Capítulo 1
Simplesmente o mundo desmoronava em sua cabeça, era a única coisa que pensava no momento, destruída era como se sentia, como poderia insistir tanto em algo que sabia que estava errado e que não valia a pena? Como podia permitir-se sofrer tanto por algo que não deveria? Como era tola.
Os últimos meses a única coisa que sabia era lamentar-se por ter fracassado consigo mesma por acreditar que Nate, se importaria que a relação deles continuasse, acreditava veementemente que poderiam voltar a ser o casal de antes.
Ingênua, era o que se castigava por ser, o cansaço de uma noite em claro recaia sobre suas costas naquele momento, m*l havia se alimentado aquele dia e m*l poderá sentar-se e respirar, o caos que a Runaway estava aquela manhã e o caos que sua cabeça estava, se pudesse correr dali e aventurar-se no primeiro bar que encontrasse aberto aquela hora da manhã, ela o faria.
— Andrea! — A voz estranhamente calma e imponente de Mira adentrou seus ouvidos fazendo-a despertar de seus pensamentos, pegou o pequeno bloco de notas e a caneta que estava sobre a mesa e caminhou para a sala da editora-chefe.
— Sim, Mira? — A mulher a mediu de cima a baixo fazendo-a sentir-se nua, talvez o vestido n***o colado ao corpo, a meia-calça Chanel, junto aos sapatos vinho e acessórios Louis Vuitton, não houvesse sido tão boa escolha assim, os cabelos sutilmente presos em um belo coque quase desfeito e a maquiagem leve para disfarçar as olheiras de uma noite m*l dormida acompanhada por um leve batom rosé.
Mira passou o indicador sobre os lábios e olhou para os diversos papéis sobre a mesa.
— Eu quero na minha mesa até às três os lenços da nova coleção da Hermes, ainda não vi as amostras de tecidos em contro grané que disse que queria essa manhã, traga-me os vestidos que foram usados na coleção do mês passado, eu quero analisa-los, quero meu almoço às uma da tarde, não esqueça de ir buscar e me mandar o e-mail com a lista de convidados que estarão no coquetel esse sábado, traga-me um café, isso é tudo.
— Aqui estão as fotos que tiramos essa manhã — Nigel disse ao adentrar a sala, Andrea passou pelo amigo a passos rápidos e Nigel olhou para Mira vendo-a encarar a editora.
Mira observava a morena pegar a bolsa e sair a passos apressados em direção ao elevador, percebeu que estava sendo observada e olhou para Nigel estendendo a mão em silêncio.
— Tiffany respondeu sobre a nova coleção?
— Sim, estarei me encontrando com ela para uma breve entrevista amanhã no horário do jantar.
— E os croquis?
— Passando por uma última revisão antes de serem trazidos — Mira apenas acenou com a cabeça enquanto analisava as fotos sobre sua mesa.
.§.
Andrea atravessou a rua rapidamente adentrando a cafeteira, encarou a grande fila sem ânimo algum e respirou fundo, não havia nada o que fazer a não ser esperar.
A cada dois segundos a morena analisava o relógio vendo-os arrastarem-se lentamente, assim que seu nome foi chamado, pegou o pedido e voltou a passos apressados para o grande prédio da Elias-Clark, adentrou o elevador apertando freneticamente o botão do décimo andar, mas até isso estava demorando demais.
Ao conseguir finalmente chegar ao andar, saiu rapidamente em direção a sala de Mira, jogou a bolsa sobre a mesa não vendo Emily na sua, adentrou a sala de Mira vendo-a virada para a janela.
Mira escutou o som dos passos aproximando-se e o perfume doce adentrar suas narinas.
— Foi plantar o café e espera-lo crescer, Andrea?
— Não — Disse tensa — A fila estava muito grande, eu tive que esperar a minha vez — Mira virou-se estendendo a mão para pegar o copo e assim que o recebeu o levou a boca.
— Isso é creme de avelã?
— Perdão, esse é o meu — Disse envergonhada e pegou outro copo e estendeu para a mais velha que negou com um aceno de cabeça negativamente, voltando a tomar o café do copo que estava em sua mão virou a cadeira.
— Você pode ir — Andrea afirmou mesmo sabendo que Mira não lhe via e saiu da sala, sentou-se em frente a sua mesa e tomou o café que seria de Mira, o líquido meio amargo lhe fez fazer uma breve careta, mas ao segundo gole, acostumou-se.
— Você está com uma cara horrível.
—Eu sei Emily, muito obrigada por me lembrar disso.
— Brigou com o cozinheiro novamente? — Perguntou sentando-se em frente ao computador.
Andrea não respondeu, não havia brigado com Nate, haviam se separado na noite anterior e Andrea havia ido para a casa de Lily, mas não ficaria muito, estava procurando algum lugar para si.
— Emily — A voz de Mira ecoou, a ruiva respirou fundo e seguiu para a sala da editora, saiu em poucos minutos sentando-se novamente e pegando o telefone, Andrea continuava imóvel e com os olhos marejados tentando não chorar novamente como havia feito boa parte da noite, ela respirou fundo e olhou para cima, escutou o som do telefone e o pegou.
— Escritório de Mira Prentss.
— Andy.
— Nate? — Perguntou confusa — O que... Por que está me ligando?
— Andy, eu sinto muito por ontem, vamos conversar.
— Tudo bem, onde?
— Posso pega-la na Runaway hoje a noite.
— Está bem.
— Chego às sete.
— Okay, eu preciso ir — Desligou e respirou fundo novamente.
— Não sei porque insiste nesse cara, de longe dá pra perceber que ele não te faz bem — Emily disse ao desligar o telefone.
Andrea massageou as têmporas e fechou os olhos respirando fundo, sua cabeça doía, a vontade de chorar voltava a lhe atingir, o cansaço novamente pesava, a vontade de sumir por algumas horas, queria por alguns minutos esquecer-se de Nate, Mira, Runaway, seu relacionamento fracassado, sua carreira que parecia patética naquele instante, queria apenas jogar tudo para o alto e esquecer-se até mesmo do próprio nome para sentir-se bem.
Mira saiu da sala vendo a morena com os olhos fechados massageando as têmporas e seguiu em direção ao corredor, Emily olhou para a editora, pensou que ela reclamaria com Andrea, mas ao contrário disso, Mira simplesmente foi indiferente, ao menos, isso ela acreditava, Mira preocupou-se ao ver a morena daquela forma.
Havia notado desde que havia visto Andrea aquela manhã que algo estava errado, não demonstraria que estava preocupada, não era de sua conta o que seus funcionários sentiam contudo que não levassem isso para dentro da Runaway e aquela garota tola, segundo ela, deveria ser tratada como os outros, mesmo que quisesse fazer diferente.