[NARRADO POR MURILO FERREIRA – DENTRO DA SALA, SÓ EU E ELE] O Júlio já tinha saído. Minha mãe foi pra cozinha, tentando disfarçar o choro. Melissa deu espaço, segurando a emoção na ponta dos olhos. E a sala… ficou só nossa. Eu e ele. O moleque ainda colado no meu peito, os bracinhos finos me abraçando como se tentasse colar os pedaços que faltavam em mim. Aos poucos, ele se afastou um pouco. Me olhou de cima a baixo. Olhos escuros, vivos, curiosos pra c*****o. E então, com aquele sotaque meio cantado de criança da quebrada, ele mandou: — “Caraca… tu tem muita tatuagem, hein?” Eu ri. Baixo, de verdade, daquele jeito que fazia tempo que não vinha. — “É… o papai é meio rabiscado, né.” Ele apontou uma por uma. — “Essa caveira aí é de vilão?” — “Depende do ponto de vista.” — res

