Akuma

2519 Words
Aquela situação em que Maruyles e Hikari se encontraram foi complicada. Não imaginavam que chegariam ao ponto de enfrentar uma mulher desconhecida que tinha a capacidade de transformar metade de seu corpo em cobra e ainda poderia manipular perfeitamente estas sem nenhum problema. O que estava em dúvida para ambos era sua espécie. Hikari já lidou com alguns adversários, mas pela primeira vez, topou com alguém como Kiyohime. O que ela era? Seria uma espécie de monstro? Um demônio? Um ser de outro mundo, ou melhor dizendo, de outra dimensão?  Maruyles e Hikari estavam preocupados com Anchin. Não sabiam o que ela poderia fazer com ele. Pode ser que não fizesse nada para prejudicá-lo da mesma forma que poderia fazer. Poderia acontecer o contrário do que imaginavam.  Mas a dúvida pairava em suas mentes sobre o que seria Kiyohime. Poderia um dos dois ficar e tentar verificar onde estava Anchin, mas seria melhor que os dois fossem falar com o Mestre Kenji, até porque ambos tinham saudade do ancião. Um pouco egoísta da parte deles, mas a princípio, não pensaram na ideia que o autor citou há pouco, o que aumentaria ainda mais a chance de estarem preocupados com Anchin.  Depois de muito voar nos céus que estavam com nuvens cor de fogo por conta do amanhecer, Maruyles avistava um pedaço de terra que estava flutuando no ar. Parecia uma ilha, onde na mente do leitor, poderia se dizer uma ilha espacial. Uma ilha que estaria coberta por nuvens no lugar de água. Ora, as nuvens são feitas de água, por que não pensar dessa forma?  — O Templo dos Hirous… Estamos chegando. — Disse Hikari, que estava sorrindo. A ruiva estava agarrada em sua fênix de cinco metros de comprimento. Fazia tempo que não voava nos céus. Costumava pular nos prédios para manter a ordem das coisas.  Maruyles também sentia saudade, mas ele já podia aguentar mais esse sentimento. Não fazia muito tempo que saiu do Templo dos Hirous, mas era admissível que ele estivesse estranhando a vida na cidade grande. Não estava acostumado com a sociedade moderna e a saudade invadia o seu peito, mas não na mesma intensidade que era em Hikari.  Pousaram na entrada do Templo que tinha um portão gigante, típico do tempo do Japão Feudal. O portão era vermelho e tinha as pontas retorcidas.  — E agora? — Indaga Hikari.  Maruyles não pensou duas vezes. Ele bateu na porta, mas depois de alguns segundos, ninguém atendeu. — Droga. — Hikari estava preocupada. — Parece que viemos aqui à toa.  — Espere. Quem sabe eu não bata de novo. Pode ser que alguém escute agora. — Responde Maruyles.  — Você acha que vai dar certo?  — Não acho. Eu tenho certeza. — O brasileiro bate na porta novamente e não demorou muito.  Depois de alguns segundos, era ele mesmo, o Mestre Kenji quem aparecia para atender quem estava do lado de fora do portão.  — Oh! Maruyles! — Disse o ancião, fascinado em ver seu discípulo.  Ele olha para a ruiva e também fica encantado.  — Hikari! Que surpresa ver vocês dois! E parece que estão juntos também! — Disse o Mestre Kenji.  Ambos fazem uma reverência a ele. Tinham grande respeito por aquele que os ensinou e os treinou de forma rígida.  — Mestre. Estamos felizes em voltar para o Templo dos Hirous e contemplar novamente sua presença. — Disse Maruyles.  Hikari não disse nada, mas em sua mente, ela fazia das palavras de Maruyles às suas. Apenas concordou com a cabeça, enquanto mirava o seu mestre.  O ancião estava contente com as palavras que saíram de Maruyles. Era muito grato em ter tanto ele quanto Hikari como alguém na qual passou seus conhecimentos.  — Muito bem. Sou eu quem é grato em ter passado meu conhecimento para vocês. Tenho muito orgulho de ter sido mestre de vocês. — Disse o ancião. — Bem, vamos entrar. Se vieram deve ser por precisarem de alguma coisa. Vamos! Entrem e me digam depois o que precisam.  Logo, os dois entraram no Templo e o ancião fechou o grande portão. Era incrível que um portão que tinha mais ou menos cinco metros de altura não era grande coisa para o Mestre Kenji. Maruyles já teve dificuldades em empurrar o portão para fechar diversas vezes, mas quando o ancião fazia isso, não tinha muitos problemas. Não entendia isso, mas não ficava pensando muito nesse assunto. Tinha que resolver um problema, assim como Hikari pensava da mesma forma.  O Templo estava agitado. Vários mestres treinando os hirous. Alguns olhavam para Maruyles e Hikari e acenavam para eles. Se pudessem, iriam falar com eles, trocar uma palavra, mas estavam ocupados treinando. Tinham que fazer isso para poder um dia chegar no Templo e visitá-lo apenas.  — Parece que a demanda de hirous aumentou. — Disse Hikari.  — Sim, de uns tempos para cá, só veio a aumentar a demanda de hirous. É uma coisa muito maluca. — Responde o Mestre Kenji. — Bem, eu acredito que seja por conta da população que está aumentando no mundo, vocês não acham?  — Sim, é verdade. — Responde Hikari. — Só tende a aumentar o número da população mundial.  — Exato, mas são apenas especulações do que eu acho sobre o aumento da demanda de alunos que estão destinados a hirous como vocês. Agora, venham. Quero que me acompanhem e digam o que precisam.  — Sim, mestre. — Responde Maruyles, de forma respeitosa.  Nossos heróis chegaram na parte que estava reservada para os mestres. Eles iam até o quarto do Mestre Kenji, que era bem espaçoso.  Ao chegar no local, o quarto era de madeira, assim como todos os prédios que lembram o Japão Feudal. No entanto, a madeira era pintada de vermelho. Havia uma cama no chão, onde constava em um travesseiro com fronha azul-marinho, uma coberta que estava bem arrumada da mesma cor. Nas paredes, havia alguns quadros, onde constavam pinturas de paisagens do estilo Japão Feudal. Atrás da cama do Mestre Kenji, havia um cartaz que tinha o kanji de "luz", o mesmo kanji que se encontrava no bastão do Mestre Kenji.  Para terminar a descrição, havia no canto uma mesinha sem pernas. Havia também uma estante com algumas roupas e mais um armário colado na parede com algumas coisas de comer, dentre elas biscoitos, doces e também bebidas como chá, água e café. Praticamente, o Mestre Kenji gostava de fazer suas refeições em seu quarto, o que não era problema no Templo dos Hirous.  — Vamos, sentem-se. — Responde o ancião.  Havia almofadas na mesinha sem pernas e eram quatro no máximo. Maruyles escolheu uma para se sentar e Hikari fez o mesmo. O Mestre Kenji também se senta e olhava nos olhos de ambos, curioso para saber o que eles queriam.  — Bem, Mestre, vamos desembuchar logo. — Disse Maruyles. — Estamos tentando salvar uma pessoa que está sofrendo com aquela que diz ser sua namorada.  — Mas o que aconteceu? — O ancião achou estranha essa conversa.  — Bem, estávamos patrulhando a cidade, quando escutamos gritos de desespero. Fomos checar o que estava acontecendo e encontramos uma mulher que estava com metade do corpo feito de cobra, mas essa metade era muito grande, acho que tinha três ou quatro metros de altura. — Responde Hikari.  O Mestre Kenji prestava atenção ainda nos dois. Queria saber os detalhes para poder ajudá-los.  — Ele falou que não a amava porque a viu como um monstro. Isso meio que deu um medo nele, eu acho. Não devia estar acostumado.  — E onde estão os dois? — Indaga o ancião, mostrando uma expressão séria e atenta para ouvir sobre o caso.  — Estão fora de nosso alcance. A mulher conseguiu pegar o rapaz e não sabemos agora onde estão. — Responde Hikari.  O Mestre Kenji fica por alguns segundos pensando sobre a situação. Estava analisando bem o que aconteceu e como poderia proceder para que pudesse ajudar Maruyles e Hikari.  — Bem, vocês querem ajuda para encontrá-los? — Indaga o Mestre Kenji.  — Sim, mas nós também queremos saber o que essa mulher é. — Responde Maruyles.  — Entendo… — O ancião volta a ficar pensativo. — Bem, ela tem essa forma, mas pode se transformar também?  — Parece que sim. — Responde Hikari.  O ancião fica mais um pouco pensativo.  — Bem, então parece que essa mulher é uma akuma.  — Akuma? — Maruyles fica curioso sobre essa espécie. — O que é um akuma?  — Bem, um akuma seria um demônio com poderes especiais. Eles são um dos rivais que mais odeiam os hirous. Normalmente, há vários tipos de akumas em seus caracteres, entre eles, existem aqueles que querem ser bons e tentam ter uma boa relação com os humanos, enquanto há outros que se infiltram no mundo dos humanos para causar o caos. Mas normalmente, os akumas e os hirous se odeiam.  Hikari fica pensativa sobre isso. Lembrou de Kiyohime que queria matá-los a todo custo.  — Por isso que ela queria nos matar de uma forma tão brusca. Porque os akumas odeiam os hirous. — Afirma a ruiva.  — Exatamente. — Afirma o Mestre Kenji. — Agora que vocês sabem o que é um akuma, precisam encontrar de alguma maneira essa tal de Kiyohime. Não têm ideia de onde ela pode estar?  Ambos ficaram pensativos por um tempo. O Mestre Kenji respeitou esse lado deles. Queria saber se iriam ter uma noção em saber onde poderia estar Kiyohime e Anchin. No entanto, eles apenas negaram com a cabeça. Isso não preocupou o ancião, bem pelo contrário. Deixou-os à vontade. Parecia saber como proceder com essa situação.  — Antes que eu possa encontrar uma maneira de localizá-los, bebam um pouco de chá e reflitam sobre a jornada de vocês. Maruyles começou, mas Hikari pode tirar dessa experiência recente como uma função. — O ancião se levanta. — Quando terminarem, quero que me encontrem no meio do yin e yang. Estarei esperando por vocês, mas não tenham pressa. Eu mesmo não tenho. — O ancião dá uma leve risada.  Ambos, Maruyles e Hikari estavam pensando um pouco no que disse o Mestre Kenji. O que poderiam tirar como lição sobre esse caso e como proceder para resolvê-lo? Ficaram pensando um pouco e chegaram a debater, inclusive, mas não vamos detalhar o debate dos dois para não cansar a leitura do leitor e o capítulo fica longo e desgastante.  Após a reflexão, Maruyles e Hikari vão até onde estava o Mestre Kenji. O ancião estava parado no meio do yin e yang e parecia pronto para invocar algo. Seria o seu bastão. O Bastão da Luz. Mas por que ele faria isso? Por acaso iria realizar uma espécie de treinamento com eles? De fato, ambos não tinham tempo para treinar. Tinham que resgatar Anchin.  Hikari ia anunciar isso, quando escuta o ancião falar primeiro: — Irei invocar as Oito Entidades para nos ajudar a localizar a mulher cobra e o seu namorado.  Maruyles e Hikari ficam impressionados com a iniciativa do mestre deles. Eles vêem que o ancião os chamava para mais perto. Alguns hirous e mestres pararam de treinar e todos tinham suas atenções voltadas para aquele que era respeitado e temido por todos. Iria realizar uma invocação para que pudesse ajudar seus antigos discípulos. Claro que mesmo que a relação de mestre e discípulo não seja mais aquela, ainda assim, tratavam-se como tais.  O Mestre Kenji ergue o bastão e fala: — Eu invoco o poder das Oito Entidades para atender à minha necessidade! Por favor, apareçam aqueles que estão acima de tudo e de todos e que deram origem aos hirous!  O bastão do ancião começa a brilhar na parte dos kanjis. Logo, um brilho azul pairava ao redor do mestre e apareciam as Oito Entidades, com as mesmas formas humanoides. Estavam esperando nesse momento pela solicitação do que o Mestre Kenji queria. Maruyles e Hikari estavam por perto.  — Por favor, as Oito Entidades, respondam a minha pergunta. — Disse o Mestre Kenji, que abaixa o bastão, fazendo ele encontrar a ponta do cabo ao chão. — Quero saber onde estão Anchin e Kiyohime, aquela que representa os akumas, inimigos e rivais dos hirous.  As Oito Entidades ficam por alguns segundos olhando para o ancião e em seguida, ele somem fazendo com que o brilho azul que estava ao redor dos três fosse mais extenso e assim, é revelado uma imagem de um supermercado.  — Eles estão em um supermercado, mas por que em um lugar com tanto movimento? — Indaga Maruyles.  — Engana-se, meu jovem. Agora são seis e meia da manhã. Os supermercados não abrem tão cedo. — Responde o Mestre Kenji. — Sabem onde fica esse local?  — Eu sei. Já fui algumas vezes nesse supermercado. — Responde Hikari.  Maruyles estava encantado com a sua parceira. Com ela ao seu lado, as chances de se dar m*l em sua jornada seriam pequenas.  — Muito bem. Vão para esse supermercado e salvem quem vocês têm que salvar. — Disse o Mestre Kenji.  O brilho some e o bastão do ancião para de brilhar. Ambos estavam agradecidos pelo mestre deles ter os ajudado. Não podiam agora perder essa oportunidade. Tinham que salvar Anchin de uma maneira ou outra e seria agora.  — Obrigado, mestre. — Responde Maruyles, prestando respeito ao seu mentor.  — Obrigada, mestre. — Hikari faz o mesmo.  O ancião sorri e diz: — Apressem-se. Eu os levarei até a saída e vocês podem sair e cumprir com a missão de vocês.  Logo, estavam os três agora no portão. Maruyles e Hikari estavam determinados naquele momento. Tinham que salvar Anchin a todo custo, nem que fosse para invadir o supermercado mesmo que estivesse aberto. Não era o certo a se fazer, mas se fosse para proteger um fraco e oprimido, fariam qualquer coisa. Tinham a mesma determinação, essa mesma determinação que corre nas veias dos hirous.  — Obrigado mais uma vez, mestre. — Disse Maruyles, que faz sua reverência e sua espada brilha, tendo se transformado em um grifo de gelo.  — Não agradeçam, Maruyles e Hikari. O que eu puder fazer para ajudá-los, farei. Venham aqui quantas vezes quiserem. Estão em um passe livre a partir de hoje. Sei que vão precisar da minha ajuda, mas mesmo que não precisem, podem vir para cá, mas desde que mantenham a palavra de proteger os humanos.  — Sim, mestre. Tem a nossa palavra. — Responde Hikari, que faz uma reverência e atira uma flecha no chão, onde a mesma se transforma em uma fênix.  — Cuidem-se e boa sorte. Adeus! — Disse o ancião, logo depois que Maruyles e Hikari acenaram para o mestre deles e saiu voando.  Ficaram contentes em ter encontrado o mestre deles, mais contentes ainda porque ele encontrou uma maneira de ajudá-los. Não imaginavam que o Mestre Kenji conseguiria até mesmo encontrar a localização de ambos, mas também tinham que agradecer às Oito Entidades. Se antes estavam preocupados, agora estavam mais aliviados e confiantes, pois tinham uma missão a realizar e iriam fazer o possível para cumpri-la com êxito. 
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