A noite ainda pairava densa sobre a floresta quando Gael, dentro de Vulcano, sentiu o peso de sua incerteza crescer. A loba continuava deitada, relaxada apenas na aparência. Os pelos avermelhados brilhosos, iluminados pela luz da lua, ondulavam com o vento no topo do rochedo. A brisa noturna carregava o cheiro dela — selvagem, levemente metálico pelo sangue do cervo que havia caçado, e ainda assim estranhamente adocicado. Irresistível. Os olhos de Vulcano, azuis como o gelo das montanhas, continuavam fixos nela. Havia uma intensidade naquela observação que beirava a reverência. Mas por trás daquela aparência inabalável, Gael fervia. "Como me aproximo dela? Como a convenço a voltar à forma humana? Só assim vamos poder nos entender… nos conhecer. Ver quem ela é por trás dessa loba feroz."

