Chapter XIV

3441 Words
Episódio: Bandanas - Tá. Estamos aqui exatamente por quê? - Louis questionou completamente confuso ao que Zayn puxara-o para o canto do refeitório. Eles geralmente não se esbarravam no horário do almoço, mas esta segunda-feira parecia ser uma exceção. - Como Harry está? - Ahm... Normal? Ele não falou muito de manhã, como sempre. Eu o deixei no quarto e vim almoçar. Por quê? Que raios aconteceu, Malik? - o moreno de olhinhos azuis questionou aflito. Zayn suspirou nervosamente e soltou a manga do jaleco de Louis, cujo segurava firme enquanto arrastava Tomlinson para conversarem particularmente. - Preciso falar com você, mas não quero ocupar seu tempo de almoço. - Relaxa Zayn, eu não me importo. É sobre Harry? Ele está bem? A preocupação instantânea de Louis com seu paciente temporário fez com que Zayn de imediato arqueasse uma das sobrancelhas mas então descontraísse-a e preenchesse seu peito de compaixão. Ele, por mais que tivesse com muito ciúmes, ainda manteria sua pose de profissional e ser-humano. Gostava de presenciar Louis sendo atencioso com Styles, entretanto ainda necessitava ter um diálogo sério com seu aprendiz. - Não, Harry está bem. E isso tomaria alguns minutos extras daquele disponível pro seu almoço. Posso, ahm... Ir na sua casa depois do seu turno? Oi?! Ao decodificar as palavras em seu ouvido Louis engasgou com a própria saliva, perplexo. Zayn querendo ir em seu apartamento depois do serviço ?! O quê?! - É.. É.. - seu cérebro não enviava coordenações coerentes a sua própria boca, e sinceramente Louis não sabia se estava nervoso, confuso ou preocupado. - Sim. Claro. Pode ir lá. Os ombros do muçulmano não estavam mais tencionados e ele apenas assentiu com seu semblante mais calmo. - Certo Louis, nos falamos depois. - avisou sorrindo e deixou um leve tapa no ombro do menor, que continuava sem compreender nada. ... - Olá novamente! - Louis entrou no quarto saltitante. Harry estava tão tímido pela manhã que nem o pronunciou cumprimentos, então esperava ao menos agora ter seu entusiasmo retribuído. Ao pousar seus olhos no maior, Louis imediatamente sorriu deslumbrado. Harry estava usando aquela bandana verde de cor sem graça que Louis o presenteara semana passada. Apesar da bandana ser tão monótona e sem vida quanto aquela com a bandeira dos Estados Unidos, ainda assim moldava perfeitamente os cachos de cor achocolatada de Styles. E p***a como ele ficava maravilhoso com aquilo. Os olhinhos verdes de Harry fixaram-se inocentes nos azuis de Louis, e no mesmo instante encheram-se de êxtase.  O orgulho estampado na expressão facial de Louis foi provavelmente tão grande e intensa que fez Harry nota-la, e se sentir constrangido. Ele não estava acostumado com atenção tão exclusiva a ele... Claro, ultimamente na verdade Louis estava transformando isso em algo comum, mas ainda era uma novidade esses sorrisos admirados. Receber tamanha simpatia nunca se tornaria comum em sua rotina. - Deus! Ficou ótimo, Harry! - Louis proferiu ainda estonteado, aproximando-se do maior e sentando-se na cadeira. Harry estava sentado na beirada do colchão com as pernas pra fora da cama e os dedos brincando entre si. Suas pernas balançavam pra frente e para trás brandamente enquanto uma covinha ameaçava afundar-se em sua bochecha esquerda. - Ficou muito legal, Haz! - Louis elogiou de novo, deslumbrado com a cena divina de sua frente. O encaracolado não o respondeu, estava digerindo sua alegria contida com cada comentário. Ele tentava demais não demonstrar reações com seus elogios, mas seu coração acelerava tanto que era quase impossível inibir os sentimentos humanos que queriam aflorar por sua pele ou não escutar seus fortes batimentos cardíacos. A cabeça de Styles estava abaixada e os dois desfrutavam da paz entre eles. - Bom, sei que você não está muito a fim de falar, como sempre.. Mas, podemos tentar preencher um pouco do formulário hoje? Preciso urgentemente entregar essas papeladas para que o meu coordenador não ache que sou um péssimo aluno sem nenhum progresso quando nós claramente avançamos cada vez mais com nossas avaliações todos os dias, o que eu me orgulho muito e- - Louis. - Harry interrompeu o monólogo descompassado de Tomlinson. - Tudo bem, vá em frente. - incentivou-o sorrindo fraco. - Oh. Ok! Prometo que vou fazer poucas perguntas e evitar as desnecessárias. Harry assentiu e virou seu corpo, puxando as pernas para cima da cama e cruzando-as em "penas de índio". - Primeiro a famosa e mais i****a de todas: Como está se sentindo? Eu sei que isso é ridículo ao extremo, porque sinceramente, quem formula essas coisas espera que o entrevistado fale o que? Opa, estou ótimo pulando de alegria morando nesse hospital tão confortável e excelente que p**a que pariu eu acho que me tornei uma fada!! - Louis divagou totalmente sarcástico e sinceramente irritado pelos tipos de questões que os alunos deveriam fazer aos seus pacientes. A resposta foi melhor do que qualquer uma poderia ter sido. Harry riu. Não só riu do tipo rir, ele realmente riu com uma gargalhada divertida e alta. E p***a ele parecia um filhote de gatinho rindo de tão adorável que era! Louis estava maravilhado com as covinhas profundas que fizeram presentes no rosto contente do rapaz. - Acho que me revoltei. Sorry! - Louis disse acompanhando o riso divertido de Harry. Eventualmente Harry cessou suas risadas e permaneceu com um semblante descontraído, digerindo a pergunta. - Eu estou feliz. - por fim falou. Oh, Louis ganhou seu dia. - Oi? É sério???!!- um sorriso imenso apoderou Tomlinson. Harry simplesmente acenou com a cabeça, envergonhado. Você poderia julgar o espanto de Louis extremamente exagerado, mas vejamos... Desde o começo que Louis tem avaliado Harry, todas as respostas do paciente para o "como você está se sentindo?" Eram um dar de ombros com um monótono "normal".  E hoje, de repente, Harry ri e diz estar feliz. Se isso não é motivo suficiente para lançar fogos de artifício na China, então não há nada que possa ser. Entretanto Louis sabia que não deveria ceder tanta ênfase nisso. Ele não queria que Harry ficasse desconfortável e resolvesse nunca mais dar essas respostas inusitadas com receio de que Louis causasse grandes alardes iguais a este. Portanto, ele engoliu um pouco da felicidade e retomou sua caneta para anotar os próximos tópicos do questionário. - Dores? - Não. - Tonturas? - Nah. - Algum aumento no nível de ansiedade? - Negativo.  - Medicamentos em ordem? - Sim. - Harry Edward Styles, você está incrivelmente bem. - Louis proferiu. - Próxima página de perguntas. Preparado? Harry não respondeu. Ele sabia que essa era a página que ele nunca respondia na verdade... Porque essas perguntas já não eram mais a respeito de sua saúde... E sim pessoais. A página direcionada à parte mais psicológica e interna dos pacientes. - Bom. Você sabe.. Eu não te forçarei a nada, se te incomodar eu apenas paro. Certo, Haz? Harry acenou que sim. - Okay. Isso é tão emocionante! Primeira vez que abro esta parte da prancheta. Lá vamos nós.  Louis começou a escolher aquelas que menos incomodariam Styles - ao seu ponto de vista. - Ahm. Então Harry.. Eu faço a pergunta. Se você quiser responder basta responder, caso contrário meneie a cabeça que eu entenderei o recado. Sim? - Sim. - Ok. O que você mais gosta de fazer no hospital? - Nada. Ou ler... É, ultimamente ler.  - Ow! O livro que eu te trouxe?! - Louis não se aguentou para indaga-lo. Seus olhinhos brilhavam de ânimo. - Sim, Louis. - Harry soltou uma risada fraca. - Eu gosto muito dele, na verdade. - E por quê? Por que gosta tanto de ler? - Porque.. Bem, eu acredito que livros são como pessoas. Cada livro é uma personificação de uma pessoa. - Ow... E O Médico e O Monstro seria a sua? - Louis interrogou confuso, ligando os pontos. - Sim. - Mas por quê? - Porque no final você descobre que o vilão e o protagonista eram a mesma pessoa... Que todo mundo tem uma parte boa e uma má em si, que ninguém é completamente bom ou r**m. E... Apesar de muita gente me julgar, quero dizer, julgar as pessoas pelas coisas que elas cometem... Eu gosto de pensar que isso não é sempre culpa delas. Eu gosto do confronto que o enredo trás. Eu acho que eu sou esse tipo de confronto. Louis estava perplexo pela analogia de Harry. Wow. - Harry. Isso é incrível!! Mas eu tenho uma dúvida, que livro você acha que eu seria?? Styles mordeu os lábios com uma expressão pensativa, abordando realmente qual livro Tomlinson seria. - Eu não li muitos livros na minha vida, pra ser honesto. Eu lia antes de vir pra cá, mas acabei esquecendo da maioria. Gostaria de ter uma resposta pra você, mas no momento não consigo pensar em nada. - Tive uma ideia. E se eu lhe trouxesse mais livros? Acha que conseguiria encontrar um que se encaixasse em mim? - Louis sugeriu e instantaneamente os olhos de Harry se arregalaram e um encanto possuiu-os. Styles amava ler. Louis tinha isso perfeitamente em mente e tal foi a razão para sugeri-lo aquilo... Mesmo que significasse ele ter que passar nas bibliotecas e trazer vários livros pro hospital, ou então gastar parte da sua mesada em novos exemplares.. Ele não se importava. - Claro! - Harry disse entusiasmado.  - Ótimo, porque será a próxima coisa que farei. Espero trazer os certos. - Estarei aguardando-os! Talvez eu possa falar com Zayn e, não que eu queira privilégios, mas seria legal se eles colocassem uma prateleira em qualquer parede daqui! Eu ajeitaria meus futuros livros nela e ficaria tão adorável! - Harry começou a divagar, com seus olhos entregando o fascínio pelas imagens que vinham em sua mente. - E ainda mais se eu organizasse esse quarto, digo, arrumar uma caneta preta e escrever as frases que eu mais gostar dos livros nas próprias paredes! Eu sei que talvez seja vandalismo mas ficaria tão legal e tão eu! - Louis notou que Harry estava ficando agitado e m*l respirava ao contar animado de suas ideias. Ele estava se preocupando com a hipótese de, como Zayn disse, Harry se exaltar tanto que desenvolveria um ataque psicótico.  - Har- - E também Louis, seria ótimo se a prateleira fosse pregada aqui na parede da minha cama, né? Ficaria melhor esteticamente! Tipo, eu sei que isso é um quarto de hospital, mas também é meu lar e eu acho que gostaria de adaptar ele pra que parecesse mais confortável po- - Harry? - Porque bem, na minha antiga casa eu tinha vários livros! Um escritório! E agora que você me trouxe o Médico e o Macaco de volta a vontade de ter outros livros pra colecionar retornou. Tipo, é óbvio que eu não quero que você fique gastando comigo, mas se conversar com a coordenação talvez eles cedam alguns pra mim? - Harry! - Louis chamou-o mais alarmado. Styles pareceu sair um pouco do transe para encara-lo confuso. - Que foi? Ta tudo bem? - Não sei... Você me diz. - Oh. - o semblante agitado de Harry se desfez aos poucos. - Respire. - Louis instruiu-o, pegando em suas mãos e apertando-as levemente como em incentivo. Entretanto isso só fez com que o coração de Harry se acelerasse mil vezes mais, porque o toque sutil das palmas de Tomlinson nas suas fez o garoto congelar, suar frio e perder a noção de tudo... Ele não faria nada além de fitar o gesto.  Harry sabia que isso não era um bom sinal. A reação de seu corpo com o simples segurar de mãos de Louis não devia fazê-lo engolir a seco, não devia fazer seu coração disparar e muito menos se sentir com mais vida... Porque o normal era ele não sentir nada. E agora, essa agitação, deixava-o com a sensação de estar... Vivo. - Vamos. Respire, Haz!! - Louis ordenou.  Harry concordou e respirou fundo durante dez segundos até que a ansiedade e empolgação diluíssem aos poucos e ele pudesse retomar sua compostura. Minutos depois de silêncio e foi como se o Harry de momentos atrás houvesse sumido. Toda aquela alegria estava sendo transformada em dor, porque na concepção de Harry era isso que acontecia. A felicidade era uma antecipação da tristeza.  Alegria continuava sendo uma tragédia. Não que ele estivesse totalmente triste agora... Não. Mas ele estava decepcionado consigo mesmo pelo fato de quase ter tido outro de seus episódios. Ele nem podia se animar ou exaltar um pouco sem estar a beira de um colapso. Nem se quisesse ser normal e feliz, conseguiria... Porque eventualmente o excesso de felicidade se tornaria um grau de agitação elevado e ele desenvolveria algum ataque epilético que o faria se debater no chão como um verdadeiro "perdedor". Outro dos motivos para não permitir a aproximação de ninguém. Contudo Louis não via isso desse jeito. Ele gostava de acreditar que Harry ficava na verdade assim porque não estava acostumado a se entreter, a falar, a se abrir e demonstrar empolgação. Todas essas emoções eram uma novidade para ele. Então, obviamente, seriam também uma novidade ao seu corpo, que reagiria com uma empolgação anormal. Mas se Harry estivesse sempre assim, expondo suas virtudes e pensamentos, ele não teria mais ataques, porque até então tudo que é inédito se alternaria para uma realidade comum.  E, na cabeça de Louis, esse era o ponto e possuía um sentido imenso. Enquanto para Harry... Ele era só um i****a com problemas incuráveis destinado a todo jeito não ser feliz. - Ei, você está bem? - Louis perguntou, acariciando a mão de Harry com as pontas de seus dedos, enviando-o choques elétricos pelo corpo inteiro e arrepios gostosos. - Eu quase fiz isso de novo, não é?- Styles comentou com a voz baixa e carregada de desdém. - Sim. Exatamente: quase. Você não fez. Você se controlou. Devia estar orgulhoso de si mesmo. - Eu não me controlei, Louis. Você me controlou. Aliás, eu quase me descontrolei e você me controlou. Isso não teve nexo não é? - Harry questionou rindo fraco da própria confusão. - Não. - Louis confessou rindo com ele. - Mas vamos considerar um progresso, okay?  - Você fez progresso. Não eu. - Como não, Haz? Se você não houvesse se segurado estaria caindo no abismo de sempre.  - Se "você" não houvesse me segurado eu estaria caindo no abismo de sempre. - Harry o corrigiu convicto. Louis não pôde deixar de sorrir de lado enquanto encarava as belas esmeraldas que se recusavam a todo custo corresponder seu olhar, direcionando-se às mãos deles ainda unidas. Tudo que Styles dizia era tão bonito e poético que você poderia passar horas degustando as palavras e ainda saboreia-las no final sem enjoar de nada. Eram poucas palavras. Raras. Preciosas. Harry Styles era todo peculiar.  E isso não podia ser menos do que maravilhoso. - Harry?  - Uhm? Louis queria mudar de assunto. Fim de perguntas pro formulário. Soltou as mãos frias de Harry e levou-as para seus cabelos, dedilhando a bandana verde que segurava parte dos cachos para trás. - Por que está usando ela? Digo.. Eu também te dei a outra. - perguntou genuinamente. - Mas você me deu esta também. E lá estavam os dois num diálogo sobre bandanas.  - Sim, mas... A outra bandana é colorida, tem a bandeira dos Estados Unidos, azul branca e vermelha. - E..?  - E esta bandana é tão morta, sem vida e sem graça. Digo, eu amo verde, é minha cor favorita, mas você não acha que poderia ter algum enfeite, detalhe ou mesmo.. Ser um pouco mais vívido? - Bom, você comprou essa bandana sem graça na loja por algum motivo, não foi? - Ahm, acho que sim? Acho que eu simplesmente vi e num ato sem pensar acabei comprando. Não foi algo que eu precisei ponderar se devia ou não levar, eu simplesmente levei porque na hora pareceu certo. E ainda parece, talvez. Aconteceu. - Então. Eu simplesmente estou usando-a porque parece certo pra mim. - Eu sei, mas.. Você não prefere a que é mais colorida e viva? Harry mordeu o lábio inferior e franziu a sobrancelha num estado súbito de questionamento pessoal.  Então, enfim, ele negou com a cabeça. - Por que você gosta mais desta? - Louis apontou para a bandana monótona de sua cabeça, inocentemente intrigado. - Por que talvez você tenha pena dela ou então se sinta culpado de usar só a outra? É uma bandana tão morta... Harry negou e olhou para baixo. Um sorriso triste se formou em seu rosto. - Porque eu entendo que ela não precisa ser perfeita para ser amada. - Harry sussurrou, e quando olhou pra cima com seus olhinhos brilhantes e marejados, sua expressão estava banhada com uma determinação calma, a qual fez Louis se indagar se Harry já tivera uma justificativa tão forte quanto aquela. Ele quase sentia o significado pessoal por trás das palavras. Ele quase escutava os gritos de desespero ocultos na frase. Ele não quase, mas sim, sim sentia a dor que elas causavam ao serem pronunciadas. - Estamos falando da bandana... Ou de você, Haz? - Louis questionou baixinho, sendo ignorado por Harry, que apenas deu outro de seus sorrisos tristes. E após aquele silêncio, o menor resolveu quebra-lo. - Nada precisa ser perfeito pra ser amado. - Louis proferiu sincero, permitindo-se refletir no assunto por mais que não acreditasse em amor. - Amar é uma imperfeição. - Harry concluiu brincando com os dedos. - Não. - Louis disse direto. - Amar é a maior perfeição que pode existir. E não é porque talvez eu não acredite ou não tenha amado, que você não pode acreditar nisso. - O coração devia bombear sangue e o cérebro coordenar as atividades fisiológicas.. Amar é um defeito que acaba obstruindo a mente e acelerando o coração. Portanto, sim, amar é uma imperfeição. E por isso que eu entendo que não precisa ser perfeito para ser amado. - Harry insistiu. Ele parecia machucado. Provavelmente algo de seu passado ou que perseguia o rapaz. Mas Louis optou por não insistir. Se aquela era a opinião de Harry, então ele não era ninguém para poder altera-la, até porque ele próprio não era fiel a ideia de se apaixonar. Subitamente um baque foi emitido da porta. Zayn entrou de abrupto no quarto. - Louis? - Sim? - Seu horário já acabou. Eu vou me atrasar um pouco porque tenho que preencher a ficha de alguns outros pacientes... Se importa se eu eu for pro seu apartamento um pouco mais tarde? - Oh. Não. Tudo bem. Eu te passo o endereço antes de vazar e quando puder você me encontra lá. - Louis garantiu-o.  Zayn assentiu satisfeito e espalmou seu jaleco. Acenou brevemente para Harry e saiu do quarto. Assim que só restavam novamente Louis e Harry, Louis percebeu que Harry havia se afastado dele e estava com uma feição abatida. Simultaneamente o garoto parecia perturbado com algo, como se estivesse acontecendo uma grande guerra interna em sua mente.  - Tá' tudo bem, Haz? - Sim. Eu só estou.. Cansado. - Bom, já é minha hora de ir mesmo, vou te deixar dormir, sim? E com isso Tomlinson se levantou, posicionou a cadeira no lugar certo e olhou uma última vez para Harry, que estava sentado observando fixo algum lugar da parede.  - Boa noite, Haz. Se cuida! Harry encarou-o de volta e forçou um sorriso mínimo, só para Louis concluir que estava tudo bem. Entretanto, no segundo que Tomlinson saiu dali e Harry está sozinho, seu sorriso forçado se desmanchou, dando lugar para um tremelicar de lábios que logo seguravam com toda sua determinação o choramingo que queria escapar. Fazia muito tempo que isso não acontecia, que Harry não tinha vontade de chorar. Anos, na verdade. Essa era a vantagem de -fingir- não se importar com nada: você também finge não sentir. E em algum momento acaba crendo na própria invenção e tomando ela como um fato. Harry havia conquistado essa proeza. Ele não sentia. Então não se sentia triste também. E não chorava. Mas claramente algo estava muito errado e fora dos padrões porque Harry naquele instante queria tanto chorar.. Ele estava prestes a derramar lágrimas compulsoriamente.. No entanto jurou a si mesmo que não o faria. Ele seria forte. Ele era forte e sabia disso. Ele aguentaria. Ele aguentava. Porque Harry Styles definitivamente não se machucaria de novo. Mas... Sim, aquelas lágrimas que foram barradas em seus olhos eram um claro indicativo que seu coração já não obedeceria mais as ordens de seu cérebro.  
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