[NARRADO POR MURILO FERREIRA] A porta fechou atrás de mim com um estrondo seco. Parecia sentença. Mas não era. Era o som do fim de uma visita que virou campo de batalha. Caminhei pelo corredor arrastando os pés, com o gosto do beijo ainda latejando na boca. Não era beijo de amor, nem de despedida. Era marca. Era aviso. Mas eu tava vazio. Seco por dentro. A cela tava escura. Os parceiros que dividiam comigo tinham sido transferidos mais cedo. Agora era só eu, as paredes suadas e o som da minha respiração querendo virar grito. Sentei no chão, encostado na parede fria. As mãos tremiam. O peito também. Sete anos. Um filho. Um beijo. Uma mulher que voltou do nada dizendo que ia me tirar dali. Me chamar de inocente. Me salvar. Porra nenhuma disso apaga o que eu passei. Mas muda t

