A chuva tamborilava contra o vidro como dedos impacientes batendo à porta de um destino já traçado. A manhã ainda não nascera por completo, mas a escuridão era mais densa do que deveria. O céu estava coberto por nuvens carregadas, o ar saturado de um presságio antigo, quase sagrado. E foi nesse silêncio pesado, cortado apenas pelo som da água, que Gael abriu os olhos. Não foi um despertar lento. Foi como se uma força invisível tivesse empurrado sua consciência para fora do sono. Um chamado. Um alerta. Seus olhos dourados se abriram de súbito, atentos. Algo havia mudado. Sentia em cada célula do corpo, nos pelos invisíveis da nuca eriçados. Ainda deitado, permaneceu imóvel por um momento, escutando o mundo. Sentia a floresta viva, pulsando, vibrando de forma diferente. Como se um novo cor

