- Yasmin! Tem cliente! - ouvi a Bruna -uma garota que trabalha comigo- murmurar enquanto me balançava pelo braço.
- E eu com isso? - perguntei mexendo no celular.
- Você tem que atender ela, né. - Bruna fala como se fosse óbvio e eu faço uma careta bufando. Será que ela não entende que esse nível é importante?
- E por que você não atende?
- Porque esse cargo é seu! Vai logo antes que a noiva do chucky chegue! - ela me empurra para a entrada da loja.
- Tá, tá. - resmunguei me soltando dos braços dela, o que eu menos queria era a noiva do chucky -minha chefe- pegando no meu pé em plena segunda feira. Caminhei até a mulher que mexia em alguns cabides e suspirei já sabendo o que ia acontecer.
Ela iria me fazer caminhar por toda loja e no fim iria dizer algo como "Vou dar uma olhada em outra loja e já volto!" mas no fim, ela não vai voltar nunca mais. E como eu sei disso? Bom, é porque eu também faço isso.
- Posso ajudar? - perguntei parando ao lado da mulher. Diz que não! Diz que não!
- Pode sim.
- Inferno.
- O que? - a mulher me encarou confusa.
- Talvez você queira ver nossa sessão de inverno? - perguntei sorrindo apontando para o fundo da loja.
- Estamos no verão. - a mulher fala confusa.
- É sempre bom estar preparada. - pisquei balançando o dedo.
- Na verdade, eu queria muito experimentar essa saia. - ela sorriu animada me mostrando uma saia enorme tigrada.
Uma coisa que eu aprendi trabalhando aqui, é que gosto de cliente não se discute! Até porque a última vez que eu me intrometi numa escolha de algum cliente, a garota começou a chorar e eu quase fui demitida.
- Vem, vou te levar até os provadores.
(...)
Fechei a porta do meu apartamento respirando ofegante e deixei minha mochila cair no chão.
- Eu... - resmunguei jogando minha sapatilha para qualquer lado da minha sala - ... Odeio... - continuei agora abrindo meu sutiã - ... Trabalhar! Urgh! - conclui e me joguei no sofá afundando minha cara no travesseiro.
Eu estava exausta! Morta! Cansada! Zumbi! Ah! Eu não aguento mais ir trabalhar! Isso é h******l! Por que eu não tive sorte de arrumar um trabalho que me pague para dormir ou comer? Por que? Eu seria ótima nesse emprego e sem dúvidas que eu sempre seria a funcionária do mês!
Com muito custo, eu rolei do sofá até cair de barriga no chão e fui me arrastando -literalmente- para meu quarto. Infelizmente eu tive que levantar do chão para ver uma roupa para tomar banho, mas antes que pudesse entrar no chuveiro eu ouvi a campainha da minha porta tocar.
- Por que eu nunca tenho paz? Aaa! - resmunguei jogando minhas roupas na cama e fui até a porta praguejando.
Segundas feiras me deixam m*l humorada, ou melhor, fazer qualquer movimento físico me deixa m*l humorada!
Abri a porta com uma das minhas melhores expressões do tipo "Não tenho pão duro e não volte nunca mais".
- Yasmin! - algum ser humano saudou animado quando me viu.
- Ah, oi, Lucas. - sorri fechado com uma expressão do tipo "ah, é você".
Lucas é o meu vizinho da frente e não é que eu tenha algo contra ele, é só que ele é um pouco... Obcecado? É talvez, esse seja o jeito mais adequado de explicar o que ele é. Desde que eu me mudei para esse apartamento, eu o conheci e bom, desde então eu noto que ele não é um garoto comum.
Sempre quando eu vou trabalhar, eu encontro ele no corredor e por pura "coincidência" ele sempre está segurando um copo à mais de café. Ou quando eu volto do trabalho ele sempre está limpando a sua campainha, ou quando eu vou para qualquer lugar e encontro ele e seu cachorro na maior "coincidência" é claro, ou da vez que eu estava voltando do mercado e peguei ele me olhando com um binóculos na esquina do nosso prédio e sem contar que eu já ouvi ele falar diversas vezes para o seu cachorro que eu sou a mamãe dele e ele é o papai.
Meio assustador, mas tudo bem.
- Você está linda. - Lucas sorriu arrumando o óculos redondo em seu rosto.
- Ah. - olhei para baixo encarando minha linda roupa de "trabalhei que nem um porco e, opa, ainda estou sem sutiã!" e logo voltei a olhar seu sorriso bonito - Valeu.
- Temos um vizinho novo, sabia? - ele perguntou coçando a nuca com uma careta.
- Sério? - perguntei não ligando muito. Na verdade eu não via nenhuma diferença em ter alguém novo nesse lugar, até porque metade da minha vida eu passo ou trabalhando ou trancada em casa.
Seja bem vindo a vida de uma adolescente sem vida social.
- Uhum, ele chegou hoje de amanhã. - Lucas deu de ombros.
- Espero que não seja ninguém chato. - ri baixinho e vi o Lucas rir também.
- Posso entrar? - ele perguntou e vi suas bochechas ficarem vermelhas - Tem um filme irado que eu queria te mostrar.
- É que minha casa está numa baderna. - sorri sem graça coçando meu couro cabeludo. Eu nem lembro qual foi a última vez que eu limpei minha casa. Talvez quando minha mãe e minha irmã vieram me visitar no mês passado? Ah, não sei.
E não, eu não sou uma porca! É que eu moro sozinha e quase nunca tenho visitas, então não fico "obcecada" por ter uma casa cem por cento limpa.
- Ah, tudo bem, mas você topa sair para tomar um café amanhã comigo? - ele insistiu e eu mordi os lábios pensando numa desculpa.
O Gui é um garoto muito fofo! Mas, eu não consigo me imaginar com ele. Sabe quando você gosta tanto de uma pessoa que sente que se algo à mais acontecer, tudo irá mudar? Bem, eu não quero que as coisas entre o Lucas e eu mudem e eu sei que elas vão mudar, porque o que eu sinto pelo Lucas, não irá passar de sentimentos amigáveis e só.
- Turno duplo amanhã. - encolhi os ombros com uma careta - Fica para outro dia?
- Ah, sim! Claro. - ele sorriu sem graça colocando as mãos nos bolsos.
Nos despedimos com um aceno de cabeça e eu entrei rápido no meu apê respirando fundo. Banho! É o que eu preciso! Corri para o banheiro e tomei um banho rápido enquanto mexia no celular durante o banho -uma mania minha-. E logo sai me enrolando num roupão.
- Eu preciso urgentemente depilar minhas pernas. - murmurei olhando para as minhas panturrilhas, se bobear daqui a pouco eu vou ser confundida com um urso devido aos pelos nas minhas pernas.
Abri a gaveta da pia a procura de uma gilete mas bufei quando vi que não tinha nenhuma lá, mas lembrei que eu sempre deixava uma à mais guardada no meu quarto. Ainda enrolada no roupão, eu caminhei até meu quarto mas parei no meio do caminho quando algo na janela chamou a minha atenção.
- Mas o que é isso? - arregalei os olhos quase colando minha cara no vidro, no apartamento bem ao lado do meu, havia um garoto esvaziando algumas caixas usando apenas uma calça jeans enquanto tinha seu peito desnudo - Uau.
Por um momento, eu até me esqueci das minhas patas de urso e só fiquei alí namorando o corpo daquele deuso do s**o e só fui reparar que estava lá a tempo demais, quando toquei meu cabelo e notei que ele havia secado e tenho certeza que vai ser uma luta para eu o pentear agora.
Dei um grito me jogando para trás quando meu vizinho olhou para a minha janela, então discretamente -ainda abaixada- eu comecei a puxar a minha cortina até fechar ela completamente.
Parece que eu vou adorar esse meu novo vizinho.
(...)
Depois de estar vestida e finalmente com as pernas bem depiladas, eu me encontrava agora sentada em cima de duas almofadas enquanto observava meu novo vizinho.
Acho que peguei a mania do Lucas, e é aí que notamos que existe sim a famosa "lei do retorno".
Ele continuava arrumando suas coisas de uma forma despreocupada, enquanto cantarolava alguma música fazendo alguns sinais com as mãos, que me indicavam que ele estava ouvindo alguma música de Hip Hop ou rap. Vi ele caminhar até a janela e quase chorei quando ele fechou as cortinas.
Eu precisava saber o nome dele e quem ele é. Definitivamente esse cara chamou minha atenção... E eu precisava de ajuda! E eu já sei com quem eu vou conseguir! Com aquele que sabe de tudo! Vê tudo! Aquele que é...
- Ora, ora. - Matheus sorriu debochado enquanto se escorava na sua porta - Quem diria que um dia eu veria Yasmin batendo na minha porta.
Matheus era os olhos e ouvidos desse lugar, ele se auto chamava de "O informante" já eu gostava de chamar ele de "O fofoqueiro". E obviamente eu e ele não somos os melhores exemplos de vizinhos amigáveis, nós somos como dois rivais, não nos odiamos é claro! Mas também não nos amamos.
E como nossa rivalidade começou? Bem...
×××××
Eu nunca fui muito boa com esportes, sempre corria cinco minutos e já estava morrendo em algum canto. Mas, naquele domingo -não tão ensolarado- eu peguei uma bola de basquete para treinar meus dotes esportivos, dotes que não existem.
E a prova disso é eu me encontrando deitada no chão da quadra jogando a bola para cima e pegando ela de volta. Sem ânimo para levantar e ficar arremessando ela para a cesta enquanto corro pela quadra igual uma barata tonta.
- Se você não vai jogar, não fica no meio da quadra! Tem gente querendo jogar! - ouvi alguém resmungar e ergui o olhar encontrando um garoto me olhando sério. Mas quem esse i****a pensa que é?
- E desde quando você é gente? - perguntei me sentando no chão.
- O que você disse? - ele perguntou sério.
- Além de ignorante, agora você é s***o? - perguntei me levantando do chão.
- Mas o que... - o garoto bufou e puxou a bola das minhas mãos.
- Me devolve essa bola! - gritei e puxei a bola da suas mãos.
- Eu quero jogar! - ele pega a bola das minhas mãos.
- Eu também quero! - voltei a pegar a bola.
- Você nem estava jogando! Tava deitada que nem um cadáver no chão! - ele gritou e puxou a bola das minhas mãos.
- O cadáver sou eu ou você? Eu né! Então me devolve! - gritei e puxei a bola. Mas acho que dessa vez, eu puxei forte demais, já que a bola voou para trás e atravessou uma janela, quebrando a mesma.
Arregalei os olhos assustada e olhei para o garoto na minha frente que também tinha seus olhos arregalados.
- Vou contar para o síndico! - dito isso, ele se virou e saiu correndo.
- VOLTA AQUI SEU X9!
××××××
Desde esse dia, a nossa convivência não tem sido uma das melhores, sempre que eu passo pela quadra quando ele está lá, ele "acidentalmente" sempre me acerta com uma bolada e quando eu passo pelo apartamento dele -que é no mesmo andar que o meu- meu ombro acidentalmente bate na campainha dele e eu saio correndo.
- Preciso da sua ajuda! - falo séria cruzando os braços.
- E por que eu te ajudaria? - ele perguntou olhando para as suas unhas e eu respirei fundo.
Hora da ameaça!
- Simples, se você não me ajudar... - sorri olhando para os dois lados e logo aproximei meu rosto do garoto que fez uma careta para mim - ... Eu vou contar para o Vinícius que você tira foto dele quando ele está na piscina.
- Co-Como você sabe disso? - o garoto perguntou ficando três vezes mais pálido. Eu sabia! Meu gaydar nunca falha.
- Você não é o único observador nesse prédio, Matheus. - ri debochada - Então, você vai me ajudar ou eu vou ter que chamar o Vini?
- Você não ousaria. - ele espremeu os olhos na minha direção.
- Ah, não? - sorri e me afastei dele, parando no meio do corredor - VIN...
- Tá! Tá! Eu te ajudo! Só cala a boca! - ele exclamou tampando minha boca enquanto tinha as bochechas vermelhas.
- Obrigada. - sorri tirando suas mãos da minha cara e entrei no seu apartamento deixando ele para trás.
- Folgada. - ouvi ele falar e me virei sorrindo para ele.
- Vinic...
- Para com isso! - ele gritou me interrompendo.
- Então não me xingue. - murmurei cruzando os braços.
- Fala logo o que você quer saber! - ele falou me encarando sério.
- Não vai nem me oferecer um lanchinho?
- Não tem lanche nenhum para você! - ele bufou cruzando os braços.
- Ah não? - sorri maléfica - VIN...
(...)
- Esse bolo é muito bom, Matheus. - sorri mordendo outro pedaço do bolo de chocolate, enquanto o Matheus me encarava sério do outro lado da mesa.
- Eu te odeio. - ele murmurou raivoso.
- Rancoroso. - resmunguei com a boca cheia de bolo.
- Fala logo o que você quer saber, por favor! - ele implorou fechando os olhos e juntando as mãos.
- Quero saber sobre o novo vizinho do apartamento da frente. - confessei depois de engolir o bolo e logo adicionei - Absolutamente tudo!
(...)
- Obrigado pela bolo, Matheus. - sorri segurando o pote com o bolo enquanto saía do apartamento do Matheus.
- Não volte nunca mais, sua chantagista. - ele exclama e bate a porta nas minhas costas.
- Rancoroso. - resmunguei abraçando meu pote -que eu roubei do Matheus- com bolo.
Entrei no meu apartamento sorrindo vitoriosa agora. Afinal consegui saber o que eu queria! Meu novo vizinho se chama Henrique Martins, mora sozinho, solteiro, sem filhos e trabalha em uma estação de rádio.
Eu acho que esse meu interesse repentino pelo novo vizinho, é quase um castigo de Deus! Já que eu falei que não gostava de ser "perseguida" pelo Gui e agora eu estou "perseguindo" alguém. A lei do retorno é real. Mas o que eu podia fazer? Assim que meus olhos caíram sobre o novo vizinho, eu já me interessei por ele.
Aí, ele é um sonho! Deixei um suspiro bobo escapar dos meus lábios e corri até a janela, mas resmunguei um palavrão quando vi que a sua estava fechada.
- Pelo visto vou ter que esperar até amanhã. - resmunguei comigo mesma mordendo um pedaço de bolo.
(...)
- Você vai levar só isso? - perguntei para o senhor baixinho que usava um óculos que duplicava o tamanho dos seus olhos.
- Não sei. - ele coçou a cara e eu fiz uma careta. Eu estava a mais de vinte minutos caminhando com esse senhor pela loja e até agora ele só escolheu um chaveiro que vendia no balcão - Acho que vou levar só isso.
- Amém. - sussurrei revirando os olhos.
- O que?
- Ah, tem também novas gravatas, o senhor não quer dar uma olhada? - perguntei apontando para um lado aleatório. Eu nem sabia se aqui vendia gravatas.
- Sério? Ah, quero sim! - o senhorzinho sorriu e eu quase me chutei para Nárnia.
Para minha sorte -ou azar- nós tínhamos uma sessão onde vendia gravatas de todos os tipos, e depois de perder mais dez minutos do meu precioso tempo -que eu podia estar fazendo várias coisas produtivas, como comer ou dormir ou espiar meu vizinho gostoso-, eu finalmente consegui arrastar aquele senhor para o balcão e se ele levou alguma gravata? Há há há.... Não.
- Aqui estão suas compras, muito obrigada pela escolha, senhor... - parei de falar já que não sabia o nome do senhorzinho.
- Jacinto.
- Já sente o que? - perguntei confusa. Por que pessoas velhas tem sempre que sentir dores nas piores horas?
- Jacinto. - ele repetiu agora fazendo uma careta... Essa não!
- Pelo amor de Deus! Não me diz que é infarto, senhor! - exclamei já me sentindo desesperada. Esse senhorzinho não pode morrer na minha frente! Seria um trauma h******l! Mas h******l do que o dia que aumentaram o preço do Panetone!
- Do que você está falando? - o senhorzinho perguntou confuso.
- Calma senhor! Entrar em pânico nessas horas, nunca é uma boa opção! - falei segurando seus braços.
- Do que você está falan...
- SOCORRO! O HOMEM ESTÁ SENTINDO UM INFARTO! - gritei fazendo algumas pessoas me olharem e eu avistei a Bruna me encarando estranha na porta da loja - Bruna! CHAMA O SAMU! A CRUZ VERMELHA! A FUNERÁRIA!
- Ai meu Deus! Quem está tendo um infarto? - o senhorzinho perguntou arregalando os olhos - CHAMEM LOGO UMA AMBULÂNCIA!
- SOCORRO! - eu gritei desesperada.
- SOCORRO! - o velhinho gritou junto comigo.
- Por que essa gritaria toda? - Bruna perguntou se aproximando de nós dois.
- O senhor está tendo um infarto!
- Sim! Chame a ambulância! Vá! Vá! - o senhorzinho balançou as mãos também desesperado.
- Desculpe, quem é o senhor? - Bruna perguntou confusa olhando para o velhinho ao meu lado.
- Jacinto.
- Viu? Ele continua sentindo! - arregalei os olhos balançando as mãos - CADÊ A d***a DA AMBULÂNCIA?
- Yasmin! Para de gritar! Quem está infartando? - Bruna perguntou me segurando.
- Ele! - apontei para o senhorzinho ao meu lado.
- É, el... Espera, eu? - o senhor arregalou os olhos apontando para sí mesmo.
- Sim! Você mesmo! - afirmei e o senhorzinho engoliu em seco.
- O que? - ele colocou a mão no coração - E-Eu vou mo-morrer?
- Eu sinto muito. - abaixei a cabeça lamentando. Ele era um senhor, um bom senhor, que descanse em paz no céu dos velhinhos.
- Ele não está infartando coisa nenh...
- Minhas pernas estão trêmulas! - o senhorzinho interrompeu a Bruna com os olhos arregalados.
- As pernas dele estão trêmulas! - repeti sentindo minhas mãos tremerem.
- Ela estão trêmulas porque ele está com a bengala levantada! - a Bruna aponta para a bengala na mão do senhor que não estava tocando o chão.
- Meus braços estão pesados! - o velhinho falou com os ombros caídos.
- Os braços dele estão pesados! - repeti colocando a mão na cabeça.
- Eles estão pesados porque ele está segurando peso. - Bruna apontou para as sacolas na mão do senhor. As sacolas que ele havia trago junto com ele, e elas estavam cheias de remédios.
- Minha boca está seca! - o velhinho abriu e fechou a boca.
- A boca dele está seca!
- Está seca porque o coitadinho não tem mais saliva no corpo! - a Bruna bate na própria testa - Ele está bem!
- Estou? - o velhinho pergunta para Bruna.
- Está.
- Mas, o que ele estava sentindo então?
- Fome. - o velhinho concluiu sorrindo sonhador - Vou comer um pastel, adeus. - dito isso ele de virou e saiu batendo sua bengala no chão.
- Você hein. - Bruna ri me encarando divertida.
- Ah, não começa! Eu achei que ele ia morrer mesmo. - eu confesso honesta.
- Você é uma figura. - ela ri e tira seu crachá de segurança - Está no nosso horário de almoço, vamos? - ela perguntou e eu conclui dando o meu crachá para outra funcionária e sai da loja com a Bruna.
Bruna me levou para um restaurante que tinha perto de onde trabalhávamos, e enquanto esperávamos nossa comida, ela me contou sobre as coisas que ela estava estudando sobre mitologia grega.
- É ele! - sussurrei quando vi o Henrique entrar em uma loja qualquer perto de onde estávamos.
- Hades?
- O que? Não! - neguei com a cabeça enquanto tinha os olhos arregalados - É um outro tipo de Deus, volto logo. - avisei e não pensei duas vezes em deixar a pobre Bruna falando sozinha para ir até a loja onde o garoto entrou.