Capítulo 13: Dia de Leilão...

1187 Words
AMIRA... Um mês depois... Hoje é dia do leilão, depois daquela festa, eu comecei a perceber o que realmente estava a se passar aqui... Mas é a primeira vez que presencio tal ato... As meninas estão alinhadas no palco como gados, como pode hoje em dia haver coisas do tipo? Isso me deixa agoniada, e não ter poder para me ajudar e ajudar alguém é uma sensação muito horrível... Olho para elas, cada uma com expressão diferente, outras como quem já desistiu da própria vida, sem emoção nenhuma no rosto, umas ainda sentem, sentem desespero, choram, amedrontadas, desesperadas, buscando entre aqueles homens horríveis, que m*l consiguiam enxergar-lhes naquela escuridão, algum tipo de compaixão, enquanto isso, a luz iluminava apenas o palco, tornando as meninas visíveis, e na plateia, somente a luz ofuscada, só nós que estamos desse lado conseguimos nos ver... Enquanto o Leilão não começa, eles avaliam, conversam, riem, bebem, apontam, como se estivessem num espectáculo divertido e não se tratando de seres humanos... E eu aqui no canto com a bandeja nas mãos, porque assim me foi ordenado, para servir bebidas. Eles são tão nojentos que cada vez que passo perto deles " os mais velhos" o cheiro deles bate-me, como um soco forte no estômago: um suor entranhado, como quem não toma banho com frequência, álcool forte de mais, que so de respirar é o que sai do corpo, e perfume barato misturado com algo ransoso que não sei nem definir... Então engulo seco, respiro devagar, tentando prender para não vomitar encima de um deles... e isso pode me causar demasiado problemas, se notarem o meu enjoo no meu rosto, podem inventar uma desculpa para me levarem ao palco e isso era a última coisa que eu queria agora, então vou continuar a disfarçar... não posso deixar nada transparecer no meu rosto... Quando o Leilão começa, os homens mais velhos são os mais compram, os que parecem mais sádicos, os olhos deles brilham de um jeiti que ainda me dá náuseas. Eles dão lances mais altos como quem compra um brinquedo novo, uma disputa para ver quem ganha o troféu, como se não estivessem vivas e não tivessem sentimentos... A cada batida do martelo, a menina engole o choro, a cada número chamado me estômago revira... E a Layla está do outro lado e de vez enquanto nossos olhares se cruzam, e pelo olhar dela ela também sente o mesmo que eu... E enfim o Leilão termina, copos vazios sobre a mesa, risos altos, apertos de mãos, promessas sussurradas, e meninas levadas por braços firmes dos novos donos para os carros... E descobrir que algumas, é só por alguns meses depois voltam, para serem leiloadas outra vez... Às vezes, invejo-as, pelo menos elas tem a chance, por menor que seja de sair daqui, quem sabe talvez exista alguém menos c***l do que aqui dentro. Mas longo esse pensamento dispersa-se imediatamente pos quem compra. meninas nunca é bom, gentil, ou alguem que vá transmitir algum tipo de segurança... Depois de terminar de limpar o salão com a Layla, eu subo as escadas devagar sentindo as minhas pernas pesadas de tanto cansaço e tudo o que eu quero agora é descansar, espero que o Malik esteja ocupado demais para me incomodar... 5 Anos depois... Nesses 5 anos que estou aqui, não me lembro qual foi o último dia que senti algo que não tenha haver com medo... Agora com 20 anos, meninas da minha idade, sonham com faculdade, carreira, liberdade, amor, e muitos sonhos diversos... Pôs elas tem liberdade de fazê-los. E eu, estou com a minha alma desgastada, esmagada, pareço ter 100 anos por dentro... Em algum momento cheguei a achar que morreria de dor, mas descobri uma coisa pior, a gente não morre, a gente acostuma, vive com ela, cada dia porque alguém faz questão de lembrar-nos dela... Nem o direito de esquecer temos... Ah! o Malik, mistura poder, crença e devassidão do jeito mais hipócrita possível... Na nossa religião o álcool é proibido, tocar numa mulher fora do casamento é errado porque supostamente Deus vê tudo, que tudo será cobrado um dia... Mas para ele, aqui nesta mansão, as regras só existem as que o convém melhor... Quando ele bebe, e ele bebe muito, torna-se algo muito pior que um monstro. Quando eu e a Layla o vemos a beber já sabemos o que vêm pela frente, vamos pagar o preço... Quando ele está assim, ele junta nós duas, deita connosco ao mesmo tempo, nos obriga a fazer coisas insanas para satisfazê-lo, nos força, nos manda ele impõe e nós obedecemos automaticamente, porque é nisso que ele nos transformou, nas marionetas que ele pode manusear como quiser... Ele quebrou-nos completamente, ele conseguiu esmagar cada pedacinho do que restava de nós... E assim eu e Layla aprendemos a sobreviver juntas, mesmo sem falar ,mesmo escondidas das câmeras, usamos gestos sutis, um levantar das sobrancelhas significa muito para nos, um mexer dos dedos uma para outra, é assim que nos comunicamos, para tentar manter algum tipo de sanidade entre nós... E sim tem várias meninas na casa, outras VIPS que tem os próprios quartos, que só servem para clientes ricos que as vezes vêm aqui só para isso. Ja que aqui, é tudo sigiloso, ninguém vai poder ve-los e causar problemas, porque são casados... E as outras para Leilões, ficam no sótão sempre chegam novas meninas todos os meses e outras vão é assim que funciona... Na hora do almoço enquanto serviamos, eu e a Layla, ele sempre nos obriga a sentar com ele na mesa como se fossemos uma família feliz, que hipócrita... No início olha-nos, avalia-nos, nós já estamos habituadas com aquilo, ele sempre faz... Ele pousa os talheres e diz: Amanhã!... Terei uma reunião importante, preciso de vocês duas apresentáveis, quero semblantes bonitos , não caras carancudas e abatidas que sempre aparentam, e sorrisos no rosto... Então não farão mais nada hoje, descansem... mandarei as roupas para os quartos... Vão servir os convidados... Assentimos coma a cabeça as duas, mesmo estranhando a situação. Levantou-se e foi, e tiramos a mesa só olhando uma para outra falando no sussurro: isso não é um bom sinal... Depois cada um para o seu quarto. Mas algo não me sai da cabeça, é a primeira vez que ele faz algo do tipo, ele já teve várias reuniões e nunca nos chamou nem para servir, porque desta vez tem que ser diferente? Porquê precisa de nós? Respiro fundo, e percebo algo estranho analisando a mim mesma, não consigo, sentir raiva, medo, tristeza, é como se por alguma mágica tivesse perdido todos os meus sentimentos... e isso me assusta... porque o Malik conseguiu tirar em mim o que há de mais humano em qualquer pessoa ... sentimentos... E amanhã teremos de servir, sorrir, fingir que somos belas ,simpática,s apresentáveis e decorativas. É assim que ele nos quer bonitas por fora e vazias por dentro... Eu desisti de qualquer ideia de liberdade, qualquer ilusão sequer... o que nasce para ser cativo, morre cativo... E assim fecho os olhos e espero o tempo passar até amanhã, espero não acordar...
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