Nada que impeça

1222 Words
Jully O nosso momento na cabana não sai da minha cabeça, a força do desejo que senti quando meus lábios se encontraram com os dele chegou a me deixar assustada. Ares é um perigo para minha sanidade mental, e um perigo maior ainda para o meu coração. O dia de trabalho estava avançando, e eu estava imersa na papelada da empresa em que trabalhava, tentando me manter concentrada em minhas tarefas, mantendo o profissionalismo em meio a uma montanha de papéis. – Jully, poderia procurar para mim os arquivos da empresa que fechamos contrato na semana passada e enviar para o meu e-mail? – Nicolas me pediu enquanto estudava outros documentos em sua mesa. – Terei que fazer uma viagem até lá em breve, preciso estudar todo o contrato e pensar em possíveis melhorias. Não sei o que estão querendo me levar até lá, mas quero estar pronto para qualquer adversidade. Nicolas estava mais sério do que o habitual, e eu sabia que ele estava sob pressão. Ele era um chefe exigente, mas eu admirava sua dedicação ao trabalho. Compreendendo a importância da tarefa, assenti. – Claro, Nicolas. Se tiver mais alguma coisa que eu possa fazer, fico feliz em ajudar. Ele levantou os olhos dos documentos e me olhou com gratidão. – Se puder ler junto comigo, gosto da sua visão sobre as coisas. Quem sabe não acaba me lançando uma luz? Nicolas e eu estávamos construindo uma relação de trabalho sólida, e ele valorizava minha opinião. Era uma honra trabalhar ao lado dele, apesar das pressões constantes. Continuamos a revisão dos documentos juntos, discutindo detalhes e possíveis melhorias, ele estava no modo “CHEFE” aquele que não se permite brincadeiras fora de contexto e nem aquele ar brincalhão. No entanto, havia momentos em que nossos olhares se encontravam por um breve instante, e eu não conseguia deixar de notar que havia um brilho em seu olhar bem diferente do que um chefe deveria ter. No final do dia, quando terminamos nossa revisão, Nicolas sorriu para mim, agradecido. – Obrigado, Jully. Sua ajuda foi valiosa. Eu sorri de volta, agradecendo o elogio. Era bom saber que meu trabalho era apreciado. – De nada, Nicolas. Estou sempre à disposição para contribuir com a empresa. Ele se levantou e se aproximou de mim, parando seu corpo a centímetros da cadeira onde eu estava, ficando quase entre as minhas pernas – Você é realmente excepcional, Jully. Seus olhos me fixaram intensamente nos meus e eu sabia que estávamos em território perigoso, mas havia algo na maneira como ele olhava para mim que me impedia de desviar. Era uma situação delicada, e eu precisava tomar uma decisão sobre como lidar com isso antes que as coisas ficassem fora de controle. Limpei a garganta e afastei a cadeira devagar, tentando não parecer muito rude. – Fico feliz que aprecie – sorri amigavelmente – vou... – O que acha de jantar comigo hoje? – Não me deixou continuar a falar. – Quero agradecer elo que fez, estou atribuindo muito mais coisa do que deveria a você, deixe-me fazer algo em troca. – Ah, eu... – como eu posso recusar educadamente? – Não vou aceitar um não como resposta Jully – interrompeu novamente. Limpei a garganta novamente, tentando encontrar as palavras certas para lidar com a situação delicada. Fiquei momentaneamente sem palavras, debatendo internamente sobre como lidar com a situação. Por mais que minha mente me dissesse que era uma má ideia, mas ao mesmo tempo me sentia inclinada a aceitar o convite. Nicolas era atraente, inteligente e encantador, e a ideia de passar mais tempo com ele era tentadora. – Nicolas, eu realmente aprecio o convite, mas acho melhor não misturarmos nossa vida profissional com a pessoal. Você é meu chefe, e é importante mantermos nossa relação estritamente profissional para evitar conflitos no trabalho. Ele pareceu considerar minhas palavras por um momento e, em seguida, sorriu. – Não é como se estivesse te pedindo em casamento Jully, é um jantar, entre colegas de trabalho. Só quero ter a oportunidade de te conhecer melhor, fora daqui... o que me diz? Por um momento, minha mente oscilou entre os argumentos a favor e contra. Eu sabia que aceitar seu convite poderia ser arriscado, misturando nossa vida profissional com a pessoal, mas Nicolas parecia um homem legal e desde que Ares entrou em minha vida, eu não dava mais espaço para ninguém tentar fazer parte dela... Finalmente, tomei a decisão de aceitar, consciente dos riscos, mas também da oportunidade de conhecer melhor meu chefe. ­– Tudo bem, Nicolas. Aceito o convite para jantar. Será um prazer. – Dei um sorriso leve. – Será bom ter um novo amigo. – Tentei deixar claro discretamente que uma amizade era o máximo que ele teria de mim. Um sorriso genuíno iluminou o rosto dele, e pude ver a satisfação em seus olhos. – Ótimo! – Ele voltou a sua mesa para pegar algumas coisas. – Vamos? –Assenti. – De que tipo de comida você gosta? Tem um japonês aqui perto que é uma delícia, já que você gosta, tenho certeza de que irá amar. Ele se lembrou do que eu disse na entrevista. – Então vamos. Conforme a noite avançava, a conversa fluía de forma natural entre nós. Eu me peguei rindo das histórias engraçadas que Nicolas compartilhou sobre sua infância, e ele estava genuinamente interessado em ouvir sobre minha experiência trabalhando como arquiteta. – Sabe, Jully, você é uma das pessoas mais fascinantes que já conheci. Seu trabalho, sua personalidade, sua paixão... É tudo tão incrível. – Obrigada, Nicolas. Você também é uma pessoa fascinante. Sua determinação nos negócios é impressionante. – Não é apenas no trabalho que costumo ser determinado. – Seus olhos me encararam fixamente. – Eu trabalho duro para alcançar meus objetivos, mas acredito que o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é essencial. – Não é sempre fácil, mas tenho a família e um amigo que são maravilhosos e me apoiam muito. Ele inspirou com força, ficando mais sério. – Ares Bacelar... Ele parece ser alguém muito próximo a você e possessivo também. Vocês são amigos a muito tempo? – Sim, somos muito próximos. Ele é a pessoa que melhor me conhece no mundo. – Fala dele com tanto carinho. Ares é um homem de sorte. – Percebo algo diferente em seu tom. – Tudo bem? – Ergui uma sobrancelha. – Na verdade, Jully, há algo que eu gostaria de falar. Algo que tenho sentido desde que nos conhecemos. Mas, por favor, entenda que, acima de tudo, valorizo você como funcionaria e não foi por isso que te contratei, não quero que isso a prejudique de forma alguma. – Inspirou com força. – Eu... estou atraído por você, de uma maneira que não posso simplesmente ignorar. – Nicolas, eu... – Por favor, Jully, não sinta que precisa responder imediatamente. Eu só queria ser honesto com você sobre o que venho sentindo, porque estou mais do que disposto a te conquistar, e como eu disse, sou muito determinado a alcançar meus objetivos. – Eu realmente aprecio sua honestidade, mas eu... – Tem alguém? – Não... – Então não há nada que me impeça de tentar. – Ele abriu um sorriso largo. – Além de você mesma, é claro. Ah céus... onde é que estou me metendo...
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