JAMILE O vapor começou a subir assim que a água bateu no box. Deixei o blazer jogado na cadeira, larguei a nécessaire no balcão de mármore e fiquei ali, encarando o próprio reflexo no espelho. O rosto queimava não do calor do chuveiro, mas da raiva. As palavras ainda martelavam na minha cabeça: “Uma noite comigo não mata ninguém.” Abri a torneira com força demais, o jato bateu no vidro e respingou no chão. Entrei debaixo d’água sem esperar, deixando a água quente cair sobre o corpo como se pudesse lavar a indignação junto. — Não estava no combinado. falei sozinha, entre os dentes, enquanto ensaboava os braços com movimentos duros. Eu aceitei a viagem porque ele disse que teria limite, que seria profissional. Profissional, Jamile! E agora isso? Um quarto? Passei as mãos pelo rosto, a e

