O salão ainda guardava ecos do silêncio que precedeu o discurso de Ava, mas agora o clima havia mudado. Uma sensação nova, quase estranha, começou a se espalhar pelos membros do bando como o calor que antecede o nascer do sol. Era como se, pela primeira vez em muitos anos, todos estivessem respirando o mesmo ar — e entendendo, finalmente, o mesmo sentimento. Um a um, os olhares que antes carregavam desconfiança e julgamento se suavizaram, trocando a rigidez por vergonha. Porque, no fundo, sabiam que Ava tinha razão. Ela era apenas uma criança quando tudo aconteceu. Não segurava o punhal que ceifou Clara, nem conjurava feitiços contra João. E mesmo assim, por anos, foi tratada como herdeira de crimes que nunca cometeu. Culpada por associação. Culpada por sangue. Culpada por existir. E ali

