Helen
Me olhei no espelho com uma careta. Eu não entendia como Dylan quis se casar comigo. Eu era uma garota tão simples, sem nenhuma graça. Os meus olhos eram grandes como os da Princesa Pocahontas e a cor deles era castanho. O meu cabelo castanho passava da bu*nda, mas, o meu corpo era tão simples. Eu era magra, com um pouco de largura nos quadris, mas, os meus se*ios eram planos e a minha bu*nda, parece que nunca desenvolveu.
Procurei estar no meu melhor para a ocasião, afinal ele era meu marido e eu não queria que ele me visse com olhos de desgosto. Então tomei banho depois do café da manhã, para que ele se sentisse agradável com a minha presença. Porém, tudo foi inútil, pois quando bati na porta do escritório ele me olhou com nojo.
— Posso entrar? Perguntei nervosa, enquanto batia algumas vezes na porta.
— Entre. Ele disse calmamente.
Quando entrei no escritório olhei para ele. Ele estava na sua mesa olhando alguns papéis e, sem olhar para mim, mas com uma expressão séria no rosto, fez sinal para que eu me sentasse.
— Senhorita Helen, por favor, sente-se, há muitas coisas que quero lhe explicar.
Sentei-me em silêncio e, enquanto olhava para as minhas mãos ou brincava com os meus cabelos, observei-o atentamente. Ele tinha um rosto bonito, tanto que parecia rosto de mulher, pois era tão liso que parecia maquiado.
Ele olhou para cima e arqueou as sobrancelhas enquanto olhava para mim, eu queria me cheirar para ver se tinha um odor ru*im no corpo, mas não consegui sentir nada.
— Esses papéis que tenho em mãos são um contrato de casamento, você será minha esposa, a minha companheira, e a minha enfermeira por dois anos, que é quanto tempo vai durar a terapia de recuperação da próxima operação que farei daqui a alguns meses. É por isso que preciso de você, preciso da sua companhia até o término do contrato.
Eu balancei a cabeça. O que ele disse me pareceu absurdo. Se ele queria uma companhia, por que não comprou um cachorro? Mas como não sou tão idi*ota, acabei contando a ele o que estava pensando.
— Acho tão idi*ota você ter se casado comigo só por essa bobagem! Por que você não comprou um cachorro? Se ao menos você pudesse ter evitado tornar a minha vida tão miserável! Gritei na cara dele antes de me levantar para sair, irritada.
— É melhor você calar a boca e sentar! Fiquei estática quando o ouvi falar comigo daquele jeito seco, que paralisou cada fio de cabelo do meu corpo. — Fiz um acordo com o seu pai e você deve cumpri-lo. Além disso, você já é minha esposa e eu dei uma grande quantia em dinheiro ao seu pai por você, sua pirralha insolente. Assim que ouvi o ronco da sua voz senti as minhas pernas tremerem, o medo instalou-se na minha barriga como punhais de aço. Eu estava congelada. — Você assina o contrato ou eu não respondo por mim! Ele franziu as sobrancelhas em aborrecimento.
— Você disse que foi meu pai que fez um acordo com você, por que eu deveria assinar também?
— Porque aqui você concorda em ficar comigo até o tempo acabar ou até eu ficar entediado com você, e agora, não perca o meu tempo. Ele expeliu pela boca com arrogância. — Assine o papel porque você é minha esposa de qualquer maneira. Os seus olhos estavam vermelhos de raiva.
Senti um aperto no estômago, mas mesmo assim peguei a caneta e assinei.
Eu sabia que poderia ir embora, que poderia escapar daquele contrato maluco, mas não tinha dinheiro para isso e mesmo que tivesse, a minha mãe precisava de uma cirurgia de emergência. Então pensei que poderia ir embora depois da operação. Eu iria sair daquela prisão ao qual estava sendo condenada.
— Você pode sair. E, ah, por favor, mandei você comprar roupas novas e você ainda está usando aqueles trapos. Esta noite alguns amigos virão comemorar o meu casamento atual e quero que você pareça formal, não me deixe com mais vergonha de você.
— E se os seus amigos perguntarem sobre o nosso relacionamento? Perguntei, desnorteada.
Tudo parecia uma novela de televisão, daquelas em que milionários se casam com a garota pobre e ingênua e depois se apaixonam, mas eu nunca conseguiria amar Dylan Mayora nem em mil anos.
— Eu não tinha pensado nisso, bom, digamos que o seu pai nos apresentou e nos apaixonamos na hora, sim, só isso.
Olhei para ele com irritação, tudo parecia tão simples, ele nem tinha me dado uma explicação válida para que eu pudesse entender como casar comigo o beneficiou.
— Ok, posso sair agora, senhor? Perguntei zombeteiramente.
— Sim por favor. Estou cansado de olhar para você hoje.
Dylan
Eu estava acostumado a levar a minha linda esposa e o meu filho Daniel todas as férias para Acapulco. Alicia, minha esposa, era mexicana e quando íamos passar as férias na casa da mãe dela ela adorava passar o fim de semana hospedada nos hotéis mais próximos da praia.
Naquele dia havíamos chegado atrasados da nossa viagem ao México, e como eu tinha alguns assuntos pendentes para terminar, fiquei até tarde trabalhando em alguns projetos que teria que assinar no dia seguinte.
— Já é tarde, amanhã iremos para praia de madrugada e não quero que você adormeça no caminho. Alicia, a minha esposa, sentou no meu colo para me convencer.
— Amor, deixa eu terminar, ok? Prometo dormir em alguns minutos. Prometi sem olhar para ela.
Ela me deu um beijo caloroso nos lábios e saiu do escritório.
Eram quase três da manhã quando terminei os arquivos. Liguei para Gonzalo, o meu amigo e advogado que também tinha ido ao México a negócios, para que no dia seguinte ele pudesse pegar os papéis na casa da minha sogra e levá-los assinados para a sede que tínhamos no México.
Ter um império automóvel não era fácil de alcançar na minha tenra idade, mas embora tenha herdado as empresas do meu pai, também a fiz crescer através de muito trabalho.
Apenas duas horas se passaram quando a minha esposa levantou para se arrumar. Ela adorava viajar para a praia de madrugada e Daniel ficou bastante feliz com a viagem.
— Papai, estou feliz porque desta vez você pôde vir conosco para a praia. O meu filho de três anos me disse com os olhos azuis arregalados de entusiasmo.
— E prometo fazer isso com mais frequência. Acariciei os seus cabelos castanhos com carinho.
A estrada era curta, faltavam apenas alguns minutos para chegar ao nosso destino. Eu estava muito cansado e de vez em quando meus olhos fechavam sozinhos. Alicia estava distraída com o celular e eu tentava me concentrar na estrada, até que tudo ficou nublado, me fazendo adormecer completamente.
Quando acordei, estava num quarto de hospital. A primeira coisa que me disseram foi que a minha esposa e o meu filho haviam morrido num acidente de carro e que eu havia sobrevivido milagrosamente, mas infelizmente havia perdido a mobilidade das pernas.
Foi muito doloroso perder a minha família. Eu não entendia por que a vida havia tirado o que eu mais amava. A culpa foi minha? Eu me perguntei mil vezes. E a resposta, era sempre sim. Então o meu coração ficou frio e cheio de ódio.
Estar numa cadeira de rodas me roubou muitas amizades. As pessoas me viam com pena e outras com medo, mas eu as compreendia porque sempre que se aproximavam de mim, o desdém com que as tratava era insuportável até para mim.
Um dia me ligaram de uma escola para entregar os certificados de conclusão do ensino médio. Todos os anos eu fazia doações de caridade para aquela instituição de classe baixa. Camilo, o meu motorista, empurrava a minha cadeira de rodas quando uma jovem vestida para a formatura quase caiu nos meus pés.
— Desculpe. Ela se levantou tristemente sem olhar para mim e saiu.
Eu fiquei encantado com a beleza daquela garota. Ela tinha cabelos compridos e o seu rosto refletia inocência. Fiquei obcecado com a doçura da sua voz.
Depois da morte da minha esposa, nenhuma outra mulher chamou a minha atenção. E embora muitos quisessem se aproximar, para mim só fizeram isso por pena, e muito mais, pelo meu dinheiro.
Na apresentação do título não parei de olhar para ela, até perceber que por acaso o pai dela trabalhava para minha empresa. Uma ideia surgiu imediatamente na minha cabeça e, na manhã seguinte, liguei para Artur Fonseca do meu escritório.
Chamei-o ao meu escritório para pedir-lhe que me desse sua filha como esposa em troca de muito dinheiro. Mesmo sabendo que o que estava fazendo era errado, eu a queria loucamente. Eu só a tinha visto uma vez, mas o que aquela garota provocou ou despertou em mim me deixou obcecado.
— Sr. Fonseca, o senhor já deve trinta mil dólares em empréstimos à minha empresa. E mesmo que eu quisesse ajudá-lo, não poderia fazê-lo, pois mesmo tirando o seu salário de promotor de vendas, você não poderia me pagar tudo o que me deve em vinte anos.
— Sr. Dylan, por favor, prometo pagar, além disso, a minha esposa está doente e a minha filha m*al ajuda em casa. Ele implorou.