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A névoa estava tão densa que parecia ter peso. A cada passo, Ava sentia o ar se tornar mais espesso, como se o mundo estivesse tentando impedi-la de seguir adiante. A floresta sumira. Restava apenas o chão úmido sob suas patas e a bruma girando ao seu redor como uma serpente silenciosa. Fúria estava em alerta, os sentidos aguçados, as garras estendidas, o faro buscando algo que não conseguia identificar. E então... ele surgiu. Primeiro foi uma sombra que se destacou na névoa. Alta. Imóvel. Depois, o contorno de um homem foi se formando, como se a névoa estivesse se dobrando para moldá-lo, como se ele tivesse sido gerado diretamente dali — das trevas, da umidade, do esquecimento. Quando Ava o viu por completo, a lembrança veio como um trovão. “Não…” gritou dentro de si, mas era tarde.

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