Episódio 2

1528 Words
As pessoas começaram a murmurar entre si, enquanto eu me sentia estúp*ida. Eu fui humilhada por aquele homem, então não tive escolha a não ser ir embora também. Voltei para casa dos meus pais e troquei de roupa. A minha mãe estava fazendo as minhas malas enquanto chorava pelo que estava acontecendo. — Não chore, mamãe. Eu a abracei com força. — Perdoe-me, minha menina, perdoe-me por não ter defendido você do seu pai. Ela soluçou. Juntei a minha testa à dela e beijei-a nos lábios como fazia quando era pequena. — Prometo voltar para buscar você mamãe, prometo que vou separar você do animal do meu pai, apenas continue viva, ok? Faço tudo pela sua saúde, te amo muito, minha velha. Chorei com uma dor aguda no peito. E eu nunca me separei da minha linda velhinha. Segundos depois peguei as minhas malas e saí de casa, sem me despedir do meu pai. Eu nem queria olhar na cara dele, o idi*ota estava sentado, bebendo na cadeira da sala, comemorando por finalmente ter se livrado de mim. Uma limusine preta me esperava na rua. Um homem mais velho saiu e abriu a porta para que eu entrasse. — Deixe essa mala no lixo, senhorita, são ordens do senhor. Disse-me o velho. Cerrei os punhos em aborrecimento e tirei o meu bicho de pelúcia da mala para levá-la comigo. O velho olhou para mim de forma estranha, mas ainda não disse nada. Então deixei a mala chateada, pois tinha tanto medo de Dylan e não queria desobedecer nenhuma das suas ordens. Durante a viagem fiquei em silêncio por alguns minutos. As lágrimas corriam pelo meu rosto sem parar. Como seria minha vida a partir de então? O que me esperava depois disso? Será que Dylan seria um abusador? Assim que chegamos na mansão os meus olhos ficaram maravilhados. Era uma casa linda, com três andares, mas um dos andares era subterrâneo. Andei com o bichinho de pelúcia na mão e entrei. Os meus lábios se arregalaram quando vi o lugar maravilhoso onde iria morar. O chão era brilhante, tanto que o meu rosto se refletia nele, as pinturas e estátuas faziam com que parecesse elegante. E alguns segundos depois, caminhei com cuidado até o quarto que uma das empregadas havia me mostrado. — Senhora Mayora… As minhas bochechas coraram. Ouvi-la me chamar pelo sobrenome de um estranho me deixou enjoada e com raiva ao mesmo tempo, então tive que cerrar os punhos para me controlar. — Sim, pode falar. Eu olhei para ela com aborrecimento. — Este será o quarto que você dividirá com o senhor, ele saiu de viagem agora mesmo, mas me pediu para avisar para você se sentir confortável e que ele chegará em alguns dias. Fiquei aliviada por não vê-lo por alguns dias, mas, por outro lado estava muito nervosa. A empregada havia me cedido o quarto do monstro e só de pensar que eu iria dividir o quarto com ele me dava arrepios. Quando fiquei sozinha aproveitei para bisbilhotar o quarto. Havia uma cama extra no meio, com duas mesinhas de cabeceira nas laterais, uma penteadeira feminina na frente e as paredes estavam cheias de pequenas luminárias presas a elas, mas havia algo que me chamou completamente a atenção, foi o retrato de uma mulher com uma criança desenhada à mão no lado direito da parede. Depois de bisbilhotar, fui para o banheiro, que era bastante elegante e espaçoso. Eu nunca tinha tomado banho numa banheira antes, então fiquei animada e procurei nos frascos de essência. Logo eu estava enchendo a banheira com sabonete com aroma de laranja. Era estranho, mas era esse o cheiro, e não reclamei, era muito melhor que os sabonetes que o meu pai comprava. Naquela noite tive dificuldade em adormecer. E mesmo que trouxessem o meu jantar, eu não consegui comê-lo. Eu não conseguia parar de pensar no que iria acontecer com a minha vida a partir daquele momento, quando eu tinha marido, quando tinha uma vida muito diferente daquela que imaginava. Comecei a chorar por longas horas até que conseguir adormecer. Eram seis da manhã quando uma mulher entrou no quarto. Ela começou a abrir as janelas como se estivesse exasperada, a sua falta de sanidade era máxima. Eu me cobri mais com o cobertor ainda mais, pois fazia apenas algumas horas que adormeci. — É hora de acordar. Aqui nesta casa todo mundo acorda às seis da manhã, não pense que por ser esposa do meu irmão você pode fazer o que quiser, aqui você tem obrigações e deveres. Eu ia perguntar quem era a gentil mulher de cabelos castanhos que acabou de me acordar, mas ouvi ela dizer que era a irmã dele. Então, aí já estava a minha resposta. Balancei a minha cabeça e olhei para ela com ódio. Então, vendo que eu não me levantei, ela puxou os meus lençóis, irritada. — O que você está esperando, morrer de fome? Levante! O seu tom era arrogante, o seu olhar frio. Levantei em silêncio, afinal ele não estava em casa. Eu só tinha que obedecer. Depois de me arrumar, a moça me deu muitas tarefas de limpeza, e não é que isso me incomodasse, só que eu não entendia porque existiam empregados ali. Naquele dia não pude comer na sala de jantar. Além disso, eu estava com as mesmas roupas do dia anterior, pois o meu “marido” não me deixou trazer as minhas. Eram nove da noite, quando eu estava subindo para o meu quarto e a irmã de Dylan, Marina, esse era o nome dela, me disse que não era para eu dormir no quarto de Dylan, então me disse para dormir em um dos quartos do térreo que ficava ao lado do quarto de Margarida, a empregada. Quando entrei no quartinho, o frio me fez estremecer, pois havia uma janela que estava aberta e dava apenas para o jardim. As árvores do jardim tremulavam indicando uma tempestade horrível, e naquele momento senti muita falta da minha mãe. Nos dias de chuva ela sempre dormia comigo abraçada. Fechei a janela e deitei começando a chorar novamente. Eu odiava Dylan com todas as minhas forças. Por quê? De tantas mulheres no mundo, eu tinha que ser a pessoa com quem o idi*ota se casaria. Naquela noite, apesar de cansada, não consegui dormir. Naquele ano eu estaria cursando o primeiro semestre de enfermagem, mas não, a minha vida tinha que mudar assim. Mais uma vez adormeci às quatro da manhã e, assim como na noite anterior, a minha cunhada megera me acordou na mesma hora. Eu estava cansada de usar a mesma roupa então depois de limpar perguntei se ela não poderia me emprestar algumas roupas. — Dona Marina, me perdoe, poderia me emprestar algumas roupas para que eu possa me trocar? — Kkkkk! O que aconteceu? Você está louca? Ela expressou com raiva e surpresa. — Eu nunca te emprestaria as minhas roupas para que você pudesse sujá-las com o seu corpo nojento. Eu não respondi, mas uma lágrima rolou pelo meu rosto. Não entendi porque aquela mulher me tratava com total desagrado se eu nunca tinha feito nada com ela. Eu não tinha pedido para estar lá, não queria me casar com o irmão dele. Eu estava terminando de limpar o chão da sala com uma esponja quando Margarida me disse animada que a minha mãe estava na porta da mansão e queria me ver. Tive vontade de sair correndo e abraçá-la, não sabia quanto tempo fazia que não a via, eu sentia tanta falta dela. — Onde você pensa que vai? Marina me parou, me pegando pelos braços. — Ver a minha mãe que veio me visitar. Olhei para ela desesperado para fugir. — Você não pode receber visitas, vamos, continue esfregando, vou avisar a sua mãe que você não pode vê-la. Margarida olhou para mim com pena, então peguei a esponja e continuei a limpeza, enquanto observava Marina sair para se despedir da minha velha querida. Corri para o meu quarto para vê-la mesmo de longe, pois dava para o jardim eu conseguia vê-la perfeitamente. O meu coração se partiu quando Marina a expulsou como um cachorro, a minha pobre mãe carregava um bolo nas mãos e Marina o havia arrancado dela para jogar no lixo. A minha mãe pegou a sua cesta e, muito triste, enquanto enxugava as lágrimas com um lenço, e saiu da mansão. Os dias seguintes passaram tão rápido que eu não percebi há quanto tempo estava usando a mesma roupa. A única coisa que me salvou de cheirar m*al foi que à noite tirei-os para lavá-las e de manhã depois de me levantar coloquei novamente. Naquele dia a minha querida cunhada não me acordou como todos os dias, pelo contrário, mandou o café da manhã para o meu quarto. Achei extremamente estranho, mas não fui estúpi8da o suficiente para protestar. Depois do café da manhã a empregada me disse para ir ao escritório porque o meu marido havia voltado e queria me ver... ‎​​‌‌​​‌‌​‌​‌​​​‌​‌‌‍
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