JAMILE (apê pequeno, corpo alerta, o nome dele rondando) 14h cravadas. Fechei o notebook, salvei o e-mail e desliguei como quem corta um fio de alta tensão. Eu estava firme, mas por dentro era corda esticada demais: vibrava a cada respiração, mas não se partia. O ônibus da volta tinha banco duro, janela riscada, cheiro de poeira misturado com perfume barato. Foi meu quadro branco. Fiquei encarando o reflexo borrado no vidro e organizando pensamento: uma lista atrás da outra, como sempre. Meu apartamento me recebeu como sempre: pequeno, limpo, cheiro de sabão com café requentado. Joguei a bolsa na cadeira, chutei o scarpin pro canto, prendi o cabelo no elástico do pulso. Liguei a chaleira, peguei o bloco de anotações e escrevi em letra firme, sem floreio: 6h30 — sala dele. Comparativo

