Narrado por Melissa Rocha Fechei a porta do quarto com cuidado, mas o trinco gemeu mesmo assim. Tudo na minha casa faz barulho. Menos eu. Tranquei. Dei dois passos até a cama. E desabei. Não chorei. Não ainda. Mas o corpo já tava derretendo. Pesado. Tenso. Tipo depois de um furacão. Fiquei deitada de lado, encarando a parede como se ela fosse responder algo. Como se ela entendesse essa bagunça aqui dentro. A fala da minha mãe ainda ecoava. “Sobe.” “Vai dormir.” “Reza pra eu não ouvir teu nome na boca do povo.” Como se amar alguém virasse maldição. Como se eu fosse suja só por sentir. Peguei o celular. Mãos tremendo, tela borrada de suor. Duas mensagens do Murilo. > “Chegou?” > “Tô pensando em tu.” Sorri. De leve. Com a alma ainda doída. Respondi: > “Che

