JAMILE (apartamento fechado, pele em brasas, cabeça em negação) A porta ainda ecoava quando ele saiu, mas o corpo dele não saiu comigo. Ficou aqui dentro. No ar. Na pele. No espaço que agora parecia pequeno demais. Encostei na mesa, braços cruzados, e por mais que eu repetisse pra mim mesma que aquilo tinha sido só provocação, a verdade bateu como soco: não posso negar, Maximiliano é uma tentação. Não foi beijo. Não foi toque. Foi pior. Foi quase. E o quase me desmontou mais do que qualquer contato. O quase deixou o corpo aceso, o sangue correndo rápido, a respiração curta. Fechei os olhos e ainda senti a pele dele perto, quente, quase roçando na minha. Quase. Abri os olhos, fui até a janela. O vento entrou, bagunçou o cabelo que escapava do coque, refrescou a pele que queimava. Mas nã

