P. O.V. Hailey
Observei o prédio na minha frente enquanto levava o cachorro quente à minha boca. Peguei um papel para limpar a minha boca que sujou de mostarda.
Eu estava conhecendo o lugar onde eu iria passar o máximo do meu tempo, a partir de agora.
Trabalhar disfarçada não era uma coisa que eu almejava muito, mas como diz meu pai: "se quisermos grandes conquistas, temos que fazer grandes sacrifícios."
Essa vontade de me tornar policial partiu inteiramente de ver ele sair para trabalhar. Ele agora era um policial aposentado, mas antigamente era muito respeitado e ainda é devo confessar. Eu amava os casos policiais que ele me contava, de como prender os bandidos, e corria atrás deles. Ele sempre foi o meu herói.
Me lembro do dia que eu falei que queria ser como ele, mas ele me disse que eu seria uma policial muito melhor do que ele era.
Agora eu sou agente do FBI, eu gosto de dar esse orgulho a ele. Romero Baker, é o pai que toda pessoa sonha ter.
Minha mãe não fica nada atrás, uma mulher guerreira que passou por cima da família para ficar com a filha que estava esperando. Eu não sou filha de sangue do Romero, meu verdadeiro pai desapareceu e deixou minha mãe sozinha para me criar. Acho que ele fez o famoso "vou comprar um cigarro."
Relacionamentos não são o meu forte. Desde criança quando minha mãe tentava colocar um vestido em mim e eu preferia uma calça e meus all Stars.
Eu só tive três namorados, o da adolescência, que não durou nem duas semanas. Depois de me desvirtuar, ele terminou. Eu ainda tive mais um, esse não deu muito certo porque ele teve que morar em outro lugar, e eu estava entrando na academia, e meu foco era todo aquele. Por último ficou Lucian, ele era um cara legal, nos dávamos bem, mas ele queria uma princesa de salto alto que trabalhava como corretora de imóveis, e não uma policial que não tirava os coturnos dos pés, deve ser por isso que me traiu com nossa vizinha de apartamento.
Eu não sai por baixo, deixei um belo hematoma no rosto dele, um braço quebrado e a costela partida. Acho que ele aprendeu a lição.
Depois disso eu não tive mais nada com ninguém, isso se deve ao fato de não ser uma pessoa que curte muito sair. Prefiro ficar em casa, ou no escritório. Amigos? Nunca nem vi! Eu só tenho o Martín, que por acaso é o meu parceiro.
Depois do meu antigo parceiro morrer, eu o conheci. Não fui muito amistosa com ele no início, mas depois logo mudou, nos tornamos amigos, parceiros, eu morreria por ele e ele por mim. Não existia nada além disso. Ficar com ele? Eca! Nem pensar!
__ E então lady Fiona, o que achou? - dei uma cotovelada na barriga dele o fazendo grunhir de dor.
__ Não me chama assim - Martín sorriu de lado.
__ Parceira soaria melhor? - revirei os olhos.
Quero que minha mente apague tudo o que pensou de legal do Martín, ele é um i****a, e eu o odeio!
__ Nada demais, eu dou conta - coloquei o resto do cachorro quente na minha boca.
__ Você tem uma confiança invejável - peguei a Coca-Cola da mão dele, e bebi tudo - eu não acho que você se encaixa no padrão da empresa.
__ Posso saber o motivo?
__ Estamos aqui a tempo suficiente para eu reparar que tem um padrão de mulheres. Elas são a maioria loira - olhei para o meu cabelo preto - usam saltos - olhei para os meus coturnos - vestidos - olhei para meu jeans e a camisa que eu vestia - e são super simpáticas - rosnei de raiva.
__ Eu sou simpática! Simpatia é o meu nome do meio.
__ Achei que fosse Christina - sorriu de lado.
__ Um mero detalhe - abanei minha mão como para espantar a conversa.
__ Me faça um elogio - franzi o cenho - me fala como estou hoje - respirei fundo, e virei de lado para o observar melhor.
Martín era um homem bonito isso eu mão podia negar, seus cabelos negros em um corte Militar, os olhos azuis, o rosto quadrado e bonito, o peito forte, resultado de horas na academia treinando.
Ele usava uma calça jeans, uma camisa preta e o colete com o grande FBI estampado na frente.
__ Gostei do seu... Cabelo, está muito arrumado hoje - tentei sorrir como quem não quer nada, mas acho que acabei com uma cara de quem estava com dor de barriga.
__ Você tentou - ele deu de ombros - Podemos mudar o seu visual, para se parecer melhor com as características impostas pela empresa.
__ Tanto faz - revirei os olhos - isso não vai durar muito, logo eu vou prender todos eles.
__ É dessa confiança que eu estava me referindo.
Me assustei quando alguém bateu no vidro da vã. Estávamos disfarçados de limpadores de carpete, não era um disfarce muito... Criativo.
Em uma velocidade digna do Conde Drácula, eu e meu parceiro colocamos um macacão cinza e um boné.
Abri o vidro do carro e dei de cara com um homem m*l encarado. Ele usava um terno preto e tinha cara de poucos amigos. Pela postura eu pude reparar que ele já serviu, eu chutaria o Irã.
__ Não podem estacionar aqui - assenti.
__ Já iremos sair - Martín respondeu por mim.
Fechei a janela e liguei a vã, logo sai dali.
***
A equipe estava toda preparada para ouvir o que nosso "amado" chefe, tinha para dizer.
__ Conheçam a família Lancellotti - ele mostrou o painel - descubram tudo o que puderem aqui, para quando chegar a hora não falharem na missão. Entendido?
__ Sim, senhor! - respondemos em uníssono.
__ Começamos com Fiorella Lancellotti, ela é a anciã da família, com seus... 112 anos?! - meu chefe Franziu o cenho - quem fez essa palhaçada? - ele olhou em volta.
__ Não é mentira, essa é mesmo a idade dela - Martín concluiu.
__ Ela está bem conservada - Scott comentou.
Era a pura verdade, apesar de toda a idade, aquela mulher permanecia viva. Será que a fórmula da imortalidade existe, e ela conseguiu tomar?
__ Deve usar produtos Ivone - fei fazendo algumas pessoas rirem.
__ Voltando - ele gritou chamando a atenção - Depois vemos Marco Lancellotti - apontou para o painel - ele é neto de Fiorella, e o segundo mais velho da família.
__ A velha viu os filhos morrer antes dela? - perguntei espantada.
__ Sim! - ele mudou a foto - Esse é Luca Lancellotti, o filho mais novo da de Marco, na verdade é considerado o bastardo da família, já que é fruto de uma traição com a babá... Deles! - me senti até tonta.
A foto mostrava dois homens e uma mulher. Todos muito parecidos, morenos dos olhos verdes, bem claros. Eram bonitos, muito bonitos.
__ Ô genética boa - ouvi alguém comentar.
__ Esses são os trigêmeos, os queridinhos da família. Andrew, Matthew e Samantha Lancellotti - apontou para cada um deles - para resumir eles são a alma do negócio, cada um foi colocado em uma função, eles são quem comandam os negócios da família.
__ Nosso alvo?
__ Matthew Lancellotti - colocou a foto dele agora sozinho - o único que não cuida dos Negócios da família pessoalmente. Criou sua própria empresa e agora trabalha por si só. A desconfiança é que ele está envolvido na compra de armas que vai ocorrer daqui a dois meses. Seu trabalho é descobrir onde vai ser a compra e venda, e usar isso contra ele. Temos que fazer ele entregar os negócios podre da família.
Esse homem parecia burro, se tinha a própria empresa, criou seu próprio património, porquê se envolver nos negócios sujos da família? Acho que tinha mais coisa r**m do que aparentava.
Não importa o quão difícil seja, eu vou prender todos eles. Os Lancellotti já estão a tempo demais no mundo do crime, nunca foram descobertos antes, mas isso é porque eu não estava na investigação.
__ Esses são os mais importantes, o resto da família está toda escrito aí - apontou para a pasta que era entregue - Baker, Sokolova, me sigam!
Seguimos o nosso chefe até a sala dele. Ele se sentou na cadeira e nos encarou.
Alan Lencastre, nosso chefe, o homem mais rígido que eu conheço.
__ Senhor? - o olhei esperando ele falar.
__ O que descobriram? - ele abriu a gaveta e retirou uma bolinha de dentro.
__ Creio que temos um problema - olhei para Martín com a minha pior cara de : "eu vou te matar."
__ E qual seria?
__ A empresa parece seguir um padrão que consiste em mulheres, bem vestidas, simpáticas e com sorrisos de Miss Universo - sorri debochada.
__ Bem... - ele me olhou de cima a baixo - Você se adapta - ele apertou a bolinha com força - Procure alguém para te ajudar a ficar mais... Simpática!
__ Eu sou simpática, super simpática - bati na mesa dele - eu comprei um bolinho para você na semana passada, mesmo que seu médico tenha proibido você de comer açúcar.
__ Ta me dizendo que induzir seu chefe a morte é um ato de simpatia? - lancei um olhar matador a ele - você não vai conseguir o emprego se agir do jeito que age sempre.
Com raiva fui até ele e o virei para a parede, peguei o seu braço e torci para trás.
__ E de que jeito você está falando?
__ Esse - Martín resmungou.
Soltei ele e me virei para o chefe. Ele tinha um olhar cansado no rosto, conviver comigo e meu parceiro não era tão fácil assim.
__ Eu consigo. Vou tentar ser mais... - limpei minha garganta - simpática!
__ Só consiga o emprego - assenti.
Desliguei meu computador e peguei minha bolsa. Hora de ir para a casa dos meus pais. Eu não Moro com eles, mas às vezes apareço para o jantar, já que eu quase nunca estou em casa, sempre trabalhando.
Bati na porta e esperei alguém abrir. Fiquei insatisfeita ao ver meu irmão parado com um sorriso brincando em seus lábios.
Eu era a irmã do meio, tinha minha irmã mais velha, Cassandra, meu outro irmão Justin, e meu irmão mais novo, Bernardo.
Ele é a pessoa mais irritante de todo o planeta. Eu não consigo ficar dois minutos perto dele sem sentir vontade de meter uma bala em sua cabeça.
Jantar em família não era muito o meu forte, ainda mais quando eu tenho que aturar meus sobrinhos. Eu gosto de crianças, mas bem longe de mim.
__ Sai da frente - empurrei ele para o lado.
__ Mãe, a i****a chegou - dei um soco na barriga dele - e me bateu.
Entrei em casa e olhei ao redor. Como eu amo essa casa. Minha infância foi toda nela, com meus pais amorosos e meus irmãos irritantes, mas que eu amo.
__ Oi querida - minha mãe deixou um beijo em minha bochecha - não bata em seu irmão, ainda mais quando ele não pode se defender.
Bernardo mora com meus pais e faz faculdade. Bem melhor que o meu irmão Justin, que entra e sai da cadeia, normalmente eu que limpo a barra dele.
__ ele tem dezanove, já devia saber se proteger - falei com raiva - vou tomar banho!
Entrei no meu antigo quarto e me joguei na cama. Minha mãe tem apenas uma regra, toda quita, jantar em família e no domigo almoço com a família e os parentes, aquilo era uma tortura.
Eu poderia não aparecer, mas aí eu teria que enfrentar a fera, e eu tenho muito medo da minha mãe.
Depois do meu banho tomado, coloquei uma calça jeans, com uma camisa de manga longa e coloquei meus amáveis coturnos.
Eu até uso vestidos e saias, só não sou muito fã, ainda mais quando tenho que trabalhar. Não seria nada bom sair correndo atrás de um suspeito de salto, ou então prender eles com o risco de verem a minha calcinha.
Desci as escadas e revirei os olhos ao encontrar meus irmão na sala, e meus sobrinhos.
A única pessoa que tem um relacionamento é minha irmã Cassandra, bem casada e com três filhos, Laura, com seus 13 anos, Igor, com seus 7, e Luana com seus 1 ano e 7 meses.
Justin era o perdido da família, m*l humorado e estilo rebelde, ver ele com alguém seria muito improvável.
Bernardo era o típico nerd, que m*l saia de casa, era difícil ver ele até com amigos, quem dirá com alguma namorada, apesar de eu ter uma leve desconfiança sobre ele ser gay. Se ele não contar eu é que não farei.
__ Pai - me joguei nos braços dele.
Eu não era sua filha biológica, assim como minha mãe não era mãe de Cassandra e Justin, apenas Bernardo era filho dos dois.
__ Oi , minha filha - deu um beijo na minha bochecha - e como vai o trabalho? Prendendo muitas pessoas?
__ Tirando o nosso irmão - Bernardo debochou e acabou levando um tapa na cabeça dado por Justin.
__ Fica na sua! - apontou o dedo para ele.
__ Podem parar - meu pai usou a voz que fazia todos o obedecer - e meus netinhos? - Cassandra apontou para as escadas e ele subiu.
Me joguei no sofá e sorri para meus irmãos. Eu devo confessar, sou a preferida do nosso pai.
__ Oi Cassy - sorri de lado.
Minha irmã e eu éramos para sermos unidas, mas acabou que ela era uma patricinha que se acha a dona do mundo por ter se casado com um cirurgião.
__ Como vai a vida no trabalho, levando muitos tiros? - sorriu venenosa.
__ Eu atiro também, tenho uma arma para isso - coloquei um pouco mais de veneno na conversa.
__ Tenso! - Bernardo riu - e você Justin, deixando muitos sabonetes caírem no chão? - Justin foi para cima dele.
Entrei na frente dos dois, eu jamais deixaria ele machucar nosso irmão mais novo. Apesar de irritante eu o amo. Só eu posso bater nele.
__ Se tocar nele, eu quebro seu braço em três partes, entendeu?
__ Não sei porque eu ainda venho para esses jantares, sempre acabam da mesma maneira.
__ A culpa é da Hailey, que fica batendo em todo mundo.
__ Pelo menos eu não sou nariz em pé, me achando a última Coca-Cola do deserto.
__ Você é a p***a de um pirralho irritante.
__ Cala a boca, Zé droguinha - e a confusão estava feita.
Justin tinha razão, os jantares sempre acabavam da mesma forma, com eu e meus irmãos brigando por motivos bobos.
__ Vocês parecem crianças - Laura falou se fazendo presente.
__ Eu pude ouvir a discussão do quintal. É um jantar em família, para conversarmos e sabermos mais sobre a vida um do outro.
__ Desculpe mãe - falamos em uníssono. Duvido alguém desrespeitar nossa rainha, aí sim vão ver do que um Baker é capaz.
__ Venham, o jantar está servido - ela sorriu, amorosa como sempre.
Todos sentamos à mesa. Meu pai voltou com Igor no colo, eu imaginei que Luana estava dormindo, ou com o pai.
Só se podia ouvir o barulho de talheres sobre o prato. O clima sempre fica estranho, ainda não entendo o motivo da minha mãe fazer esses jantares, ela deve amar muito os filhos.
__ Como foi a semana de vocês? - ninguém respondeu - Ninguém vai responder?
__ Eu tirei um A na prova de matemática - Igor sorriu contente.
__ Isso é muito bom. Mais alguém?
__ Eu fui bem no teste de química - Laura comentou.
__ Estou criando uma inteligência artificial - arregalei os olhos.
__ Isso é impressionante.
__ Muito obrigado. É muito bom saber que eu sou o mais inteligente da família. Se precisarem algum dia, eu faço um desconto.
__ Pirralho folgado! - Justin resmungou.
__ Mas alguém fez algo... Inteligente?
É claro que ninguém iria responder a isso. O único que poderia inventar essas coisas é o Bernardo.
__ Eu consegui um emprego - todos nós viramos para olhá-lo. Aquilo sim era uma novidade - eu começo na segunda.
__ Isso é ótimo meu amor - minha mãe sorriu - estou orgulhosa!
__ Todos estamos - meu pai também sorriu - e o que vai fazer?
__ Sou barman em uma boate - meus pais não tiraram o sorriso do rosto. Para eles, qualquer trabalho é trabalho, ainda mais para o Justin.
__ E você querida? - minha mãe olhou para Cassandra - está tão calada.
__ Nada demais - ela forçou um sorriso - As mesmas coisas de sempre - franzi o cenho.
Minha irmã não parecia bem, e eu não gostei nada disso. O olhar dela era distante, sofrido. Seja lá o que for, vai conhecer a minha ira.
__ E você meu amor? - minha mãe me olhou.
__ Eu... - todos me olharam - vou trabalhar disfarçada.
__ Que maneiro - Bernardo falou empolgado - e vai fazer o que? Se infiltra em uma gangue de motoqueiros, ou sei lá, até se tornar namorada de um mafioso para descobrir os podres da família dele, super dá certo em filmes - revirei os olhos.
__ Não posso falar sobre.
__ É claro que não pode - meu pai sorriu - estou muito orgulhoso de você, seu primeiro trabalho sobre disfarce - sorri.
__ Muito mais legal que todos nós juntos - Igor cruzou os braços - não é justo! - fez um biquinho.
__ Tirar A em matemática é muito legal também.
__ Bernardo criou uma inteligência artificial - Laura falou alto - isso é muito interessante
__ Também estamos orgulhosos filho - minha mãe sorriu
As vezes eu me sentia m*l pelo meu pai tratar o Bernardo tão friamente. Eu sei que ele sempre imaginou um filho jogador, e pegador, mas esse não era o estilo do meu irmão.
__ Valeu mãe - ele sorriu de lado
As coisas ainda estavam estranhas depois dessa fala. Cassandra quieta, Bernardo sem comer, Justin arrumando um emprego. Isso não era o normal da minha família
Cassandra é uma pessoa que não consegue ficar quieta, Bernardo é magro de r**m, só come vive comendo, Justin e trabalho e igual água e óleo, não se misturam
Então eu estava sim um pouco preocupada com a minha família
Eu não convivo muito com eles, mas o pouco que eu fico, me faz ficar preocupada.
Eu poderia resolver isso depois. Preciso conseguir o emprego, para extrair o máximo de informações que conseguir.