa sabia? - resmunguei com uma careta.
- Você que começou.
- E você precisava continuar?
- Claro, enquanto você pisa em mim com um salto de 15, eu sambo na sua cara com um de 22. - mandou um beijo e eu fiz uma careta.
- i****a!
- Então, quer dizer que o bonitão é filho dos donos das lojas Severino. - ele murmurou voltando a olhar o Henrique pela janela.
- Lojas? - perguntei arregalando os olhos.
- Sim, você não tá achando que só tem aquela loja, né? - ele me olhou sorrindo divertido.
- Tem mais?
- Muito mais.
- E como você sabe disso?
- Tenho meus contatos. - ele deu de ombros.
- E quais são?
- Um garoto que mora no andar de cima, ele é bem amigo do Henrique. - ele deu de ombros - A propósito, foi ele que indicou esse condomínio para o novato.
- Um amigo do Henrique? Isso pode ser perfeito para mim! - sorri me sentindo animada.
- Como assim? - Matheus me olhou confuso.
- Me aproximando do amigo do Henrique, eu me aproximo ainda mais dele. - falei sorrindo animada.
- Correção: Se aproximando do amigo do Henrique, você se aproxima ainda mais de um hospital. - Matheus riu alto.
- Como assim? - perguntei confusa.
- Você sabe quem mora no andar de cima? - ele me olhou sorrindo largo.
- Claro que sei! A dona Leanor, o senhor Carlos e... - parei de falar arregalando os olhos - Ah não!
- Ah sim. - ele riu alto - Seu "amoreco" é amigo de nada mais nada menos, que Christian Silva, o...
- Destruidor. - interrompi ele me lembrando da vez que meu apartamento alagou, porque ele quebrou a torneira do seu apartamento que é em cima do meu.
Chris era um cara legal, sempre me tratou bem e já me ajudou um ou duas vezes para carregar sacolas até o meu apartamento, o problema era que o garoto era muito atrapalhado, e eu não estou exagerando! Muitas vezes ele m*l toca nas coisas e elas já quebram, sinto pena dele porque todos do prédio o conhecem como destruidor, já que ele vive destruindo alguma coisa desse prédio.